Roxo

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 – Você compreende o que eu estou dizendo?

Lena cogitou assentir com a cabeça apenas para evitar alongar a conversa na mesa do café-da-manhã, mas ela realmente não compreendia a enorme vontade que Lilian Luthor tinha de juntá-la com o estúpido filho de Rhea ou com outro progênito de qualquer um dos magnatas do seu círculo social. Era algo desnecessário, eles já não estavam entre as famílias mais ricas do mundo? A Luthor mais nova achava que isso seria o bastante para ela pudesse adiar situações assim por mais tempo, mas infelizmente não era.

Talvez fosse desejo de Lilian que a filha deixasse a mansão em breve e, francamente, Lena compartilhava do mesmo anseio. Ela apenas não queria sair com uma aliança no dedo, muito menos se a joia estivesse relacionada com Mike.

– Perdão, eu não estava prestando atenção – foi o que Lena acabou falando, muito provavelmente para causar um pouco de irritação na mãe.

– Por que isso não me surpreende? – Lilian Luthor revirou os olhos – Eu estava dizendo que no próximo evento dos Matthews você deveria tentar ser mais gentil com o filho deles, ao contrário da última vez. Você sabe como a Daxam Industries é importante para os negócios da Luthor-Corp.

Lena quase gargalhou. Ela sabia que o negócio importante para Lilian era fundir a fortuna das famílias.

– Eu acho que podemos concordar que o único jeito de me fazer ser mais gentil com ele é se eu não for.

– Acho que você deveria cogitar comparecer, já que não o fez em uma recepção na própria casa – dessa vez foi Lex quem falou, com uma expressão presunçosa no rosto.

– Que bom que sou eu quem decide, irmão – Lena disse e logo em seguida, levantou-se da mesa.

Dito isso, ela deixou a sala de jantar antes que alguém dissesse mais alguma coisa e seguiu pelo largo corredor até chegar a um dos seus cômodos preferidos. Aquele quarto era uma espécie de recanto para onde ela ia quando precisava ficar sozinha e o que ela mais gostava ali era o piano.

Aos cinco anos de idade Lena começou a ter aulas particulares do instrumento, no começo ela achava tedioso aprender a tocá-lo, mas depois de certo tempo o piano se tornou um meio para jovem extravasar os sentimentos que muitas vezes era obrigada a manter ocultos.

Lena passou os dedos pelas teclas de marfim e respirou fundo, mas antes que começasse a tocar, Lionel entrou na sala em que ela estava.

– Eu não vou ao evento dos Matthews – foi a primeira coisa que Lena disse.

– Eu sei que você não quer ir, mas você vai acabar mudando de ideia – durante o café-da-manhã Lena tinha sentido gratidão pelo pai por não ter concordado com Lilian, agora ela não estava mais tão grata.

Lena apenas cruzou os braços.

– Eu ia esperar até o seu aniversário, mas agora parece um momento apropriado para te dar isso – Lionel estendeu a mão e entregou para a filha uma chave.

– O que é isso? – a morena esperava que não fosse a chave de um carro, o dela ainda estava novo em folha.

– Achei que já estava na hora de você ter o seu próprio apartamento.

Lena congelou por alguns instantes, ela não acreditava que tinha ouvido direito.

– Você vai me dar um apartamento?

– Depende, você vai ao evento?

Nenhum Luthor dá um ponto sem nó, Lena tinha aprendido que aquela frase era verdadeira quando ainda era criança. O presente era obviamente uma espécie de suborno e normalmente ela ficaria ofendida por essa atitude, no entanto, ela desejava uma residência própria há muito tempo e talvez ela não tivesse outra chance de liberdade como essa, ainda que pequena. Ela gostaria de poder trabalhar com algo que gostasse e não ter que depender da fortuna de seu pai, porém, dessa vez, ela engoliu o orgulho.

When Their Eyes Met - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora