Cinco:

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Alguns dias depois...

Alexandra:

Acordei sobressaltada com um barulho forte sobre a janela, quando os pesadelos finalmente me deixaram dormir o vento forte fez com que os galhos da árvore arranhassem o vidro me causando arrepios pelos barulhos.

Esfreguei meus olhos indo analisar o grau da chuva e para variar, mais uma tempestade horrorosa. Arrastei-me até o banheiro e tomei um banho para despertar de uma noite mal dormida, desci para o café e Frank estava vestido formalmente. Ri analisando cada detalhe do meu pai, os anos não o afetaram e vê-lo tão bem vestido sem sua farda de costume me encheram os olhos.

-Um encontro pela manhã? – dei-lhe um beijo na bochecha.

-Ora querida, não diga bobagens. Tenho uma reunião em Vermont, do comitê, infelizmente. – ele suspirou sem ânimo.

-Está tão animado assim para essa reunião? – caçoei e ele fez uma careta. –Então não vá, fique aqui comigo alugamos alguns filmes e enchemos nossos corpos com pipoca! – sugeri o abraçando. Como é bom ter meu pai por perto, queria muito que sua resposta fosse sim, mas levando em conta o modo como estava vestido imagino que é algo inadiável.

-Era tudo o que eu mais queria. Só que infelizmente essa reunião é anual e nela são apresentados os projetos de cada setor, sabe como funciona essas coisas chatas de leis e legislação, então eu realmente preciso enfrentar a estrada nessa chuva. – Frank fez uma careta engraçada. –A propósito filha, quando chega meu carro?

Engasguei com o suco que estava tomando, eu realmente não sabia o que dizer a ele. Eu simplesmente vim embora e deixei o carro na responsabilidade de Adam. Então eu ia ter que vê-lo novamente? Oh céus!

- Bem, eu... quer dizer. – respirei fundo na tentativa vaga de me acalmar e saber ao certo o que dizer ao Frank, que me olhava interrogativo e curioso. –Está na responsabilidade de Adam, como vocês são conhecidos eu pensei que pudesse passar lá ou ligar para ele.

- Tudo bem, querida, não há problema. Vou pedir que assim que ele terminar venha me trazer, mas conhecendo as habilidades daquele garoto creio que logo ele estará batendo aqui. Vocês ficaram próximos pelo que notei, pouco tempo e já fez amizades. – ele sorriu.

Ah, claro! Se Frank ao menos soubesse o quanto o "grande garoto" é um marrento, mal educado e prepotente, não estaria com esse sorriso bobo nos lábios. E não, definitivamente não estamos próximos, não quero ficar próxima daquele ogro e não somos amigos. Só que não diria nada disso a Frank.

-Oh claro, ele é boa pessoa. – forcei meu melhor sorriso e acho que o convenci.

-Que bom, o Adam sofreu muito. – seu olhar ficou vago, pude perceber que ele estava em devaneio. – Agora eu preciso ir querida, qualquer coisa ligue para Camilla, ela está avisada e eu não poderei atender a nenhuma ligação. Se cuide! – Frank beijou minha bochecha antes de pegar sua carteira e chaves da viatura.

Ele só podia estar brincando, ligar para a minha irmã era a última coisa que faria em toda a face da terra! Nem mesmo se essa casa incendiasse. Ri sozinha com a minha piada maldosa.

Tomei o meu café e deixei tudo limpo na cozinha, Frank é um pouco bagunceiro, mas todos os homens brilhantes são! Corri direto para a sala ligando a tevê e me esparramando no sofá, zapeei os canais e não havia nenhuma programação que me atraísse de fato.

Ótimo, o dia vai ser perfeito. Enfurnada dentro dessa casa com esse baita temporal lá fora, logo a saudade de dona Laura começou a se apoderar de mim e nada melhor do que ver seu rosto novamente. Desliguei a televisão e fiquei divagando vendo as fotos da minha querida mãe no celular. Um bolo se formou em minha garganta, uma dor aguda invadiu meu peito e meus olhos começaram a transmitir toda aquela angustia que estava se aflorando. Como ela me faz falta, como os dias com sua ausência estão sendo difíceis de suportar, por mais que eu esteja gostando de ficar com meu pai eu sinto falta da minha casa, da minha vida, mas não sei como serão os dias dentro do lar onde eu agora irei ter que viver sozinha.

Feridas da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora