Dois estranhos

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    Sabrina ligou para Lívia. Uma chamada de vídeo. Pediu para ela se afastar dos outros para falar algo muito importante. Quando Lívia estava longe dos outros, Sabrina mostrou todas nós e explicou...
    _ Precisamos que faça um favor!...
    _ Do que se trata?... Luísa resolveu voltar a morar com vocês?
   _ Não. Ainda não. _ Sabrina sorriu para mim. _ Ela está passando por um momento muito difícil e precisamos que você use seu dom.
    _ Meu dom?... 
    _ Eu sei o que Viktor pensa e que talvez seja difícil para você... Mas, eu já fiz tudo que eu podia e agora isso está me fazendo muito mal. Já se tornou humilhante. Então... Você poderia por favor, modificar minhas memórias e me fazer esquecer... Do Drogo!
    Ela me encarou surpresa. Eu sabia que era uma questão muito complexa. Se Viktor soubesse... Vi ela abaixar a cabeça e quando a ergueu novamente, tinha um olhar tão triste que me senti mal, por pedir isso a ela. 
    _ É uma pena que as coisas terminem desse jeito. Mas, se você não está conseguindo lidar com isso e te faz tanto mal assim... Tudo bem! Eu posso apagá-lo da sua mente. Só que eu não posso apagá-lo do seu coração...
     _ A mente é o suficiente. 
    _ Obrigada Lívia!... Como vai os bebês?_ perguntou Sabrina.
   Lívia mostrou os gêmeos. Mexiam as mãozinhas agitados. 
    _ Eles estão tentado morder, quando pego eles no colo. Só que não tem dentinho ainda. _ ela riu. _ Venham nos visitar quando quiserem.
    _ Pode deixar que vamos sim._ disse Bianca.
    _ Você está radiante Lívia. É visível o quanto está feliz._ disse Gabriela.
    Lívia sorriu. Ela parecia iluminada de tão alegre.
    _ Não poderia estar mais feliz. Não preciso de mais nada!
   _ A gente se vê então. Obrigada por sua ajuda. _ disse Gabriela.
  _ De nada. Só não deixem Viktor saber...
  Agora não tinha mais volta. Esperava não me arrepender da minha decisão. Me despedi de meu grupo querido e peguei a estrada novamente. Enquanto eu seguia, repassava todas as lembranças que eu tinha de Drogo. Desde que o conheci, ao chegar como reforço para a guerra. Era como se eu estivesse dizendo adeus ao meu amor.
    Lívia estava me esperando na sala quando cheguei. 
    _ Nico, meu amor... Pode olhar as crianças um minuto. Preciso falar com a Luísa.
    Nickolae sorriu para ela.
    _ Claro que posso, Liv. 
     Era um casal tão fofo. Que eu queria tirar várias fotos e espalhar pela casa.
     Subi com ela para o quarto. Olhei para a porta do quarto do Drogo. Era melhor para nós dois. Eu não ia incomodá-lo mais. E não iria sofrer. 
     _ Você tem certeza?...
     _ Sim.
    _ Até onde quer que eu apague?...
    _ Pode deixar apenas a primeira lembrança que tenho dele. De quando chegamos para ser o reforço. Naquele primeiro encontro eu não senti nada por ele. Só começou quando tomei o sangue dele. 
    _ Entendi. Olha nos meus olhos...
    Eu respirei fundo e me preparei. Vi os olhos dela ficando vermelhos, pouco antes de minha mente ficar em branco.
    _ Luísa...
    Eu balancei a cabeça para voltar a realidade.
    _ O que foi?...
    _ Está tudo bem?... 
    _ Sim, tudo bem. O que estou fazendo aqui?
    _ Conversando. Eu sou grata a você por ter salvado minha vida. Natasha teria me matado se não fosse por você.
    _ Quem é Natasha?
    Ela sorriu e balançou a cabeça.
    _ Ninguém importante. Só queria agradecer por tudo que fez na guerra. Obrigada!
   _ Por nada!... Eu preciso passar na polícia e ver como está a investigação.
   _ Claro. Nos mantenha informados.
   Eu tinha a sensação que alguma coisa estava estranha, diferente. Mas, não dei importância. 
   Já estava saindo quando alguém me chamou.
   _ Luísa... Posso falar com você...
   Aquele cara... Eu o vi quando fomos apresentados para aquele grupo. Mas, não convivi muito com ele. O que será que ele queria? Porquê me sentia incomodada com ele?
    _ fala.
    _ A sós. 
    Eu o segui para fora da casa. Na direção da floresta. Estávamos longe o bastante para não ouvirem.
     _ E então? Do que se trata?
     Ele passou a mão pelo cabelo. Parecia nervoso. Ansioso.
     _  Você entendeu mal. Eu realmente me sinto atraído por você. De verdade.
      Do que ele estava falando?
     _ Eu não sou mais um cafajeste sem noção, que só se importa com as próprias necessidades. Eu experimentei o amor. Isso muda a gente.
      E o que eu tinha a ver com isso? Eu mal conhecia esse cara. E me sentia muito incomodada com ele.
      _ Eu não quero te magoar. Mas, se você prefere ficar comigo mesmo que eu não te ame, do que me evitar e encontrar alguém... Se isso te machuca menos... Então, tudo bem. Vamos ficar. Sem compromisso.
      Ele se aproximou de mim, na intenção de me beijar. Eu virei o rosto e o empurrei.
       _ Ficou maluco? Da onde você tirou que eu aceitaria ser a diversão de alguém? A gente mal se conhece. Deve ser por isso que me sinto incomodada com você. É porquê você é um babaca narcisista. Se acha irresistível.
       _ O quê? O que aconteceu? Foi você que pediu para ficar comigo.
       Eu dei risada. Não era possível.
       _ Eu jamais ficaria com um cara que não gosta de mim. Ainda mais implorar por migalhas. Me poupe!
       Eu me virei para ir embora. Ele segurou meu braço.
        _ Está tão chateada assim? Não fiz por mal. Estou falando sério agora. Não vou sair com outras, só com você.  E ontem, eu não fiquei com ninguém. A gente só jogou truco. Meus amigos beberam. E as garotas ficaram nos rodeando, mas eu não fiquei com ninguém. E eu não menti. A festa começou na casa de um colega, depois fomos para o bar.
        _ Me solta. Não precisa me dar satisfações. A gente mal se conhece.
        _ Mesmo que não seja tanto tempo, somos amigos. E agora... Vamos ter uma amizade colorida.
        _ Amizade colorida? Acha que sou do tipo que tem um P.A? Isso só mostra que você não me conhece mesmo. Aconteceram coisas na minha vida que me fazem correr de relacionamentos doentios ou sem estruturas. Eu só me relaciono se for de mútuo interesse. Correspondido. Viktor que me desculpe. Mas, não têm a menor possibilidade de eu gostar de você.
      _ O que está acontecendo? Você me ama. Você pediu para ficar comigo. Fez eu ficar confuso e questionar muitas coisas. E agora que eu aceito ficar com você, finge que não aconteceu nada? É engraçado ficar brincando comigo? Já não basta o que passei com Natasha?
       _ Quem diabos é essa garota que todo mundo fala?
       Ele me encarou chocado. Ficou em silêncio, me olhando de cima à baixo.
       _ O que aconteceu com você?
       _ Nada. Eu preciso ir na delegacia ver como está a investigação.
       _ Não sabe quem é Natasha?
       _ Não sei. Nem quero saber.
       _ E o que sabe sobre mim?
       _ Você é do grupo do Nicolae. Estava lá quando fomos apresentados. Foi a única vez que eu te vi. A gente nem conversou. Mal nos conhecemos e você vem com essa conversa estranha?
       Ele se afastou me olhando assustado. Como se eu o tivesse golpeado.
       _ O que você fez? _ ele perguntou.
       Eu revirei os olhos.
       _ Chega seu maluco. Eu tenho mais o que fazer.
        Dessa vez ele não tentou me segurar. Apenas foi junto comigo. Eu entrei na sala para perguntar a Lívia porquê aquele doido estava falando besteiras. Mas, ele foi mais rápido.
        _ Tem algo de errado com ela.
        _ Ei. _ reclamei.
        Nicolae ficou olhando de um para o outro. Lívia se aproximou e depois de me olhar triste, encarou Drogo.
        _ Sinto muito!... Ela não suportou sua rejeição. Não queria que seus sentimentos fosse um peso para você. Então, me pediu para apagar a mente dela. Apagar você, da memória!
       Drogo olhou para mim, como se eu o tivesse atingido de novo.
       _ O que sente ao olhar para ele, Luísa?_ Lívia perguntou.
       _ Dói. Meu coração dói. Me sinto incomodada. Quero ficar longe. Como se ele fosse me machucar. Acho que tenho medo, não sei porquê. Mas, que história é essa de apagar a mente?
       Drogo parecia tão culpado. Ele me olhava com remorso. Quando uma lágrima escorreu por seu rosto, eu me senti triste. Não sei porquê.
       _ A culpa é minha. Só pensei em como me sentia. Não levei a sério seus sentimentos. Desculpe.
       _ Que sentimentos? Que memória apagada? Vocês estão todos malucos.
       Meu coração doeu de ver ele triste. Ergui a mão para enxugar seu rosto. Foi um impulso.
       _ Não tem porquê ficar assim. Não há nada de errado comigo. Não tem porquê se desculpar.
       Eu me virei, saindo. Parei na porta.
       _ Vou na delegacia.
       Saí dalí e entrei no meu carro. Quando foi que eu o comprei? Não lembrava. Mas, sabia que era meu.
      Ver lágrimas caindo pelo rosto dele me fez mal. Era culpa minha? Ele era um vampirão bonito. Mas, eu mal o conhecia e ele queria uma amizade colorida. Não queria namorar. Como eu poderia dizer sim?
       Afastei os pensamentos e acelerei na direção da delegacia. Eu tinha outras coisas para me preocupar.

   

    

   

Is It Love? Drogo - Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora