Rosa

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Kara estava irritada. As mínimas coisas pareciam ser capazes de tirá-la do sério, naquela manhã ela tinha se incomodado com a fresta de luz que conseguiu atravessar a cortina da janela de seu quarto. Logo depois, a jovem ficou extremamente zangada porque descobriu que Alex tinha comido seus biscoitos de canela. Por último, ela quase brigou com a pobre atendente da cafeteria do bairro porque uma remessa inteira de donuts assados no início do dia tinham sido reservados para uma festa de uma firma qualquer.

Esse tipo de comportamento era muito incomum para a loira, praticamente inédito, e Kara tinha certeza que não devia estar se sentindo assim, já que hoje era o primeiro dia de trabalho na Cat-Co. Isso deveria ser o suficiente para elevar sua carga de animação ao máximo, no entanto, lá estava ela, caminhando de cara emburrada no meio da rua.

A cantora sabia muito bem porque estava agindo daquela forma e por lógica, entender a causa de um problema o torna mais fácil de ser solucionado. No caso de Kara, porém, a constatação da origem do seu estresse apenas aumentou a sua irritação. Ela não gostava de saber que suas atitudes eram um efeito colateral do ciúme que sentiu de Lena na noite passada.

Ciúme. A loira sempre achou que esse era um sentimento muito estúpido, era irônico que ele a estivesse afetando bastante nesse momento. Não que a emoção fosse forte demais, do tipo que faria com que ela desejasse algo de ruim para Samantha ou com que Kara concentrasse sua raiva nela, mas incomodava mesmo assim.

No fundo da mente da mulher, uma voz dizia que a loira não tinha direito de se sentir desse jeito, ela não tinha nada com Lena e nem deveria ter, para ser franca. Um relacionamento entre duas mulheres? A sociedade diria que não é correto, que é anormal e Kara, bem, ela se sentiu levemente inclinada a concordar, era difícil não o fazer quando a grande maioria das pessoas concordava.

Entretanto, outra voz na consciência da cantora dizia que não havia nada de errado com o que Lena a fazia sentir, pelo contrário, ela afirmava que o sentimento era algo bonito. A jovem gostava muito mais desse pensamento porque ele parecia demasiadamente certo toda vez que a Luthor sorria para ela.

Kara se sentiu aliviada quando chegou até a revista, pensando que finalmente teria um pouco de paz ao deixar de lado seu conflito interno e focar no trabalho. Ela estava enganada, é claro.

O andar dos jornalistas estava fervilhando, a jovem conseguia sentir a tensão no ar do ambiente. Ela parou por alguns segundos, observando as pessoas andando de um lado para o outro com as mãos abarrotadas de papéis ou digitando furiosamente em máquinas de escrever, cada "trim", que os objetos faziam quando uma linha chegava ao fim, aumentado dezenas de vezes. Que diabos estava acontecendo? Quer dizer, ela entendia que revistas eram lugares agitados, mas aquilo parecia demais.

– Kara! – ela ouviu seu nome ser chamado e voltou sua atenção para o som, Eve Teschmacher fazia um gesto com a mão pedindo que a loira se aproximasse.

– Bom dia, Eve – Kara disse ao ficar de frente para a outra – O que está acontecendo? Esse lugar está uma completa loucura.

– A senhorita Grant acabou de anunciar a manchete principal de amanhã e resolveu publicar o artigo do repórter que escrevesse melhor e consequentemente em menos tempo. O que você está vendo é o decorrer de uma competição entre os escritores.

Kara olhou para a outra de forma confusa.

– A reunião do dia já aconteceu? – a assistente confirmou – Mas o expediente só começa em cinco minutos.

– Eu sei, a nossa chefe é quem parece se esquecer disso às vezes. Os repórteres mais antigos se acostumaram a chegar um tanto mais cedo que normal por esse motivo, não é obrigatório, mas eles o fazem mesmo assim. Se bem que dessa vez eu entendo a pressa da senhorita Grant, a notícia é relevante demais para ser deixada para depois.

When Their Eyes Met - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora