Seria possível os músculos da face de uma pessoa petrificarem após permanecerem muito tempo na mesma posição?
Depois de cumprimentar 27 indivíduos diferentes com um sorriso forçado, Lena achava cada vez mais possível que isso pudesse acontecer. A jovem deveria estar acostumada com essa situação, já que em todos os eventos da Luthor-Corp ela tinha que ser um exemplo de cordialidade. Era sempre uma tortura ter que participar de conversas superficiais com pessoas mais superficiais ainda, ela preferia passar cinco horas encarando uma parede a passar cinco minutos escutando sobre qual era a melhor forma de enrolar um charuto ou de cozinhar um pernil.
Até o momento atual, nenhuma confraternização de que participou havia deixado Lena tão desconte como essa. O motivo para isso era o fato de ser um evento para angariar dinheiro para caridade, o que por si só era maravilhoso, mas após descobrir que o irmão estava furtando desses fundos, participar do evento era simplesmente nauseante.
Inicialmente, a CFO não queria participar da cerimônia. Em primeiro lugar, por saber dos furtos. O segundo motivo estava relacionado ao que ocorreu na última vez em que esteve em uma festa da empresa. Ainda que houvessem passado meses, Lena ainda tinha pesadelos com Mike e acordava sobressaltada. Tudo o que a morena desejava era que ele não se atrevesse a aparecer, mas duvidava que o homem tivesse um pingo de arrependimento ou vergonha do que fez.
Talvez fosse bom se Lena encontrasse um canto para que pudesse ficar sozinha, ela já tinha socializado o suficiente pela última hora. A morena sabia que se algum dia fosse CEO talvez não pudesse mais escapar das festas, mas enquanto ela não era, foi exatamente o que fez e, ao encontrar uma sacada vazia, teve como companhia os sons e as luzes da cidade que se estendia abaixo. A jovem se pegou pensando em Kara, ela provavelmente devia estar se arrumando para cantar no Refúgio como fazia todos os sábados. Lena gostaria que a repórter estivesse ali, a festa sem dúvidas seria mais suportável dessa maneira. A presença da outra mulher era um bálsamo desde o primeiro momento em que a conheceu.
Lena quase conseguia se sentir em paz ao ocupar seus pensamentos com Kara, pelo menos até ouvir uma voz conhecida atrás dela.
Lilian era a personificação da impaciência, com a expressão irritada no rosto e os braços cruzados.
– Lena, você poderia lembrar da educação que recebeu e voltar para o salão?
– Certamente eu já cumprimentei todas as pessoas relevantes dessa reunião, não acha?
– Seu pai discorda de você, ele está te esperando – dito isso a mais velha deu as costas e saiu, de certo esperando que a filha a seguisse.
A CFO soltou um suspiro, era o fim da sua paz.
Lionel foi o primeiro que Lena viu, ele estava exibindo seu sorriso "comercial", provavelmente dizendo algo carismático enquanto conversava com as outras pessoas na roda. A morena, entretanto, não teve tempo para pensar em algo igualmente carismático para entrar de forma graciosa na conversa porque um dos rostos da roda a deixou muito surpresa.
Jack Spheer estava do mesmo jeito que Lena lembrava e ao mesmo tempo estava completamente diferente. Ele tinha os mesmos olhos castanhos gentis, a mesma risada e mesmo charme de sempre, mas agora estava mais velho, tinha uma barba, usava ternos e toda sua aura parecia mais parecia mais sofisticada.
O homem sorriu quando a viu e Lena sorriu de volta, o primeiro sorriso genuíno da noite.
– Lena! – os outros olhos além dele também se voltaram para ela – Eu achei que não conseguiria te encontrar essa noite.
A morena queria abraçá-lo, mas se conteve por conta das outras pessoas.
– Boa noite, senhores – ela disse acenando a cabeça, antes de voltar sua atenção para o velho conhecido – Se eu soubesse que você estava aqui eu teria te cumprimentado antes, Jack.
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When Their Eyes Met - Supercorp
FanfictionDurante a década de 60, a cantora e aspirante a jornalista, Kara Danvers, vê sua vida mudar completamente depois do encontro com a misteriosa e solitária herdeira do império Luthor.