When Their Eyes Met - Supercorp

Creme

Kara parecia extremamente ansiosa no banco de trás do carro alugado, a jovem revezava entre batucar impacientemente as janelas de vidro ou estalar os dedos de forma alternada. Samantha tirou os olhos da estrada e voltou sua atenção para a repórter, ela estava sentada no banco do carona enquanto uma Alex concentrada dirigia velozmente pelas ruas como se conhecesse Nova Jérsei como a palma de sua mão. A mulher de olhos castanhos se limitou a observar a outra por alguns segundos, se dando conta que, nas últimas semanas, ela tinha passado bastante tempo com as irmãs Danvers e esse foi o primeiro dia que Sam não a tinha visto se debulhar em lágrimas, talvez ela estivesse tentando ser mais forte.

Samantha queria perguntar como a repórter estava, mas ela sabia que a pergunta soaria um pouco tola, a resposta era óbvia. A verdade é que a morena apenas queria conversar um pouco para afastar os pensamentos indesejados, o silêncio no carro, exceto pelos sons dos dedos de Kara, contribuía para que eles se amplificassem. A jovem Arias não gostava de pensar no quanto sua melhor amiga devia estar sofrendo, ela não merecia isso e, é certo que nenhuma pessoa merece, mas Lena nunca havia feito mal ninguém e sempre fora tão gentil. Não era justo, acima de tudo, que alguém que a bilionária devia poder confiar a vida era responsável por pô-la no sanatório.

A morena teve que reprimir, por diversas vezes, a vontade que teve, depois de descobrir o ocorrido, de entrar na mansão Luthor e dar um soco em Lex e contar para Lillian que o filho perfeito dela era um ganancioso egocêntrico sem coração. Bem, talvez ela nem precisasse fazer isso, talvez a mais velha estivesse ciente das ações do filho, afinal, Sam já tinha ouvido Lillian ameaçar mandar Lena para conversão uma vez há alguns anos atrás. Ela não gostava de pensar que Lilian realmente seria capaz de levar sua ameaça a diante, mas a mulher não era exatamente uma mãe amorosa, pelo menos não para a caçula e, portanto, não era um absurdo cogitar que ela estivesse de acordo com Lex.

Samantha não descartaria essa possibilidade sob nenhuma hipótese. Ela lembrava muito bem do dia em que Lilian adentrou a sala de música aos berros e puxou Lena pelos cabelos. A mulher de olhos castanhos odiava essa recordação, mas a memória continuava bastante vívida, como se tivesse sido marcada a ferro na sua mente e não pudesse ser apagadas.

A voz de Kara, felizmente, interrompeu seus pensamentos.

– Nós já estamos chegando, Alex? – ela estava ansiosa, não era a primeira vez que perguntava isso.

– Sim – a outra respondeu, fazendo um gesto para frente com a cabeça.

Samantha enxergou de longe, apesar da escuridão da noite, o edifício que ficava cada vez mais visível no horizonte. Ele se destacava por estar situado no topo de rua de ladeira que não tinha saída para o outro lado. Sam o achou bastante amedrontador no exterior, mesmo tendo sido pintado em um tom delicado da cor creme que combinava perfeitamente com a bela arquitetura da construção. Era provável que ela achasse isso por conta brilho espectral da lua cheia, responsável por dar ao lugar uma aura sinistra ou do fato de saber que todos os outros terrenos perto da propriedade eram vazios, como se o solo em volta dali fosse maldito. A verdade, entretanto, era que o hospício parecia macabro para a jovem Arias não apenas porque a amiga estava presa lá, mas também porque Samantha sabia que, talvez, se tivesse tido um pouco menos de sorte, ela podia estar confinada ali assim como Lena.

– Bom – Alex disse novamente após para em uma rua lateral, ela soltou o volante, direcionou o olhar determinado primeiro para a irmã e depois para Sam – Agora é hora de agir.

*****

Lena estava deitada na cama do pequeno quarto, um dos enfermeiros tinha acabado de deixar o aposento após constatar que ela estava "dormindo" tranquilamente. A jovem tinha passado a semana toda se comportando da melhor forma possível para garantir que os funcionários não a pusessem para dormir com alguma droga pesada e, nesse momento, ela estava esperando pelo sinal, pelo barulho estridente que significava que ela estava mais perto da liberdade.