Bruxos aliados

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Viktor estava esperando na sala, com os convidados, quando descemos. Peter e Lorie já estavam lá.
_ Dormiram bem? _ Viktor perguntou com a sobrancelha erguida. Bem irônico.
_ Muito bem. _ Drogo respondeu com um sorriso pervertido.
Lívia e Nicolae vieram com os bebês no colo. Viktor foi até eles e pediu para segura-los. Seus olhos se iluminaram.
_ Não vai apresentar seus aliados?_ perguntei.
Ele olhou para eles.
_ Yago, Elisa, Jhon e Vivian. São os bruxos que podem nos ajudar. A família Dimitrov.
Eu ainda não podia acreditar que Viktor tinha bruxos como aliados. Eu não confiava neles. Depois do que passamos na guerra... Eu ainda tinha uma sensação ruim por causa deles.
_ E vocês descobriram como ajudar os humanos? _ Nicolae perguntou.
_ Demorei a voltar, porquê não foi fácil encontrar eles. Agora... Eles precisam ver o problema, para indicar a solução. _ Viktor respondeu.
_ Vamos até a delegacia então. _ eu disse.
Drogo me deu um selinho.
_ Vou para a faculdade. Te vejo quando voltar.
Reparei que Vivian estava olhando Drogo com cobiça. Eu puxei ele pelo braço. Ele parou e sorriu para mim.
Eu o abracei e o beijei. Para deixar claro, que ele era meu. E que nenhuma bruxa ia roubar ele de mim. Nem a que morreu, nem essa.
Drogo foi embora sorrindo.
Peter, Lorie, Lívia e Nicolae também saíram. Ficou só eu e os gêmeos. Com Viktor e os bruxos.
_ Vamos!_ chamou Viktor.
Eu fui para o lado dele. Estava com medo. Não confiava nada neles. Viktor percebeu. Ele segurou minha mão, como um pai. Mesmo que ele não fosse muito emotivo, as vezes, era carinhoso.
Na delegacia, todos se animaram.
_ Senhor Viktor.
As reverências de sempre.
_ Viemos ver os humanos.
_ Por aqui...
Os humanos estavam agitados. Tentando quebrar as correntes. Os bruxos entraram na cela. Continuei com Viktor, do lado de fora. Enquanto os bruxos avaliavam, sob os olhares atentos dos policiais. Eu me aproximei do chefe.
_ Está tudo bem? Aquela situação foi controlada?
_ Sim. Eles refizeram os exames. Nada consta. Serei eternamente grato.
_ Fico feliz com isso.
Os bruxos saíram da cela.
_ É mesmo magia negra. Tenho a maioria dos itens para reverter a situação. Mas, vou precisar de sangue puro.
_ quanto?_ Viktor quis saber.
_ Algumas gotas. Não muito.
_ Pode pegar dos meus netos.
Eu olhei para os bebês, no carrinho. Viktor deixou pegarem o sangue deles?... Instintivamente eu os puxei para trás. Vivian me encarou irritada.
_ Eles nem são seus. Saia da frente.
_ Eu sou a babá deles. Lívia confia em mim. Eu não confio em vocês. Você tem certeza que vai deixar eles pegarem sangue dos seus netos?
Viktor ficou olhando para os bebês.
_ Tudo bem. Eu pego.
Viktor mesmo pegou o punhal que o bruxo lhe oferecia e fez um pequeno corte, na palma da mão, dos bebês. Deixou pingar em um frasco de plástico. E entregou aos bruxos. Vi o corte dos bebês se fechar mais rápido que de qualquer um de nós. É claro, eles eram genuínos. Mais fortes que os transformados.
Eu me afastei com os bebês. Seja lá como iam desfazer o feitiço, eu não queria que usassem eles.
_ É bem desrespeitoso a maneira como trata minha família.
_ Eu não confio em bruxos. E que pena que sabem minha língua. Preferia não ter que conversar com vocês.
_ São vocês que precisam de ajuda. Deveria ser mais educada.
_ E você deveria se limitar a ajudar e depois ir embora. Sem conversa fiada.
_ Eu poderia te lançar um feitiço, que ninguém poderia desfazer.
Eu nem havia pensado nisso. Um arrepio de medo, passou por mim. Mas, afastei logo a ideia.
_ Viktor nunca te perdoaria.
_ Ele não vai se importar quando descobrir o que você fez...
Olhei para ela confusa. Do que ela estava falando?
_ Tenho meus truques. Eu sei de coisas que quer esconder de Viktor. Por tanto, seja boazinha. Ou vou transformar você em uma barata e vou esmaga-la.
Ela realmente sabia ou só estava blefando? Era melhor não deixar transparecer a dúvida.
_ Porquê está tão focada em me manter quieta? O que você quer?
A garota sorriu, como se eu finalmente tivesse perguntado o que ela queria.
_ Você tem um lindo namorado. Loirinho. Atrevido. Parece ser bom de cama. Quero experimentar.
Eu sabia que ela estava de olho nele. Meu sangue gelado, ferveu. Por um instante eu esqueci os bebês e me concentrei no meu dom.
_ O que está fazendo?
Ao ouvir a voz de Viktor, eu recuei. Ele me olhava decepcionado.
_ Eles são aliados, Luísa. Se comporte.
Abaixei a cabeça. Peguei o carrinho dos bebês e me afastei. Precisava respirar um pouco e por a cabeça no lugar. Antes que eu fizesse uma besteira.
Em casa, eu peguei as mamadeiras para alimenta-los. Vivian passou por perto, com um sorriso de desafio. E minha paciência estava por um fio. Viktor veio ajudar a alimenta-los. Enquanto os bruxos davam início a preparação da magia branca, para reverter o processo.
_ O que houve na delegacia?
_ Para quê quer saber? Vai ficar do lado dela, mesmo.
Eu devia estar louca de falar assim com Viktor. Mas, eu estava chateada com ele e não pensei na hora.
_ Ninguém é mais importante que um filho meu. Só não quero discussões sem motivo. Eles não são como os que enfrentamos na guerra. São aliados.
_ Ela está cobiçando Drogo.
Viktor olhou surpreso. E sua postura mudou.
_ Mas, está tudo bem com vocês não é?
Eu respirei fundo.
_ Eu sei que você acredita que sou a garota perfeita para ele. Mas, ele não me ama. Eu tenho medo que ele se aproxime dela, pensando na outra.
Viktor ficou com um olhar sombrio.
_ Aconteceram algumas coisas enquanto estava fora. Eu não sei se tomei as decisões certas. Ela disse que sabe e que vai usar isso contra mim. Me ameaçou de contar a você, se eu não ficar quieta com relação à sua investida em Drogo.
_ Quais decisões?
Antes que eu pudesse falar com ele, o bruxo o chamou. Ele foi acompanhar o processo. Eu terminei de alimentar os bebês e os deixei dormindo.
_ Que gracinha, esses ruivinhos.
_ Fique longe deles.
_ Ah, qual é. São só bebês. O que eu poderia fazer com eles? Um ritual de sacrifício?
_ Vivian, cale-se.
O irmão dela se aproximou. Ela fechou a cara para ele.
_ Perdoe minha irmã. Ela é muito imatura.
John se aproximou e a irmã se afastou. Eu não queria falar com nenhum deles.
_ Nós vamos passar as próximas horas, preparando o antídoto. Mas, eu garanto que vamos resolver o problema.
_ Façam a parte de vocês e nos deixem em paz.
_ Não precisa ficar tão na defensiva. Minha irmã estava te importunando não é? Não a leve a sério. Nós somos bruxos do bem.
_ Bruxos do bem não ameaçam as pessoas.
_ Irmã, se comporte. _ ele a repreendeu. _ Ela não vai cumprir. Eu garanto. Não permito. Você é bonita de mais para ser amaldiçoada.
Olhei para ele chocada. Estava mesmo flertando comigo? O que tinha de errado com aqueles irmãos?
_ Nenhum dos dois entendeu que eu sou comprometida com o Drogo? Deixe a gente em paz.
Eles riram.
_ Não queremos atrapalhar. Podem continuar quando formos embora. É só... Diversão. Vocês pareciam tão animados, quando chegamos.
Nosso comportamento naquele dia, deu a eles a impressão errada? Era essa a maneira como nos enxergavam? Como dois pervertidos? Confesso que mal conseguíamos ficar longe um do outro. E era fácil as coisas esquentarem entre nós. Mas, isso era algo nosso. Não quer dizer que seríamos fáceis com qualquer um. Eu já me perguntei várias vezes se meu namoro era baseado apenas em atração física. Tirando isso... Drogo ainda ficaria comigo?
_ Vocês são ridículos. Vão procurar diversão em outro lugar. Nos respeitem.
Eles saíram rindo. Ajudar no feitiço.
Olhei para os gêmeos.
_ Tio Drogo não faria isso comigo não é? Ele me respeita.
Minha insegurança fez eu ficar preocupada. E ansiosa com a chegada dele.
Não vi os bruxos depois disso. Estavam fazendo os preparativos para ajudar os humanos. Eu cuidei dos bebês. Até Lívia voltar para casa. Contei a ela tudo que aconteceu. Ela não gostou de terem usado sangue de seus filhos e resolveu ficar observando o que estavam fazendo. Lorie assumiu o papel de babá, enquanto isso. Peter disse que ia ajudar a olhar os sobrinhos. Nicolae tinha plantão no hospital. Não ia voltar tão cedo. Drogo chegou depois. Eu fui correndo abraçar ele.
_ Sentiu minha falta? _ ele perguntou. _ Quer sair? Ver um filme, ir no boliche, parque ou karaokê... Outra coisa?
_ Quero só passar um tempo com você. Ficar sentada no banco da praça, conversando.
_ Tudo bem. Vou me arrumar.
Ele me deu um selinho e foi para o quarto. Eu também fui me arrumar. Era bom ter um encontro com ele. Algo que não envolvesse o físico. Adorei o resultado quando me olhei no espelho. " Ele vai gostar ".
Estranhei ter terminado e ele ainda não ter aparecido no quarto. Geralmente eu demorava a arrumar e ele aparecia para me cobrar.
Fui para o quarto dele. Minha vez de apressa-lo. Ao abrir a porta, fiquei em choque. Meu sangue esquentou e subiu para a cabeça. A expressão, "ver vermelho", cabia bem na ocasião. Meu coração pareceu afundar no peito.
_ Não é o que está pensando.
Aquela frase que eu sempre odiei. E que significava exatamente o oposto.
_ É o que está pensando. Eu avisei.
Vivian estava sentada na cama de Drogo. Como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ele estava parado perto da porta do banheiro. Só de toalha. O cabelo molhado. De quem acabou de sair do banho.
_ Ela estava aí, quando terminei meu banho. Mandei ela sair. Ela não quis. _ ele explicou.
Eu trinquei os dentes. Se eu falasse alguma coisa, ia ser explosiva. Eu não queria perder o controle.
_ Eu estava contando uma história interessante para ele. Como vê, ele quis ouvir. Não me colocou para fora. _ Vivian afirmou de forma odiosa.
Naquele momento, eu não me importava se Viktor ia me punir. Eu queria descontar a raiva em alguém. E porquê não, na garota odiosa à minha frente?
_ Luísa, calma.
Drogo me segurou.
Nada podia me deixar mais irritada do que ele pedir para eu me acalmar e não fazer nada. Me segurando daquele jeito.
_ Só vou falar uma vez... Me solta!
Eu continuava encarando a garota. Drogo me soltou, mas entrou na minha frente.
_ Saia, Vivian.
Ele até sabia o nome dela. O que teriam conversado? E só agora ele pedia para ela sair? Depois de ficar conversando em seu quarto, usando uma toalha na cintura, com seu tórax a mostra. Como se não fosse nada. Só porquê eu vi, ele pedia para ela sair. Há quanto tempo estavam conversando? Que eu até fiquei pronta e ele não. Ele ia continuar a conversa em outro momento. Quando eu não estivesse por perto. Todos os meus medos, inseguranças e toda a dor que eu sentia, explodiram!
_ Sai da frente, Drogo!
Eu usei meu dom de controlar o ar, para empurra-lo para longe e o manter ali. A garota me olhou surpresa. Achou que eu não teria coragem. Nem teve tempo de reagir, quando avancei sobre ela e a puxei pelo cabelo. Tirando da cama dele e jogando no chão. Podia ser bruxa, mas era só uma humana. Minha velocidade e força, nem se comparavam as dela.
_ Acha legal ficar me provocando? Eu não ligo se o Viktor vai me punir. Ele pode até me matar. Nesse momento, seria uma bênção. Você vai ter o que merece.
Eu apertei o pescoço dela e dei um soco em sua cara. Não parei quando vi o sangue escorrer no nariz. Continuei socando a cara dela e apertando seu pescoço.
_ Você vai matá-la.
_ Cala a boca, Drogo.
Eu soltei o pescoço dela. Seu rosto estava bem machucado. Ela tentava respirar, com dificuldade.
_ Eu devia matar você. É o que você merece!...
A garota juntou as duas mãos. Como se emplorasse para eu poupa-la.
_ Saia daqui. Se eu ver você olhar para o Drogo de novo, vou esfolar você.
Vi o medo no olhar dela. Que se levantou, cobrindo o nariz com a mão e saiu do quarto.
Com uma frieza que era só aparente... Eu me virei para ele.
_ Não foi por você. Foi por mim. Ela estava disputando quem era mais forte e intimidante. Precisava colocá-la em seu lugar. Quanto a você... Ficar de conversa com outra mulher no seu quarto, só de toalha é algo que eu deveria ignorar? Se fosse eu, só de toalha, conversando com outro homem. Você ia gostar?
Eu liberei meu dom e ele pôde se mexer de novo.
_ Sua disputa com ela é entre vocês. Não vou mais me meter. Quanto a minha situação... Eu só estava conversando. Não fiz nada. Não estou nu.
Ele tirou a toalha, só para mostrar sua cueca.
_ Claro, isso muda tudo. _ eu disse irônica. _ Você não devia ficar conversando com outra no seu quarto. Não interessa o que está usando. Só piora, a sua falta de roupa. Você tinha que ter colocado ela para fora. Mas, o que ela tinha para te dizer era mais importante do que se arrumar para sair comigo. Ótimo. Agora você terá tempo para conversar com quem quiser, do jeito que quiser. Acabou Drogo! Cansei de ser seu estepe.
Me virei, já indo embora. Ele me puxou pela cintura e me beijou. Eu virei o rosto, tentando o empurrar.
_ Você não pode resolver tudo dessa forma Drogo. Com sexo!
Ele não me ouviu. Em segundos estava sobre mim, na cama. Mordeu meu pescoço com tanta força, que doeu. Mas, como sempre. O efeito da mordida era o prazer. Eu estava com raiva e mesmo assim, a reação não mudou.
_ Não vou deixar você sair desse quarto sem me escutar. Eu sei o quanto é insegura e a culpa é minha. Eu superei minha ex, há tempos. Desde quando me livrei daquele colar. Quando começamos a sair... Desde a floresta... Já estava superado! Você me deu o apoio que eu precisava. E é uma pena que não se lembre disso. Mas, você nunca foi um estepe. Eu espero que consiga sentir o quanto eu te levo a sério. Desde o início.
_ Difícil acreditar. Parece que nosso relacionamento é só físico.
Ele sorriu.
_ Somos vampiros. Até na mordida a luxúria está presente. É da nossa natureza. Não quer dizer que seja só isso. Somos amigos. Namorados. Cúmplices. Você precisa se lembrar. Para saber que vai muito além da cama.
_ Eu te amo.
_ Eu sei. Eu gosto de você.
_ Mas, não me ama.
Ele me beijou. Eu queria afastar ele. E de novo não consegui.
_ Eu me odeio por não conseguir resistir a você. Nem estando com raiva.
_ Dizem que sexo depois da briga é mais gostoso. E a propósito... Você está maravilhosa.
Ele reparou em mim, no meio dessa discussão toda?... Talvez, ele realmente gostasse de mim.









Is It Love? Drogo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora