Entre o orgulho e o coração

388 41 2
                                    

    No caminho para casa, passamos na frente de um karaokê. Lorie apontou animada.
    _ Vamos ali, antes de ir embora. Cantar umas músicas ruins, com voz desafinada. Vamos. Vai ser divertido.
    Ela esteve depressiva durante tanto tempo, que não podia negar algo, que a deixava animada.
    _ Vamos!
    Estacionei o carro e fomos para o karaokê. Aluguei uma sala por quatro horas. Eu sabia a empolgação que eu ficava quando começava a cantar.
    Apesar do que ela disse sobre desafinar, os dons dela eram sobre a voz. Então, ela cantava muito bem. Já eu, era mais ou menos.
    _ Uma bem animada. Não quero ficar triste. _ disse ela.
    _ whisky a gogo. _ eu disse.
    _ Boa.
    Eu nem queria pensar nas horas, nos rapazes. Só queria divertir um pouco. Dançar sem me preocupar em ser patética. Cantar sem me importar se não era afinada.
     _ Uma para aqueles dois. _ ela disse.
     _ Qual?... Eu estava pensando em " foolish beat". Mas, não tem muito sentido. Não fomos nós que nos afastamos.
     _ Mas, é uma música linda. Vamos cantar.
     Depois de cantar vários ritmos diferentes. Várias línguas diferentes. Ou tentar, pelo menos... Nós saímos de lá direto para o boliche.
     _ Strike.
     Rindo como criança, eu sai da frente, para ela jogar a bola.
      _ Ah, Strike.
      Meu celular vibrou. Uma mensagem.  " Aonde você está? "
      _ Quem é?_ Lorie quis saber.
      _ Drogo.
      _ O que ele quer?
      _ Saber onde estamos.
      _ Vai responder?
      _ Vou. Mas, não vou dizer onde estamos.
      Escrevi então, " Aproveite sua festa. Não sei que horas eu volto ".
      Enquanto eu jogava a bola, outra mensagem.  " Você saiu tão apressada. Não quis dizer nada. Estou preocupado ".
      " Depois te conto. Vá curtir sua festa. Está me atrapalhando ".
      " Com quem você está? "
      Eu não respondi. Continuei jogando. Ele enviou outra mensagem...
      " Você disse que não sairia sozinha ".
      " Não estou sozinha ".
      _ Liga para ele e encerra de uma vez essa história. _ Lorie disse.
      Eu fiz isso. Ele atendeu logo.
      _ Drogo me deixa. Você não ia para uma festa? Não ia se divertir com seus colegas, com as garotas, porquê está me ligando?
      _ Você chegou e saiu apressada. Não disse para onde ia. Já é tarde e você ainda não chegou. Você prometeu ao Viktor não sair sozinha e não fazer nenhuma besteira.
       _ Estou me divertindo. Só você pode? Não estou sozinha. Lorie está aqui.
       _ A Lorie? Então, está tudo bem?
       Lorie pediu meu telefone. Eu o entreguei a ela.
       _ Você deu o fora nela. Não tem o direito de cobrar satisfações.
        Ela desligou em seguida e me entregou. Fiquei encarando chocada.
        _ Vamos jogar. _ ela disse simplesmente.
        Quando cansamos do boliche, resolvemos voltar para casa. As ruas estavam vazias. A noite agradável. As luzes belas.
       _ me diverti muito. Foi bom sair um pouco. _ Lorie disse.
      _ Eu também gostei. Estava precisando.
      Parei no sinal vermelho e me surpreendi ao ver Drogo saindo de um bar. Com os amigos, que pareciam meio bêbados e algumas garotas.
       _ Ele também está na rua e fica me criticando? _ reclamei.
        _ Como ele sabe que não estamos em casa? _ Lorie encarava ele.
        _ Alguém deve ter ligado para ele. _ eu disse.
        _ Peter. _ concluímos juntas.
        Drogo olhou para nós e parecendo sem graça, se afastou das garotas. Que voltaram a abraça-lo.
        Desviei o rosto, irritada. O sinal abriu e eu acelerei até o limite. Queria chegar em casa o quanto antes. Vê-lo rodeado de garotas, destruiu o meu esforço de me sentir melhor me divertindo. Eu estava péssima de novo. Já era esperado do menino rebelde, solteiro e de coração livre. Mas, porquê doía tanto? Mesmo que ele tenha sido sincero o tempo todo.
       Assim que estacionei, Peter veio nos encontrar.
       _ Aonde estavam?
       _ Nos divertindo. _ eu disse, tentando passar por ele.
       _ Você prometeu ao Viktor. _ ele disse.
       Peter não tinha nada a ver com meu mal humor. Respirei fundo.
       _ Surgiu uma emergência. Os policiais me ligaram. Eu fui com a Lorie. Resolvemos e depois fomos nos divertir. Eu disse ao Drogo que estava tudo bem. Ele insistiu tanto, que até achei que estava em casa. Mas, vi ele com os amigos e várias garotas. Provavelmente nem vai voltar para casa.
        Peter desviou os olhos.
        _ Eu pedi para ele achar vocês e ver se estavam bem. Já que ele estava fora também.
        _ Se você tivesse me ligado, eu avisaria que estávamos bem. Só precisamos nos distrair, sair um pouco. Nicolae e Lívia ficaram preocupados também?
        _ Não. Eu disse que vocês foram passear. Mesmo não sabendo onde estavam.
        _ Não podia explicar naquela hora. Sente-se. Vou contar. _ eu disse.
        Peter ouviu toda a história, sério. Sem se alterar. Demos tempo para ele pensar sobre o que decidimos.
         Drogo chegou em casa. Peter o olhou irritado.
         _ Pedi para você procurá-las e você estava se divertindo, sem se importar?
         _ Eu perguntei várias vezes aonde estavam. Ela não quis me dizer. Disse que estava bem, se divertindo.
        _ Você entende agora, Peter?..._ perguntei.
        _ Sim. É uma situação complicada. _ ele respondeu.
        _ O quê? _ Drogo perguntou.
        _ Vou dormir. Você fala com ele? _ pedi.
        _ Falo. Boa noite.
        Eu e Lorie subimos para o segundo andar.
        _ Boa noite, Lorie.
        _ Boa noite. _ ela respondeu.
        Finalmente em meu quarto, pude respirar fundo e pensar sobre toda a situação. Não estava funcionando. Eu tentei ser madura e aceitar que não era correspondida. Mas, vê-lo cercado de garotas... Era muito pior. Ele deixou claro que não se sentia da mesma forma que eu. Era só físico. Mas, eu começava a pensar que seria melhor, do que não ter nada. Estava doendo tanto, que eu já estava desesperada. Estava indo contra tudo que acredito. Eu não era eu mesma, perto dele. Resolvi ligar para Sabrina. Mesmo sendo tão tarde.
       _ Aconteceu alguma coisa?
       _ Preciso de um conselho. Eu me aproximei do Drogo. Posso dizer que somos amigos. Ajudei ele a superar o que houve com a ex, e agora ele voltou ao normal. Está se divertindo.
        _ Isso te incomoda? A ponto de você aceitar ser a diversão dele?
        _ Sim. E me sinto horrível por isso. Como se não tivesse amor próprio.
        _ Justamente por ter amor próprio, que você deve fazer o que vai te machucar menos. Não adianta ser orgulhosa e se recusar a sair com ele sem compromisso, se a única coisa que conseguirá é sofrer. Como eu disse a você. Tem que estar disposta a aceitar o que ele pode te oferecer. É melhor do que passar a eternidade imaginando como seria estar com ele. Pode ser que ele nunca te ame.
        _ Você tem razão. Acho que pisar no meu orgulho vai doer menos do que vê-lo com outras. E afinal, nem todo relacionamento acaba no altar.
       _ O ame por quanto tempo ele permitir. Seja feliz enquanto durar. Vai ser mais fácil superar depois. Sabendo que fez sua parte.
       _ Obrigada amiga.
       _ De nada. Boa noite.
       _ Boa.
       Eu estava mais tranquila agora. Meu coração se aquietou. Minha mente se conformou. As vezes, um pouco era muito. Pelo menos, melhor que nada.

******

       Acordei mais animada naquele domingo. Agora que eu tinha resolvido as questões em meu coração, eu me sentia bem comigo mesma.
       Procurei por Drogo na mansão. Ele ainda estava no quarto. Bati na porta e aguardei.
       _ Entra.
       Ele estava deitado na cama. Sem camisa e com fones no ouvido. Não se abalou quando me viu. Mas, eu fiquei sem graça na hora.
      _ Preciso falar com você.
      _ Senta aqui.
      Ele deu tapinhas na cama ao lado dele. Se sentou retirando os fones.
       Eu me aproximei e me sentei.
       _ Quer meu sangue?
       Era minha vez. Mas, não era por isso que eu estava ali.
       _ Eu não fui sincera com você quando me contou que ia sair.
       Ele balançou a cabeça.
       _ Não disse para te deixar mal, eu só... Não queria um clima ruim. Nós somos amigos, falamos francamente.
      _ Eu sei. Eu é que não fui sincera. Eu disse que tudo bem. Para você se divertir. E a verdade é que... Isso doeu. Eu queria muito te apoiar. Para você superar sua ex e voltar a ser o Drogo que todos amam.
       _ Me ajudou. Eu resolvi seguir em frente. Não quer dizer que não sinto mais nada por ela. Mas, resolvi tentar seguir em frente. Seu apoio foi importante. E eu sou o mesmo. Sempre vou ser. Eu juro que não quero te magoar.
        _ A culpa não é sua. Eu é que me apaixonei pela pessoa errada.
        Senti meus olhos arderem. Eu não queria chorar. Droga, como eu era sensível.
        _ Já que está disposto a seguir em frente e tentar esquecer ela... Eu... Sobre o que você disse... _ respirei fundo. _ Realmente sente atração por mim?
       Ele ergueu a sobrancelha, surpreso.
       _ Claro. Nem preciso dizer. Sabe o que sinto ao beber seu sangue.
       _ O mesmo que sente com todas...
       _ Luísa...
       _ Tudo bem, Drogo. Eu sei que não me ama. Só preciso saber que sente alguma coisa. Qualquer coisa.
        _ Eu sinto.
        _ Ótimo!... Eu estou disposta a aceitar, o que você puder me oferecer.
        Dessa vez ele pareceu chocado! Passou a mão pelo cabelo e desviou os olhos.
        _ Você merece mais que isso. Precisa de alguém que te ame também.
        _ Eu sei que estou sendo egoísta.
        _ Não. Egoísta seria eu ficar com você, só por diversão. Sem compromisso.
         _ Por mim, tudo bem.
         _ Não faz isso, Luísa!
         Ele estava fazendo eu me sentir mal. Como se eu estivesse o obrigando.
         _ Entendi. Não consegue ficar comigo, nem sem compromisso. Só não tem coragem de dizer que não sente nada por mim. Não vou te incomodar mais. Desculpe. Eu nunca devia ter me mudado para cá.
       _ Luísa...
       Eu saí do quarto dele e fui direto para a garagem. Precisava me afastar para extravasar a frustração. Acelerei ao máximo o carro. Não parei. As lágrimas estavam atrapalhando minha visão, da rua. Eu me sentia um lixo. Como humanas podiam ser mais atraentes que uma vampira? Se a aura de um vampiro era a principal arma para seduzir a presa e facilitar beber seu sangue. Porquê ele resolveu bancar o cara certinho e correto? Ele não era o menino rebelde? Depois de se apaixonar por Natasha, não conseguia mais ser egoista e pensar so em se beneficiar? Mesmo com a minha permissão?
       Fui avançando na estrada e quando me dei conta... Já estava em frente ao portão do meu grupo. Eu nem sabia como fui parar ali. Acho que meu subconsciente, imaginou que eu precisava do apoio das amigas mais antigas. Onde Drogo não precisava ver como eu me sentia.
        Ao entrar em casa, todos me olharam surpresos.
        _ Aconteceu alguma coisa?_ indagou Ralph.
        _ Senti saudade. Sabrina está?
        Sim. Está no quarto.
        Eu subi rapidamente. Sabrina já estava na porta. Não precisei dizer nada. Ela sabia que deu tudo errado. Apenas abriu os braços. Eu fui correndo abraçar ela e chorei.
         _ Chora. Vai se sentir melhor depois.
          _ Ele não gosta de mim. Prefere as humanas. Eu odeio ser vampira.
          Que o Viktor não me ouvisse. Mas, naquele momento, eu preferia nunca ter me transformado. Era óbvio que o Drogo preferia uma pele quente. Um sangue quente. E a fragilidade humana. Foi a primeira vez que me dei conta, do quanto eu havia mudado.
         _ Você tentou. Fez o que pôde. Até pisou no seu orgulho. Agora é melhor você esquecer. Se ele não pode seguir em frente. Siga você, então.
         _ Mas, como eu posso esquecer?
         _ Temos uma amiga que pode controlar a mente. Ela pode apagar o Drogo dos seus pensamentos. Será como se nunca o tivesse amado.
        Ela sabia da missão do Viktor. Seria capaz de ir contra ele para me ajudar?
         _ Todas nós, vamos interceder por você.
         Então, vi que Gabriela e Bianca também estavam ali.
         _ Não sei como agradecer.
         _ Apenas seja feliz. Não gosto de ver minhas amigas tristes. _ disse Bianca.
         _ Obrigada!
         Naquele momento eu "deitei o rei". Não valia a pena continuar jogando. De todo jeito, eu sairia perdendo. Era hora de aceitar minha derrota!
      

       
     
       
     
    

Is It Love? Drogo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora