Is It Love? Drogo - Uma segunda chance

Cuidado familiar.

      Fomos para a casa do primeiro nome da lista. Uma moça atendeu.
      _ Com licença. Procuramos Roseane.
     _ Sou eu.
     _ Podemos entrar?
     _ Do que se trata?
    Me aproximei.
    _ Você bebeu sangue de lobisomem?
    Ela abriu a boca, mas, não respondeu.
    _ Entrem. _ eu disse.
    Os policiais invadiram a casa.
    _ Vai confessar?...
    Ela cruzou os braços.
    _ Sim, eu bebi. Nós queríamos nos libertar da escravidão. O que há de errado nisso?
     _ O sangue foi amaldiçoado pelas bruxas. Você vai ficar em observação na cadeia.
     _ O quê?
     Os policiais a algemaram. Acharam o sangue guardado. Eu descartei como da outra vez.
     _ Não se esqueçam das balas de prata. Nem sempre estarei por perto.
     _ O estoque já está pronto.
     _ Ótimo! Vamos para o próximo.
     _ Com relação aqueles corpos... Os legistas não acharam nenhuma alteração de DNA. Continuava um ser humano e ao mesmo tempo não. Todo o corpo ficou mais rígido e não conseguimos explicar a regeneração. A prata fez um estrago. Foi como injetar veneno. O sangue causou as mudanças que não se pode explicar.
       _ Não se torna lobisomem sem uma mordida, na lua cheia. O problema é que muitos foram mordidos e até agora ninguém falou nada. Acredito que alguém pode ser imune. Mas, alguém deve ter se transformado. O problema de quem bebeu o sangue é fácil de resolver. Já os transformados...
       _ Não acho que alguém foi afetado. Foram meses atrás. Quase sete meses atrás.
      Talvez fosse só paranóia minha. Mas, tinha certeza que vi alguns sendo mordidos. Ou, só se transformariam se o alfa mordesse? Um beta poderia criar lobisomens? Se o transformado segue quem o transformou, então, só um alfa poderia transformar. Só existe um líder na matilha. Eu não precisava me preocupar com as mordidas que vi. Caso meu raciocínio fosse correto.
Todos os nomes na lista foram avaliados. Agora era observar as reações e ver se havia alguma maneira de reverter isso. Alguma desintoxicação.
      Eu respirei fundo. Era tarde. Estava na hora de voltar. "Eu sei ser discreta". Eu podia esconder que tinha algum problema com Drogo. Não precisava criar um clima ruim na casa.
      _ Luísa.
      Lívia ainda estava acordada.  Cristina parecia agitada.
     _ Oi. Ela não quer dormir?
     _ Acabei de trocar sua fralda. Ela vai relaxar logo. Tomás está dormindo bem. Por enquanto. Vampiros dormem menos que humanos. Mesmo os bebês. Nem parece verdade que são meus. Estou nas nuvens.
     _ Eles já ganharam o coração de todos.
     Havia uma ligação muito especial de Lívia com a família. As vezes, pareciam perdidos em um mundo particular. Do qual não fazíamos parte. Como naquele momento. Ela e a filha se olhando. Como se uma conversa silenciosa acontecesse.
      _ Eu vou dormir.
      _ Espera!
      Parei e esperei que ela falasse.
_ Viktor pediu para eu te apoiar na sua missão. Você sabe dos meus dons não é?
    _ Sim. Modificar memórias, controlar mentes...
    _ Nicolae também tem dons mentais.
    Isso explicava o mundo particular deles. Com certeza conversavam por telepatia.
    _ Eu sei que alguma coisa aconteceu. Seja o que for... Nicolae sabe.
    _ O quê? Como?
    _ Ele lê a mente. Pensamentos que você teve ou tem. Ele sabe. Ele já sabia sobre mim, quando cheguei. Se for algo relacionado ao Drogo é possível que eles conversem. Nicolae é o pai na ausência de Viktor. Ele cuida da família e é super protetor.
       Sempre admirei o casal fofo. Mas, não gostava de ter a mente invadida.
      _ Pode pedir para ele não ler?
      _ Você é parte da família. Ele está preocupado. Mas, não vai comentar isso de forma irresponsável. Fiquei tranquila.
     Eu sentei no sofá. Respirei fundo.
     _ É difícil guardar as coisas. Já que vampiros tem uma audição fantástica. Bem... Eu fraquejei. Eu não me senti bem depois de visitar aquela senhora. Foi tão horrível. Me segurei na frente dos policiais, mas, desabei aqui. Vomitei o sangue que estava no meu estômago. Eu sei. Vergonhoso. O pior é que eu não conseguia parar de chorar. Drogo me deu apoio. Foi muito gentil.
     _ Isso é um bom sinal. Ele se importa. Não está com raiva pela ex.
     _ Eu beijei ele. Mas, ele me rejeitou.
     Ela ficou corada e desviou os olhos. Acho que não esperava que eu fosse tomar atitude primeiro.
    _ Isso não quer dizer que ele não sentiu nada ou que ele não goste de você. Se for como Nicolae, ele só está confuso. Dê um tempo a ele.
     _ Viktor nos contou sobre vocês. Não foi fácil né?
     _ Não!... Mas, valeu a pena! Todos nós mudamos com a guerra. Aprendemos algumas lições, perdemos pessoas, amadurecemos... Não sei quanto tempo ele vai levar para parar de se culpar. Mas, no fim, tudo se supera. E para curar um amor, só outro amor. Você precisa amá-lo incondicionalmente. Porquê um amor fraco ele já teve e não vai aceitar outro.
      _ Tem razão. Acho que ainda vale a pena jogar!
     _ Jogar?
     _ É... Estou comparando com Xadrez!... Preciso eliminar a rainha, que no caso é a ex dele. Só assim, vou ganhar o jogo.
     Ela riu, balançando a cabeça.
     _ Vou torcer para você dar o xeque no rei.
     Cristina estava quietinha, como ela previu.
     _ Vou dormir. Boa noite.
     _ Boa!...
     Eu esperava que Nicolae não contasse para o Drogo o que eu estava pensando. Morreria de vergonha. Por isso, assim que o dia amanheceu eu fiquei esperando uma oportunidade de falar com ele.
      _ Como foi com os policiais?_ perguntou Peter.
      _ Prendemos todas as pessoas da lista. Agora é esperar para ver como as coisas se desenrolam. Não sei se podemos reverter isso.
     _ Não precisa ir sozinha. Eu posso ajudar. _ disse Lorie.
     _ Está tudo sob controle. Prometo avisar se as coisas piorarem.
      Drogo passou ali. Eu ignorei.
Depois veio a família fofa.
     _ Nicolae. Posso falar com você?
     Ele olhou para Lívia. De novo aquela comunicação silênciosa.
      _ Tudo bem. _ ele apontou para a biblioteca. _ Vamos.
     Eu sabia que todos podiam ouvir, já que não havia isolamento acústico ali. Tinha que falar indiretamente.
      _ Bem, você tem um dom um tanto invasivo. E talvez, já saiba de algo que não quero que se espalhe. Leia minha mente...
      Eu encarei ele e pensei... " Não conta para o Drogo como me senti, quando ele me rejeitou".
       Vi ele erguer a sobrancelha. Surpreso.
      " Não quero um clima ruim na mansão. E não quero sua interferência. Agradeceria se não ficasse lendo minha mente ".
      Ele deu um sorriso irônico.
      _ Não vou interferir. A menos que a situação se torne prejudicial para a família toda.
     _ Obrigada!. _ disse aliviada.
     _ Ele já está sofrendo muito. Só continue com isso caso goste dele de verdade. Ele não precisa de outro falso amor.
     _ Acredite. Eu pensei muito e considerei todas as possibilidades, antes de me mudar para cá. Não sou inconsequente. Eu sei o que estou fazendo!
      Ele sorriu.
      _ Tudo bem, então!...
      _ Obrigada!
     Agora que estava acertado isso, eu podia lidar com a situação com calma.
     _ Nós vamos para a faculdade. Nos vemos mais tarde. _ disse Lorie.
    _ Até.
    Eu fui até os bebês. Estavam quietinhos.
    Recebi uma ligação da delegacia.
    _ O que houve?
    _ Alguns estão se contorcendo no chão da cela. Acho que as alterações começaram.
     _ Precisamos achar uma maneira de quebrar o feitiço. Faça uma busca no bairro das bruxas. Elas costumam ter anotações sobre os feitiços.
     _ Mas... Nós...
     _ Está bem. Eu vou. Sei que estão com tanto medo que não chegam perto daquele lugar. Mas, é melhor destruí-lo e preparar o terreno para novos moradores.
     _ Ninguém vai querer morar ali.
     _ Fora dessa cidade, sobrenaturais são apenas lendas. Eles vão dar risada se disserem que bruxas moravam ali.
     _ Você vai sozinha?
     _ Agora eu estou ocupada. Mais tarde eu vou lá. Sozinha. A menos que não deixem. Talvez Lorie vá junto.
     _ Tome cuidado! Não sabemos se colocaram armadilhas lá.
     _ Não se preocupe, vou ficar bem. Se a situação fugir do controle, atire neles, com as balas de prata.
    _ Faremos isso. Te vejo mais tarde.
    _ Até!
    Os bebês estavam olhando para mim. Como se entendessem.
     _ A titia também tem medo. Não sou tão forte quanto à Lívia ou a Lorie. Nem sei o que Viktor viu em mim.
      Estava distraída. Me assustei quando senti uma mão tocando meu ombro.
      _ O que faz aqui?
      _ Não estou com cabeça para estudar.
      Eu não sabia como deveria reagir. Fiquei calada.
     _ Como vai a investigação?
     _ Bem. Eu vou visitar o bairro das bruxas. Procurar nos livros uma maneira de quebrar o feitiço.
     _ Com os policiais?
     _ Sozinha.
     _ O quê? Aquele lugar deve ter armadilhas. Se ficar presa em algo, quem vai te ajudar?
      _ Drogo, elas já morreram. Feitiços perdem o efeito quando a pessoa que o conjurou, morre.
      _ Magia negra só pode ser quebrada com magia branca. Elas sacrificaram crianças. Só usando um sangue puro e inocente, com um feitiço reverso, para anular a ação do outro.
       _ Como é que você sabe?
      Drogo desviou os olhos. Envergonhado.
      _ Ah, as vezes esqueço que você namorava uma bruxa. Deve ter aprendido coisas com ela.
      O clima ficou tenso. O silêncio incômodo.
      _ Sobre o que aconteceu...
      _ Esquece, Drogo. Por favor.
      _ Precisamos falar sobre isso.
      _ Já parou para pensar que eu estava frágil e mostrei um lado que eu não queria que ninguém visse e falar sobre isso é constrangedor... Não diz nada. Por favor. Eu prometo não te incomodar mais.
       _ Não foi um incômodo. Eu só... Não paro de pensar se podia ter feito alguma coisa, para as coisas não terminarem daquele jeito.
       _ Não foi culpa sua. Foi escolha dela.
       _ Eu sabia que ela queria vingança e não fiz nada. Ignorei porquê acreditei que ela não teria coragem.
      _ Não importa o que você tentasse. Ela nunca mudaria de ideia. Nem esses bebês foram capazes de para-la. Como todas as bruxas. Ela ia sacrificar crianças, para alcançar seu objetivo. Vale a pena sofrer tanto por uma mulher assim? Você a amou. Foi feliz com ela. Mas, ela não deu a mesma importância. Está morta e você precisa seguir em frente.
       _ Eu sei de tudo isso. Mas ainda me sinto culpado. Ela era humana. Eu nunca devia ter trazido ela ao meu mundo. Viktor avisou muitas vezes para não namorar com humanas. Eu nunca o escutei. Preferi desafiar ele e o Nicolae. E estou sofrendo por algo que eu podia ter evitado.
        _ Para superar isso você tem que se permitir sofrer. Chorar até cansar. Gritar se for necessário. Depois se desfazer de tudo que era dela. E finalmente, deixá-la descansar em paz!...
      Ele olhou para mim, com os olhos tristes.
      _ Agora sou eu, quem precisa de colo.
      Meu coração disparou. E doeu. Vê-lo daquele jeito quebrou meu coração.
     _ Venha!
     Ele deitou, com a cabeça no meu colo. Como um garotinho. E chorou. Afaguei o cabelo dele, tentando não chorar junto. Meu coração estava cada vez mais, conectado ao dele. Apoiando um ao outro nos momentos de fraqueza. Mostrando nosso lado mais vergonhoso. Íamos criando a melhor base para um relacionamento. Amizade e confiança!