Laranja

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Os raios de sol da manhã entraram pelo quarto de Kara e o corpo da loira se remexeu em protesto. Nesses momentos ela se arrependia de não ter comprado uma cortina que impedisse a entrada da claridade. Afinal qual era a vantagem em não precisar levantar cedo para trabalhar e mesmo assim ter a luz como despertador?

Naquele dia, no entanto, ser acordada sem querer não gerou nenhuma irritação em Kara. O que a cantora sentiu assim que despertou foi uma espécie de tranquilidade, no início a loira não entendeu o porquê do sentimento reconfortante. Não até lembrar-se dos sonhos da noite anterior, mais precisamente partes deles. Esses pedaços de fantasia eram flashes de orbes verdes e sorrisos vermelhos encantadores.

A jovem afundou a cabeça no travesseiro. O quão esquisito era ter sonhos felizes com alguém que tinha acabado de conhecer? Mas, bem, não havia nada de errado nisso, certo? Sonhos são coisas que não conseguimos controlar e na maioria das vezes não significam nada, além disso, é perfeitamente normal sonhar com amigos. Kara repetiu a última frase para si mesma várias vezes, quase como um mantra, até que se livrasse da estranheza que sentia, não por completo, é claro.

O bom humor não deixou o corpo da moça pelo resto do dia. Kara fez todas as tarefas que tinha para fazer e resolveu todos os inconvenientes contando as horas para voltar ao trabalho. Mesmo que Lena não tivesse dito em qual dia voltaria para ver sua apresentação novamente ou que talvez a mulher tenha falado que retornaria apenas por educação, a simples possibilidade dela aparecer mantinha a animação da loira.

Por isso, quando Barry bateu na porta de Kara às seis e oito da noite, apenas um pouco mais tarde que o marcado, ela quase gritou com ele.

– Barry, você está bem atrasado!

O rapaz olhou com uma expressão confusa para cantora. Ele sempre passava pelo apartamento da jovem para que fossem caminhando juntos para o Refúgio praticamente naquela mesma hora, às vezes mais tarde, e Kara nunca reclamou.

– Como assim? Eu estou no horário e o show só é daqui a algumas horas.

– Não, nós combinamos que você chegaria seis horas – a loira disse fechando a porta e começando a caminhar.

– Ah, desculpe, esqueci que Kara Danvers é extremante pontual – Barry ironizou.

– Eu só quero chegar logo para fazer um bom show e... – a loira parou a frase no meio.

– E? – o rapaz repetiu – Kara, por que você está sorrindo assim?

– Ahn? – ela nem tinha percebido que sorria – Sorrindo?

– Não adianta disfarçar – Barry respondeu – Eu reconheço essa expressão, eu também a uso, a minha apenas tem um nome diferente, Iris West. Quem é o rapaz sortudo?

Kara quase soltou uma risada, era óbvio que ela não estava sorrindo como ele. Barry parecia um tolo apaixonado quando se tratava de Iris, a loira não podia ter essa expressão no rosto, definitivamente não poderia.

– Acho que você andou bebendo antes do trabalho. Que feio, Allen – Kara disse ignorando a pergunta do amigo e apertando o passo.

– Não precisa correr, eu não vou perguntar de novo – ele respondeu acelerando também – Você vai acabar me contando de qualquer maneira.

– Não vou não! E não há nada para contar.

Cerca de quinze minutos depois, os dois chegaram à casa de shows e tiveram uma pequena e breve discussão, que terminou com a vitória da loira, sobre quais músicas cantariam naquela noite. E logo após Barry seguir para seu camarim, Kara tratou de pegar uma revista qualquer para afastar da mente as palavras anteriores do amigo.

When Their Eyes Met - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora