Treze: Carrie

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Medo, eu sentia medo

Pânico, eu sentia pânico

Minha vida era sinônimo de miserável

Eu não comia nada desde ontem, e agora eu desejava simplesmente desaparecer do mundo, eu desejava não existir, mas não era como se eu existisse para as pessoas além de Amelia e Adam.

Adam, toda vez que eu olhava para o meu filho eu me arrependia amargamente, tão amargamente que sentia o gosto do desgosto, desgosto de mim mesma. Não me arrependia de ter engravidado, isso jamais, eu amava Adam mais do que tudo. Me arrependia de ter deixado ele, de nunca ter contado nada, nada sobre Adam, de nunca ter pedido ajuda.

Sentada na mesa da cozinha eu assistia Amelia pegar o vidro de xarope quase vazio e ir para o corredor. Eu sabia aonde ela estava indo, sabia o que iria fazer, sabia quem estava lá.

Continuava estagnada na cadeira, a raiva e a amargura da vida me consumindo, eu sabia o que iria acontecer, mas não queria acreditar. Eu queria ignorar, queria fingir que tudo iria ficar bem, mas não ia, nada ia ficar bem, tudo estava uma merda, tudo estava destruído, minha vida se desfazia em minhas mãos e eu não podia fazer nada, por mais que eu tentasse, tudo parecia só piorar.

O som estridente da campainha me tirou dos meus devaneios, Amelia não atenderia, e mesmo sem querer ir, automaticamente me levantei e fui, passei pelo jardim, o jardim estava morto, encarei o alto muro cinza da casa, cinza era uma cor sem vida, eu não tinha mais vida, eu apenas existia. Por todos esses anos eu apenas estive aqui, vegetando.

Com as mãos trêmulas alcancei a maçaneta do portão, e abri.

Um calafrio me atingiu.

Minhas pernas tremeram.

Meu Deus.

Desespero, eu sentia desespero.

Ele estava de costas, mas eu sabia que era ele.

Que merda ele estava fazendo aqui?

Virou-se e me encarou, me encarou com aquelas malditas, filhas da putas, escrotas, mas lindas turmalinas azuis. As mesmas que Adam carregava.

Estava diferente.

Não era um garoto, era uma homem.

Um homem estupidamente e ridiculamente lindo.

— Carrie – sua voz estava grave

Esboçou um sorriso em seu rosto mas eu não conseguia mostrar nenhuma reação além de espanto.

— Que bom te ver – rá! Duvido

— O que... Faz aqui? – provavelmente minha cara de surpresa não estava nada boa já que sua expressão caiu

— Bem eu... – olhou para os lados confuso – E-eu...

Olhos confusos, gaguejando, nervosismo. Estava sem graça. Igualzinho Adam quando estava sem graça. Adam era igual ele.

Seus lábios mexiam e eu não escutava nada, só observava. Ele estava aqui, depois de todo esse tempo, estava aqui, na minha frente.

Oh meu Deus

Estava aqui!

Henry está aqui!

—... então vim para cá e... – quem se importa como chegou aqui, Henry?

Eu me importo

— Entra – interrompi

— Tudo bem

Henry sentou na mesa da cozinha e eu fazia um café, ou pelo menos tentava.

— Então, como estão as coisas?

— Péssimas – respondi sem filtrar – e com você?

— Boas, eu... acho

O silêncio se instalou, até que escutei passos vindo do corredor. Amelia

— Carrie – sua voz estava trêmula, seus olhos marejados e ela me olhava com pena.

Merda.

Mil vezes

Merda.

O caneco de café foi ao chão, sujando-o.

Não esperei mais nenhum segundo para correr para o quarto no final do corredor.

Abri a porta e ela estava la.

Olhos fechados.

Imóvel

Imóvel

Andei até a cama e sentei ao seu lado. Seus pequenos cachinhos loiros não tinham tanta vida, a pele pálida, e imóvel.

Esperei tanto para que esse momento não chegasse. Mas chegou

Observei o corpo da minha pequena filha de seis anos, já sem vida.

Não sei por quanto tempo fiquei ali acariciando os fios dourados, mas foi tempo suficiente para Henry entrar no comodo e assistir a cena. Ele não entendia.

Ficou em pé ao meu lado e me olhou, com pena.

— Sinto muito, Carrie – tocou meu ombro – se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, eu estou aqui

Me levantei

E Henry me abraçou, me abraçou apertado

E eu chorei

Compulsivamente

— Estou aqui – sussurrou.

Oi anjinhos!!! Capítulo sexta? Capítulo sexta!

Espero que gostem!

Pra quem não entendeu nada e acha que eu to fumando banana amanhã tem capítulo normalmente e vai explicar tudo o que aconteceu com a Carrie nos últimos 12 anos, então relax S2.

Não se esqueçam de comentar e da estrelinha que me ajuda muitão

Até amanhã amorzinhos!

XOXO

When We Were YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora