Três: Henry's Confession

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(a época das músicas utilizadas não são válidas em relação a linha temporal da obra)


Terça-feira, 5 de outubro de 1982


Os raios de sol começavam a entrar pela janela do meu quarto denunciando que o dia estava amanhecendo, aquele era o meu aviso para levantar da cama depois de passar a noite toda em claro.

Carrie, ah! A Carrie, o motivo pelo qual eu não durmo direito há dias, há semanas, só pensando nela a noite inteira, só pensando o quanto eu estou sendo babaca de tentar ignorá-la por tanto tempo depois do dia que ela esteve aqui e eu agi por impulso beijando-a. Do jeito que eu conheço a peça, deve estar escolhendo a dedo a faca que vai apunhalar no meu coração por ter passado meses sem falar com ela direito e inventando uma desculpa para sair correndo cada vez que tentava falar comigo no colégio, bom, não que ela precisasse de uma faca para fazer isso. Estava me corroendo por dentro e já começava a corroer por fora. Eu precisava vê-la, eu precisava falar com ela, falar tudo, e não podia deixar para outro dia.

Me levantei da cama indo em direção ao banheiro, parei em frente ao espelho e avaliei meu reflexo. "Você passou a noite bebendo por acaso?" Carrie diria. Não, eu só passei as últimas noites, das últimas semanas, dos últimos meses pensando em você.

— E eu queria ter coragem o suficiente para dizer isso – disse para mim mesmo em frente ao espelho, em seguida lavando o rosto para ver se a minha situação de morto evoluísse para, pelo menos, morto-vivo.

Depois de por uma roupa decente saio de casa e caminho em direção a locadora do Levi, o espaço da minha mente que Carrie não ocupava sobrava para as fitas VHS, Indiana Jones e 007 pareciam ótimas distrações.

Assim que passei pela porta o sino preso na mesma avisou minha presença.

— Henry! – Levi disse assim que meu viu – a que devo o prazer da sua visita? – questionou o velho homem que estava atrás do balcão

— Só vim devolver as fitas que peguei semana passada, Levi – falei colocando a sacola com as fitas no balcão

— Espero que tenham te distraído, você parecia bem tenso semana passada – ele pegou a sacola me lembrando do dia que vim alugar as fitas

— Os mesmos problemas de sempre, você sabe – ouvi uma risada abafada como resposta –  então, quanto ficou?

— Essa garota te tira mesmo do sério – concordei com a cabeça – para você são 5 dólares – tirei a nota um pouco amassada do bolso e estendi para o homem

— Obrigado Henry, é sempre um prazer – ele agradeceu

— Eu que agradeço, Levi – já me virando para ir embora ouço ele me chamando

— Antes que eu me esqueça – parei para prestar atenção nele – hoje irá abrir um parque aqui perto, achei que seria uma oportunidade para você chamar sua amiga para sair, aproveite que hoje a entrada é franca – ergueu o braço com 2 pedaços de papel na mão e logo deduzi que eram ingressos que ele havia comprado, piscou o olho direito assim que peguei os mesmos

— Vou pensar na ideia – disse com os olhos fixos nos papeis em minhas mãos – obrigado, Levi, até mais – acenei

Assim que saí da locadora o ar fresco me atingiu em cheio, até que não era má ideia chamar Carrie para sair, talvez poderia ser minha oportunidade de contar tudo para ela, além do mais meu coração estava prestes a pular fora do meu corpo de tanta vontade de vê-la. Ela iria sair comigo hoje.

When We Were YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora