O Covil das bruxas

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Ele parou de chorar, mas, continuou deitado no meu colo. Seu cabelo era tão macio.
_ Depois de deixar a dor sair... Devo me livrar de tudo que lembra ela...
_ Sim. Ficou algo dela aqui?
_ Ela levou tudo quando se mudou. Só sobrou o presente.
Ele se sentou e tirou um colar do pescoço. Tinha um pingente oval. Que ele abriu para me mostrar a foto ali. Do outro lado, a frase " Mantenho em meu coração ".
_ Ela me deu esse colar, quando nós finalmente recebemos aprovação do Nicolae. Não precisaríamos mais sair escondidos. Foi quando ficou sério. Eu comecei a pensar sobre nosso futuro. E uma parte minha queria transformar ela. Eu tinha esperança que ela quisesse também.
Mesmo que fosse difícil ouvir ele falando sobre outra mulher, eu sabia que não era o momento de ter ciúme. Eu precisava apoiar ele e o ajudar a superar isso.
_ É isso que precisa abrir mão. Para deixá-la descansar em paz!
Ele balançou a cabeça e se levantou.
_ Vou até o túmulo dela. Dessa vez é definitivo. Vou superar isso!... Obrigado pelo apoio.
Ele se inclinou para dar um beijo em minha testa!
Fiquei observando ele sair. Com esperança de que ele voltasse diferente. Como o menino rebelde de sempre. Essa fase depressiva, não combinava com ele.
_ O tio de vocês vai ficar bem!
Eu busquei as mamadeiras, porquê os olhinhos deles já estava começando a mudar de cor. Logo iam chorar.
Era fácil cuidar de um bebê vampiro. Até o momento. Quando as presas apontassem, eles dariam trabalho. Com certeza.
Mandei mensagem para Sabrina. " Está tudo bem! Estamos nos tornando amigos ".
O tempo foi passando e Drogo não voltava. Dei banho nos gêmeos. Troquei fraldas. Brinquei com eles. Fui para a biblioteca da mansão. Comecei a ler um livro. Mas, não consegui me concentrar. Peter, Lorie e Lívia voltaram da faculdade.
_ E aí? Tudo bem?
_ Sim. Estava esperando alguém voltar. _ eu disse.
_ Onde está Drogo? Não o vi na faculdade. _ disse Peter, preocupado.
_ Ele foi visitar o túmulo da ex.
Eles olharam para mim, chocados.
_ Qual o problema? Ele passou aqui.
_ E vocês conversaram? _ Lorie parecia curiosa.
_ Sim. Foi uma boa conversa. Agora é com ele. Vou aproveitar que chegaram e ver como anda a investigação.
_ Tudo bem. Obrigada!_ disse Lívia.
Eu saí, antes que Drogo resolvesse aparecer. Era arriscado ir sozinha. Mas, eu não queria que ninguém se machucasse.
Antes de continuar, passei na concessionária, para escolher um carro. Eu não podia esperar carona sempre. Então, eu precisava do meu carro. Lorie não tinha comprado, na certa para poder ir com Peter. Lívia tinha uma moto. Eu podia passar no estacionamento do hospital e ver qual carro chamava minha atenção, porém, ao entrar ali, meus olhos foram atraídos por uma Lamborghini Huracán. Eu não costumava gastar o dinheiro de Viktor à toa! Podia me permitir aquele pequeno mimo. Enviei uma mensagem para ele.
" Oi, pai!... Vou comprar um carro. E a propósito, talvez eu tenha uma chance com Drogo ".
Eu não esperava uma resposta. Ele tinha as empresas para gerenciar. E não era de ficar sentimental o tempo todo.
Saí da concessionária, no meu carro, direto para o bairro das bruxas. Talvez fosse um erro. Uma armadilha. Mas, eu preferia arriscar. Se eu pudesse encontrar uma maneira de quebrar o feitiço, valeria a pena.
Estar alí era como entrar em uma cidade fantasma de um jogo RPG macabro. O clima era totalmente diferente do resto da pacata cidade. As ruas agora estavam vazias. O local estava cheio de teias de aranha. Claro, quase sete meses sem alguém por os pés alí. Era normal estar tão sujo. Não sabia por onde deveria começar a procurar. Quem seria a chefe das bruxas, ou em qual local seriam guardados os livros importantes? Haveria algum lugar destinado aos rituais?... Continuei andando pelas ruas a procura de algum sinal. Uma construção me chamou a atenção. Não parecia uma casa. Tinha alguns símbolos estranhos. Ao me aproximar, senti arrepios. Girei a maçaneta. Não estava trancada. Eu entrei e abri as janelas. Puxei as cortinas. No meio daquele salão tinha um pedestal com um livro aberto no meio. Muitas velas estavam ao redor. Eu fui até o livro. A língua era totalmente estranha para mim. Mas tinham ilustrações bizarras. Algo sobre arrancar o coração de um vampiro. Mas, nenhuma ilustração sobre humanos bebendo sangue de lobisomem. Eu subi as escadas até o próximo andar. Várias portas alí. Entrei em um cômodo onde havia muitos potes de vidro com coisas bizarras. Pedaços de corpos. Ratos, sapos... Outro cômodo tinha um círculo desenhado no chão. o que me fez lembrar de um filme de suspense ( que parecia mais terror ), onde um casal ficava trocando as almas de corpo. Na intenção de viver para sempre. Eu nem podia imaginar, como seria estar no corpo de outra pessoa. Continuei procurando alguma pista sobre como resolver a situação. Mas, não havia uma biblioteca naquele andar. Então, eu fui para o próximo. Olhei pela janela. O bairro era muito assustador olhando dalí. As casas pareciam ter sido construídas em um desenho específico. Como se o próprio bairro fosse parte de um ritual. Naquele andar tinha uma sala onde várias correntes estavam presas à parede, por argolas. Ainda tinha mancha de sangue no chão. Fui para o próximo cômodo. Ao abrir a porta, algo caiu sobre mim. Eu tossi. Tinha muita poeira alí. O local tinha apenas um espelho bem no meio. Arrepiante!... Ainda mais porquê começou a exibir minha imagem, sendo que eu não estava lá perto. Minha imagem no espelho estava séria e começou a escorrer lágrimas por seu rosto. " Que merda é essa? "... Pensei. " É melhor eu sair logo daqui". Desci as escadas o mais rápido que pude. Ao chegar lá embaixo, vi alguém parado na frente do livro.
_ Drogo?... Por que você veio?... Pensei que precisasse de tempo para se despedir da Natasha.
_ Venha aqui.
_ Eu já olhei o livro. Não tem nada. É uma língua estranha. Nenhuma ilustração ajuda.
_ Achei algo.
_ Claro. Deve ter aprendido alguma coisa com sua ex.
Me aproximei e observei o que ele queria me mostrar no livro. Eu não conseguia entender o que estava escrito, mas a ilustração mostrava um túmulo. Uma pessoa parecia estar saindo da terra.
_ Você quer fazer um feitiço para trazer sua namorada de volta?...
Ele olhou para mim, de um jeito tão maligno que eu tive medo.
_ Drogo. Ela está morta e você precisa aceitar isso!
_ Você a matou!... Deveria ter sido você e não ela. Vou corrigir o erro. Se eu sacrificar você, poderei trazer ela de volta!...
_ Não, Drogo!... Ela fez uma escolha. Eu fiz o que eu tinha que fazer. Precisa me perdoar! E aceitar que ela se foi.
_ Não vou aceitar nunca!... Vou trocar você por ela.
Ele veio para o meu lado sussurrando palavras estranhas. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.
_ Você a ama tanto assim?...
_ Você nem faz ideia!
Ele me atacou e eu fiquei petrificada sem acreditar. Ele apertou meu pescoço. Eu tentei tirar as mãos dele. Era forte de mais para mim. Eu não conseguia me soltar e não conseguia atacar ele.
_ Maldita hora em que você apareceu nessa cidade.
_ Pa...re.
_ Vou trazê-la de volta a qualquer custo!
Seu olhar era tão maligno, vermelho vivo, que fiquei assustada.
_ Me perdoa!
Usei meu dom para fazer aquele pesado livro flutuar e o acertar com força na cabeça. Ele me soltou. Eu corri para a porta. Ele me alcançou antes e me atirou ao chão. Subiu em cima de mim. Segurando meus braços.
_ E você ainda teve a cara de pau de me desejar. Mesmo tendo matado ela. Você não tem vergonha?...
_ Para Drogo. Eu fiz o que precisava fazer. Não estava tentando te roubar. Eu nem sabia que aquela garota era a sua namorada.
_ Não faz diferença. Você a teria matado do mesmo jeito!...
_ Ela ia matar a Lívia!...
_ Poderíamos ter apenas desmaiado ela. Depois eu tentaria convencê-la a mudar de ideia. Ela ia me ouvir!...
_ Não ia. Você mesmo disse que ela já estava planejando vingança faz tempo.
_ Cale-se!... Sua usurpadora! Você nunca vai ocupar o lugar dela. Nunca!...
Ele apertou meus pulsos com mais força e cravou as presas em meus pescoço. Doeu de mais. Porquê ele rasgou na veia jugular. Pude ver sua boca e o queixo manchados de sangue quando ele se ergueu.
Voltou a usar palavras em uma língua estranha. Ele não ia recuar e eu não tinha coragem de machucá-lo. Ele nunca ia me perdoar!... Talvez eu merecesse aquela punição.
_ Adeus, Luísa!
Ele enfiou a mão com força dentro de mim, na direção do meu coração. Ele o segurou e puxou para fora do meu corpo!... Meu grito de dor ecoou por todo o salão. Morrer pelas mãos de Drogo. Um castigo merecido por ter matado sua ex.






Is It Love? Drogo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora