Dezenove:

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Hector:

Entramos no carro de Adam, eu no banco do carona, Frank e meu pai atrás, Adam dirigia rápido, mas mantinha uma boa distância de Camilla, afinal, ela não podia saber que a seguíamos, minha filha estava sendo corajosa, eu sabia que ela fazia isso para descobrir onde a tia estava sendo mantida.

Eu sempre soube que Camilla era invejosa, que fazia tudo por dinheiro, que não tinha um caráter impecável, mas sequestrar Alexandra apenas para extorquir dinheiro de Adam? Meu Deus, ela era uma lunática, louca, total e completamente, nunca que eu deixaria minha filha conviver com essa cobra. Claro que eu não era nenhum santo, dado o que eu havia tentado fazer com a própria Alexandra, mas, eu havia me arrependido amargamente, ver a decepção nos olhos da minha filha, que era a pessoa, fora meus pais e irmãos, que eu mais amava no mundo, doeu e doeu fundo, nunca mais eu faria algo para ver novamente a decepção nos olhos de April.

Minha filha era a única coisa boa do meu relacionamento com Camilla. Eu faria de tudo para protege-la. Agora eu entendia Adam, amar alguém nos transformava e eu estava amando pela primeira vez, na verdade era uma paixão antiga, que havia retornado para minha vida e estava me transformando em um novo homem, ou fazendo com que eu voltasse a ser o Héctor de antigamente, de antes de Camilla.

O carro engolia os quilômetros, Adam dirigia com precisão e atento, afinal, a estrada era perigosa e o tempo ameaçava chover. Um grito escapou da minha garganta, involuntariamente ao ver minha menina cair para fora do carro que Camilla dirigia, eu via, mas não conseguia acreditar. Um caminhão veio de frente com o carro, Camilla tentou tirar, mas não conseguiu, a porta que April deixara aberta bateu na lateral do caminhão, devido a velocidade que a louca dirigia, ela não conseguiu controlar o carro e derrapou na curva, o carro capotou várias vezes. A única coisa que eu queria fazer era socorrer minha pequena.

Adam parou ao lado da estrada onde April estava deitada, desci correndo para ver minha filha.

-Filha, filha, como você está?

-Papai!

April apenas chorava.

-Está machucada? Quebrou alguma coisa?

-Não, não sei, meu braço direito está doendo muito, caí em cima dele, mas acho que fora os arranhões, estou bem.

Ela tentou levantar e eu a apoiei. Vários curiosos se aglomeravam em volta do carro de Camilla. Frank estava com o celular na orelha, deveria estar chamando o socorro.

-Adam! Eu sei onde tia Alexandra está, vamos busca-la.

April estava eufórica, não parecia se preocupar com o que poderia ter acontecido com sua mãe.

-Você irá para o hospital, April. Me passe o endereço que eu irei.

-Irá sozinho Adam? – Eu indaguei, afinal, não sabíamos quem eram os comparsas de Camilla.

-Pai, é apenas o ex namorado de tia Alexandra que está com ela, Adam dá conta.

April então passou o endereço para Adam e ele partiu em seu carro, sabíamos que logo meu irmão estaria chegando para nos buscar.

~*~

Adam:

April me deu as indicações para encontrar Alexandra, eu estava preocupado, Derek estava com ela, como eu iria encontrá-la? Essa era a minha maior preocupação. Derek pagaria, Camilla já estava pagando, afinal, não sabíamos as extensões de seus ferimentos ou se ela ainda estava viva, mas agora pelo menos teríamos paz, assim que Alexandra estivesse novamente ao meu lado conseguiríamos a tão merecida paz.

Arranquei com o carro, o trânsito já estava ficando caótico, o caminhão que havia batido no carro de Camilla bloqueava metade da pista. Mas eu não me importava com mais nada, tudo o que eu queria era minha mulher ao meu lado, em segurança. Por Deus! Alexandra estava grávida, nos últimos meses, tudo o que ela merecia era ter um final tranquilo de gestação, ela já havia passado por tanta coisa, já havia sofrido tanto, tudo o que eu desejava era preservá-la de mais sofrimento.

Pisei forte no acelerador, eu conhecia mais ou menos o local onde April disse que Alexandra estaria, então me encaminhei direto para lá. Em poucos minutos eu estacionava em frente ao endereço.

Alexandra:

Eu sentia minha barriga dura, meu bebê se mexia bem pouco, eu estava assustada e com medo, medo de que alguma coisa acontecesse com ele, medo de que April fosse machucada de alguma maneira, Camilla não, Derek eu conseguiria controlar, ele era fraco, mas Camilla era doente e totalmente sem limites.

A porta do quarto se abriu e Derek entrou novamente, eu percebia que ele estava preocupado comigo.

-Alexandra, eu sei que errei, sei que não deveria ter dado ouvidos ao que Camilla me disse, descobri tarde demais que ela é louca. – ele tentou se desculpar.

-Derek, você sabe que irá para a cadeia, não é mesmo? Meu pai não irá perdoar o que fez, muito menos eu, o que estava pensando?

-Eu nunca deveria ter deixado você ir, nunca deveria ter me deixado seduzir por outra garota, afinal, eu tinha você.

-A melhor coisa que você fez foi ter me traído, percebi isso quando conheci Adam, ele é o homem que eu amo, o homem da minha vida e o pai do filho que eu espero, Adam é tudo o que eu sempre desejei.

-Eu não posso libertá-la simplesmente, Camilla não irá permitir que você viva, ela a quer morta Alexandra, você pode vir comigo, eu a ajudarei, irei deixa-la em um lugar seguro.

-Não há necessidade, da segurança da minha mulher e do meu filho, cuido eu.

Ouvir novamente aquela voz, me deu segurança e uma felicidade sem precedentes, eu sabia que Adam daria um jeito de vir ao meu encontro, que ele me salvaria.

-Adam! Meu amor! Que bom ver você. – Como se ouvir a voz do pai fosse que tudo o que meu bebê precisava, ele deu pulo dentro da minha barriga.

-Se afasta da minha mulher, Derek, ou eu não responderei por mim.

-Como eu disse, posso manter Alexandra segura, Camilla não irá permitir que saiam daqui.

-Camilla não é mais um problema, ela deve estar morta agora, ou quase morta.

Derek ergueu as duas mãos em sinal de rendição.

-Isso não ficará assim, você ajudou Camilla a sequestrar Alexandra, a manteve em cativeiro contra a vontade dela e pagará por isso, eu mesmo poderia começar a fazê-lo pagar, mas minha prioridade é minha mulher e o nosso filho dentro dela.

Sim, eu amava aquele homem, amava Adam de uma maneira que nem eu mesma entendia.

Feridas da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora