Henry's Destiny (Prólogo)

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Terça-feira, 23 de março de 1982


— Vamos Henry, você é um lerdo – ela solta aquela gargalhada gostosa que eu tanto amo

— Ah Carrie, assim não vale – eu disse ofegante – isso é uma injustiça, você sabe que eu sou mais velho que você – parei para respirar assim que chegamos ao nosso destino, o pier que ninguém frequentava, apenas eu e Carrie. Ela me olhou com uma cara de debochada e eu já sabia o que viria a seguir

— Oh me desculpe senhor idoso – ela disse num tom irônico, mas logo voltou ao normal – fala serio Henry, você fala como se tivesse 70 anos

— Pelo menos consegui chegar ao nosso destino, certo?

Ela revirou os olhos e sentou na borda puxando minha mão para fazer o mesmo. Ficamos ali só observando o mar e o pôr do sol cerca de alguns minutos, aquele era o melhor momento do meu dia.

— Henry – ela me chamou

— Oi, Care

— Você já pensou sobre a vida? – confesso que aquela pergunta me pegou de surpresa

— Pensar sobre a vida? Poxa, Care, eu ainda só tenho quinze anos

— É mas, o tempo passa rápido né, olha só pra gente, você já tem QUINZE anos Henry – ela soltou um breve suspiro – tudo bem que você acabou de entrar no ensino médio, mas todo mundo diz que passa num piscar de olhos sabe. Você não pensa em sei lá, com o que você vai trabalhar, se você vai casar, ter filhos, essas coisas de adultos

— Ah, eu não sei, Care, eu sempre quis ser advogado por causa desses programas que passam na TV, já imaginou? – olhei para o alto um instante me imaginando um advogado famoso desvendando casos, mas logo voltei à realidade – mas casar? Sei lá, parece uma coisa meio distante, acho que eu teria que gostar muito da pessoa, você sabe que eu me enjoo muito fácil das coisas

— É, eu sei, você enjoa de tudo e de todos, daqui a pouco enjoa de mim e me esquece também –   ela fingiu estar triste

— Ei! – gritei – Claro que não Care, você é minha melhor amiga, jamais me enjoaria de você – puxei ela para um abraço apertado esmagando-a – e se fosse pra enjoar eu já teria enjoado, vejo essa sua cara feia todos os dias tem 6 anos – escutei ela soltar um riso abafado

— Ta bom, ta bom, ta bom super amigo, já pode me soltar se não eu quem vou enjoar de você

— Hey, eu te falei o que eu queria da minha vida e você não me disse nada sobre você

— Você não disse o que queria da vida, você só disse que queria ser tipo o Sherlock Holmes – me lançou um olhar debochado

— Não tem nada a ver uma coisa com a outra, Care – soltei uma gargalhada – mas diz aí, o que você pensa sobre a vida? – ela fez cara de paisagem por um momento como se estivesse pensando mesmo e voltou a me olhar

— Na verdade eu não sei, só quero saber o que o destino vai me proporcionar

— Bom, nesse caso, mesmo se a gente se separar um dia, tomara que o destino dê um jeito de por a gente junto de novo, certo?

— Tomara – ela deu mais uma das suas gargalhadas, eu não me cansava de assistir aquela cena, se eu pudesse gravar uma única cena da minha vida para assistir sempre com certeza seria a Care rindo, esse momento ilumina meu dia por completo

— Care?

— Oi, Henry

— Amo você – aquela gargalhada chegou aos meus ouvidos mais uma vez

— Você também é o meu melhor amigo, Henry.

...

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