Quatorze: Henry

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Amelia sentou-se na mesa e serviu o café quente na xícara em minha frente. Eu estava me sentindo totalmente perdido dentro dessa casa, onde Carrie tinha ido? Por que estava arrasada daquela forma? Estava me coçando de curiosidade mas não ia ser inconveniente e perguntar o que havia acontecido, seja lá o que for parecia muito sério.

— Sr. Donovan, é bom te ver depois de tanto tempo – quebrou o silêncio

— É bom te ver também, Sra. Honeywind – santo Deus! Estava muito constrangido – Por favor, me chame de Henry, não sou de tantas formalidades

— Bom, nesse caso me chame de Amelia então – concordei com um aceno de cabeça – sinto que não está entendendo nada, certo? – está tão na cara assim?

— Não quero ser inconveniente, Amelia

— Não estará sendo inconveniente se eu me oferecer para explicar – sorriu sem mostrar os dentes

— Bom, então sou todo ouvidos – sorri de volta

— Henry, você já sabe de cor a parte que Carrie te dispensou e você foi embora, mas – suspirou – tudo mudou depois do incêndio na mansão, os pais dela morreram – já começou tacando essa bomba em cima de mim, meu Deus que coisa horrível! – por sorte Carrie não estava em casa, os bombeiros me ligaram mas quando cheguei eles disseram que já não tínhamos mais tempo, os corpos estavam carbonizados e a casa já tinha sido queimada – pobre Helena! – Constataram que o incêndio foi causado por uma vela acesa na escrivaninha do quarto do casal que se espalhou através da cortina – tomou um gole de café antes de continuar – Foi uma época muito difícil para nós, as contas de Richard estavam em branco e não tínhamos dinheiro – Filho de uma puta! Sempre odiei Richard com todas as minhas forças – Até então só eu trabalhava para conseguir comida para meus sobrinhos e pagar o aluguel, meu dinheiro estava acabando e eu estava desempregada, mas com a preocupação de sermos despejadas, Carrie começou a trabalhar num mercado de esquina e pagava o aluguel com todo o seu salário que não era muito alto. Tudo estava correndo bem durante seis anos, Carrie até conheceu um rapaz bem simpático e estavam namorando – nossa que ótimo! Odiei – mas depois de alguns meses ela descobriu que estava grávida e Thomas simplesmente sumiu do mapa após saber da notícia – GRÁVIDA? FILHO DA PUTA! Controlei a vontade de virar a mesa de ponta cabeça e voltei a prestar atenção em Amelia – Depois de uma semana recebemos um convite de casamento já que todas as correspondências que eram para ser enviadas para a mansão eram direcionadas para cá – suspirou novamente – você, Henry, você iria se casar. Quando Carrie soube ela ficou abalada, porque você sabe, ela sempre foi apaixonada por você – e eu por ela – e depois disso ela estava sempre triste, todos os dias, durante anos, ela estava com o coração partido – eu também estava com o coração partido porra! Acha que queria me casar? – Mas a tristeza dela piorou quando Brianna, sua filha, adoeceu, levamos ela no médico e ele disse que ela estava com apenas uma simples gripe e receitou alguns xaropes. Ela tomou xarope durante meses, Henry, meses! A gripe, a febre, não passavam de jeito nenhum, voltamos no hospital e um médico continuou receitando xaropes, até que ela não aguentou mais e fez um escândalo exigindo que falassem o que a filha dela tinha, você sabe como ela é quando fica irritada – riu brevemente e eu concordei, ah como eu sabia! – Quando resolveram parar de nos enrolar, um médico diagnosticou pneumonia – bufou lamentando - Carrie ficou mais arrasada, tentamos de qualquer jeito internar Brianna mas nos disseram que não tinham espaço e nós também não tínhamos dinheiro, o que tínhamos só dava para pagar alguns remédios, Carrie fez tudo o que pode, ela não parou de correr atrás em nenhum momento, mas em qualquer situação encontrávamos obstáculos impossíveis de passar, como se tivessem sido colocados lá de propósito! Sofremos com isso durante quase um ano, bom, até – não concluiu a frase e olhou para as mãos, parecia chorar

When We Were YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora