Entramos em casa de mãos dadas e rindo. Mas, paramos ao ver todos ali na sala. Olhando surpresos. Lívia ficou com o rosto vermelho e desviou o olhar. Nicolae cruzou os braços, com uma expressão de repreensão. Lorie deu um sorriso sapeca de quem entendeu tudo. Peter estava com uma expressão de curiosidade.
_ Bom dia. Desculpe o atraso. Eu cuido dos bebês. Pode ir tranquila.
Até eu percebia a tensão na minha voz. Eu estava muito constrangida e falando qualquer coisa, para amenizar o clima ruim. Lívia, me entregou Tomás. Ela pegou a mão de Nicolae e o puxou para fora da mansão, antes que ele dissesse algo.
Drogo subiu as escadas e Peter foi atrás dele. Lorie foi a única que permaneceu.
_ Você transou com meu irmão?
Eu fiquei chocada por ela ser tão direta.
_ Lorie!... Isso é jeito de perguntar?
_ Preferia que eu dissesse... Você dormiu com meu irmão? Passou a noite com meu irmão? Se acertou com meu irmão?
Eu baixei a cabeça. Ela não ia parar. As vezes ela era bem irritante.
_ Eu estava com ele. A noite toda. Satisfeita?
A menina deu risada.
_ Então, ele mudou de ideia. Porquê havia te dado o fora. Nós até fomos nos divertir para distrair.
_ Sério?
_ Lívia me disse que apagou sua memória. Não adiantou nada ne? Só ajudou. Bastou você esquecer e parar de correr atrás dele, para ele ir atrás de você. As vezes funciona essa técnica do quente e frio. Infelizmente comigo não deu certo. A gente continua fingindo que não aconteceu nada.
_ Pede para esquecer também. Vai funcionar. Já que ele não vai correr atrás.
_ Não tenho coragem. Por mais que doa, eu quero me lembrar. Eu não posso ter ele, mas as lembranças... Me ajudam a seguir em frente.
_ Então, está na hora de encontrar outro amor.
_ Sim. Eu deveria tentar esquecer. Acho que vou avaliar os rapazes da faculdade.
_ Humanos... Viktor não vai gostar. É melhor que seja um vampiro. Que tal do grupo de Alexandre?
_ Ótimo. Eu vou passar as férias lá. Quem sabe...
Os rapazes desceram. Drogo já tinha trocado de roupa. Peter olhou para Lorie, de sobrancelha franzida.
_ Vamos para faculdade!_ Lorie chamou.
Drogo veio até mim e me deu um selinho, antes de ir.
Finalmente sozinha, eu respirei fundo. Essa era a parte ruim de ser uma vampira. Difícil esconder as coisas. O que me lembrou, que eu precisava dar o sangue discretamente, ao policial. Liguei para ele.
_ Pode vir? Traz seu filho. Seja discreto, por favor.
_ Vou o mais rápido possível. Obrigado.
Enquanto eu esperava, dei atenção aos gêmeos. Mas, estava tensa. Não sabia se devia mesmo ajudá-lo.
Logo ouvi a campainha. O policial aguardava, junto com seu filho. Um garoto adolescente.
_ Entrem.
Fechei a porta.
_ Descobriu a pouco tempo não é? Ele parece saudável e seu cabelo ainda está no lugar.
_ Sim. E quero fazer algo antes que as pessoas saibam. Assim posso dizer que houve um erro no primeiro exame. Um falso positivo.
_ Entendo. Sente-se.
Eu peguei uma taça, cortei meu pulso com o punhal e deixei o sangue escorrer. O garoto olhou para o pai, assustado e enojado. O policial o encarou sério.
_ É para seu bem. Faça isso.
O corte no meu pulso se fechou sozinho. Eu entreguei a taça para o garoto. Depois de olhar para o pai, ele bebeu. Com uma careta, ele devolveu a taça.
_ E agora?
_ Espere!... Depois refaça o exame. Diz que quer uma segunda opinião.
O policial se ajoelhou na minha frente.
_ Muito obrigado!...
Aquela mania de exaltar vampiros era algo desconcertante. Eu estava acostumada a me esconder, na minha cidade. Ser tratada daquele jeito era novo e confesso, muito agradável!
_ Por nada!... Retribua com as doações de sangue e mantendo a ordem na delegacia.
_ Eu vou!...
Ele se levantou. O garoto também agradeceu. Os dois entraram na viatura e foram embora.
Meu celular estava tocando. Era Sabrina.
_ Oi amiga.
_ Como você está? Melhor agora que esqueceu o Drogo?
_ Dizem que esqueci. Eu não sei. Ele flertou comigo. De um jeito estranho. O pior é que não consegui recusar.
_ Como assim? Ele não tinha te rejeitado?
_ É o que dizem. Ele ficou me perseguindo. Eu senti coisas... Que nunca senti por ninguém. Acho que é amor mesmo. Acabei aceitando. Então, meio que estamos ficando.
Um silêncio do outro lado da linha.
_ Foi um erro apagar sua memória. Só facilitou as coisas para ele. Você lembra da Natasha?
_ Não. Todo mundo fala dela. Não sei quem é.
_ É a ex de Drogo. Está morta.
Uma sensação ruim passou por mim.
_ Ele ainda não superou. Agora entendo porquê. Um fim trágico.
_ Amiga, não deixa ele te usar. Você merece mais que isso. Merece respeito.
_ Está tudo bem. Ele foi honesto e nós decidimos tentar.
_ Estou preocupada com você.
_ Eu vou ficar bem. Logo irei visitar vocês. As férias estão chegando.
_ Venha mesmo. Fique bem, amiga.
_ Vou ficar.
Não bastasse eu e meus medos, ainda tinha a insegurança de todos ao redor. É como se Drogo fosse uma bomba relógio e todos estivessem esperando o momento da explosão. Quem mais sairia ferida era eu.******
Dois meses se passaram rapidamente. Não houve nenhum outro incidente com os humanos. Os que estavam sob observação permaneceram alternando entre, ataques furiosos e crises depressivas. A vida seguia sua rotina normal e monótona. Drogo sempre saia comigo. Me levando a sério. E eu acabei abaixando a guarda. Tudo ia bem. E então, Viktor avisou que estava chegando na cidade. Trazendo companhia. Bruxos. Para quebrar a maldição dos humanos. Não sei porquê mas, fiquei agitada. E percebi que Drogo ficou tenso. Meu coração doía quando ele saia da cama no meio da noite, para ficar olhando pela janela. Com o olhar perdido no vazio. Eu não era o suficiente para aquietar sua mente. Alguma coisa ainda o incomodava. Muito. E eu me odiei por ter me livrado das lembranças. Com elas, eu entenderia o que estava acontecendo.
Quando ele fez o mesmo pela terceira noite seguida, eu cansei. Vesti minhas roupas, enquanto ele observava pela janela. Estava tão distraído, que nem notou. Eu saí do quarto dele e fui para a sala. Fiquei sentada ali, no escuro. Pensando se ainda valia a pena ficar com um cara que fazia aquela expressão, quando pensava que eu não estava olhando. Se eu perguntasse do que se tratava... Ele responderia? Teria a ver com sua ex? A bruxa? Eu ia mesmo querer saber?
_ O que faz aqui?
Drogo sentou ao meu lado no sofá. Deu um beijo no meu rosto. Eu me afastei. Ele tentou me abraçar. Eu me levantei.
_ Porquê está tão fria comigo? Não gosta mais de mim?
_ Isso é o que eu devia perguntar. O que mudou? Porquê está estranho desde que Viktor avisou que chegará, com bruxos?
Ele abaixou a cabeça.
_ Isso me traz lembranças...
_ Você nunca vai gostar de mim, não é?
Ele me olhou confuso.
_ Eu gosto de você. Estamos juntos.
_ Você não me olha como Nicolae olha para Lívia. Nunca vai olhar. Está na hora de parar Drogo. Você disse que ia superar sua ex... Mas, a sua expressão ao olhar o vazio... Você pensa nela... Mesmo que esteja comigo. E não é justo. Eu não consigo mais fingir que não vejo. Que não me incomoda.
_ Eu já superei. Eu só... Não fique insegura. E não compare nosso relacionamento. Cada casal é único. Estou com você por vontade própria. Vamos combinar uma viagem nessas férias. Só nós dois.
Ele se aproximou. Dessa vez eu deixei ele me abraçar.
_ Essa sua insegurança vem da falta das memórias. Nós criamos uma base para nosso relacionamento. Se você se lembrasse, não ficaria tão paranóica.
_ Cometi um erro ne?
_ Eu que devia ter cedido antes. Foi minha culpa, você se sentir tão mal.
_ Tem como concertar?
_ Não sei. Podemos perguntar para a Lívia. Mas, confie em mim. Nada mudou.
_ Não cansou de mim?
Ele ergueu a sobrancelha. Irônico.
_ Está mesmo perguntando isso? Vamos para o quarto que eu te mostro.
_ Não. Se comporte.
Ele me beijou. Eu abracei ele, afagando seu cabelo. Era incrível como eu sempre me sentia do mesmo jeito. Como se fosse a primeira vez.
_ Fico muito feliz de ver que estão juntos. Mas, podem se comportar por favor. Temos visitas.
Ao escutar a voz de Viktor, fiquei tensa. Drogo também. Nós dois olhamos para ele. Sem nos afastar.
_ Você chegou. _ eu disse.
_ Eu esperava uma recepção mais calorosa, da filha que me ama.
Drogo me apertou mais, em seus braços. Ele estava com ciúmes de Viktor?
_ Olá pai. Seja bem-vindo de volta. _ eu disse e beijei o rosto de Drogo.
_ Estávamos te esperando. _ Drogo disse e beijou minha testa.
_ Acho melhor esperar o dia amanhecer. Agora, nenhum dos dois está preocupado com os humanos... Ou comigo.
Viktor estava chateado pela maneira como o recebemos? Não. Eu percebi o sutil brilho de diversão em seus olhos e um esboço de sorriso. É claro. Ele queria nós dois juntos. Eu pisquei para ele só para confirmar. Ele sorriu abertamente.
_ Vão logo namorar. Amanhã a gente conversa.
Drogo franziu a sobrancelha, confuso. Mas, segurou minha mão e me puxou pelas escadas, até seu quarto. Trancou a porta e sorriu para mim.
_ Aonde estávamos?
_ Na parte em que vou dormir.
_ Ainda não meu bem. Não vai escapar de mim. Você acha que enjoei de você. Vou te mostrar que eu realmente sou insaciável.
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Is It Love? Drogo - Uma segunda chance
FanfictionDepois de descobrir que o amor de Natasha, era menor do que sua sede de vingança pela amiga assassinada, o coração de Drogo despedaçou-se. Ser menos importante que a amiga dela, foi um golpe duro para o vampiro que a amava sinceramente. Tentando des...