Vinte:

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Frank:

Eu acompanhava o trabalho dos paramédicos reanimando aquela que sempre tratei como filha e Camilla era minha filha, mesmo que não tivesse nascido de mim.
Quando eu descobri pude entender muita coisa em relação à personalidade dela, mas a culpa não era dela, nem minha, eu fiz o possível para que ela tivesse o melhor de mim, dei carinho, amor, atenção, bens materiais, mas ela sempre quis mais, eu percebia isso, no entanto, quando ela começou a namorar com Adam eu realmente acreditei que ela conseguiria ser e fazer ele feliz, eu não poderia estar mais enganado, agora vendo Adam e Alexandra, percebia-se que um havia nascido para o outro.
O corpo de Camille estava todo machucado, mas ela ainda estava viva, não sabíamos até quando, ou a que preço e como ela estaria se conseguisse se recuperar.
Agora, tudo o que eu mais desejava, era que minha Alexandra estivesse bem, ela estava prestes a dar à luz ao meu neto e eu pedia a Deus para que esse sequestro não a prejudicasse.

~*~

Alexandra:

Deus ouviu minhas orações e eu estou agora no carro com Adam. No banco de trás, com as mãos amarradas e o nariz quebrado, estava Derek, Adam havia perdido a paciência e acabou batendo nele, Derek não acreditou que Camilla havia sofrido um acidente e insistia em dizer que eu estaria segura ao seu lado, que ele cuidaria do meu filho com Adam, como se fosse dele, claro que Adam não aceitaria, muito menos eu.
Mas agora, graças a Deus, estamos a salvo, Adam insistiu em me levar para o hospital e para que ele se tranquilizasse, eu aceitei, mas após ele me encontrar, as pontadas que eu estava sentindo abaixo da barriga, haviam passado, como que por encanto, como se nosso bebê soubesse que estaria seguro ao lado do pai.

Ao chegar em frente ao hospital, estava a maior correria, a ambulância com Camilla havia acabado de chegar, meu pai estava andando de um lado para outro, quando me viu correu ao meu encontro, preocupado. Adam relatou a ele tudo o que havia acontecido e Frank deu ordem para que o policial ao seu lado levasse Derek até a delegacia.
-Você está bem mesmo, minha filha?
-Sim, meu pai, eu estou bem. Lilian vai me examinar e deixará vocês despreocupados, Derek, não fez nada contra mim. Mas, me diga, como Camilla está?
-Pelo que ouvi dos paramédicos, é um milagre ela estar viva. Entrou direto para o centro cirúrgico.
-Eu vou esperar com você.
-Negativo! Assim que Lilian te examinar e descartar qualquer problema, você irá para casa comigo, precisa descansar, quando Frank tiver notícias poderá nos telefonar.
-Adam está certo, minha filha. Você passou por um trauma, mesmo alegando estar bem, já passou por tanta coisa, vai para casa, descansa, erga esses pés que estão inchados e deixa que eu dê notícias.
Como eu realmente me sentia esgotada, não tive forças para discutir com os dois homens da minha vida, eu precisava pensar no meu filho, ele era minha prioridade agora.
Beijando o rosto de meu pai, me despedi e Adam me acompanhou até a sala de Lilian. A porta estava entreaberta e ela dava algumas instruções para uma das enfermeiras. Ao ver-nos em frente à porta, nos fez sinal para entrar.
-Alexandra! Entra! Que bom que a encontraram. Sente-se e me diga como está se sentindo.
-Eu senti algumas pontadas enquanto estava em cativeiro, uma dor forte logo abaixo da barriga, mas que passou assim que Adam me encontrou.
-Deite-se na maca que vou examina-la, depois irei fazer uma ultrassonografia para termos certeza de que está tudo bem.
Lilian me examinou, verificou minha pressão arterial, os batimentos cardíacos, os batimentos do bebê, exame de toque e por fim, a ultrassonografia.
-Aparentemente, tudo está bem, as pontadas devem ter sido devido a tudo o que aconteceu, mas ainda não está em trabalho de parto. O bebê está bem tranquilo aqui dentro. - ela brincou.
-Ainda bem, eu fico mais sossegado sabendo que meu filho está protegido aqui dentro. - Adam respondeu, tocando minha barriga com carinho.
-Mas, quero que você descanse Alexandra, volte para casa, tome um bom banho relaxante, erga os pés, fique pelo um dia deitada, sem muitos excessos. Claro que poderá namorar, carinho e amor só farão bem ao bebê.
-Obrigada, Lilian! Irei fazer exatamente como mandou. Quero que meu filho nasça só quando estiver pronto.
Nos despedimos e Adam me abraçou protetor. Quando vim ao encontro de meu pai, após passar por tanta dor, nunca poderia imaginar que encontraria um homem que me daria tudo o que eu precisava. Adam me protegia, cuidava de mim, me amava. Mesmo sentindo a falta de minha mãe, eu estava feliz, eu amava aquele homem forte e ao mesmo tempo gentil.
Meu filho teria um pai presente, um pai que o amaria acima de tudo e de todos, ele conviveria com o pai.
-Amo você, Adam! - eu disse a ele! Queria que ele soubesse que eu amava.
Adam me olhou sorridente, aquele sorriso dele me desconcertava, me aquecia.
-Eu a amo e amo muito nosso bebê!
Seus lábio tocaram os meus delicadamente. Os dedos tocaram meu rosto com carinho.
-Linda! Você é tão linda e eu a amo!
Meu coração se enchia de alegria cada vez que ele se declarava assim. Adam era o homem dos sonhos de toda mulher e eu realmente tinha muita sorte!

~*~

Frank:

As horas passavam lentamente, parecia que os ponteiros do relógio teimavam em não andar, April havia me ligado e ela estava bem, com várias escoriações, hematomas, mas estava bem. Queria notícias de Camilla, mas ainda não tínhamos nenhuma.
Olhei novamente para o relógio, oito horas da noite, o cansaço já me dominava, não aguentava mais, no entanto, o fato de não ter notícias ainda e de que a cirurgia ainda estava em andamento poderia ser boa notícia, afinal!
-Frank!
Doutor Collins veio ao meu encontro, ele ainda vestia a roupa do centro cirúrgico.
-Então! Como foi tudo?
-Camilla é forte, os ossos da medula foram dilacerados, é um milagre que ela ainda esteja viva. Vamos encaminha-la para UTI, por enquanto a manteremos em coma induzido, será o melhor, agora, só quando ela acordar poderemos ter uma verdadeira noção de sua condição, mas já adianto que será quase impossível que ela volte a ter sensibilidade nas pernas e nos braços, Frank, Camilla irá ficar tetraplégica.
-Tetraplégica? Camilla, tetraplégica? Até parece castigo!
Eu estava pasmo, Camilla não aceitaria sua nova situação, uma moça tão vaidosa, sempre tão narcisista, ficar agora dependente de outras pessoas até mesmo para as tarefas mais simples.
-Olha Frank! Sei que será difícil cuidar dela assim, eu até indicaria uma clínica de reabilitação, mas a situação dela é irreversível, ela conseguirá no máximo movimentar o pescoço, Camilla irá necessitar de cuidados extensos e intensivos, precisará de varias pessoas cuidando dela, enfermeira, fisioterapeuta, pessoas preparadas para cuidar dela, existem instituições próprias para isso, seria o mais correto.

Sim, seria o correto, afinal, como eu cuidaria dela em minha casa? Seria preciso adaptar tudo, sem contar os custos com todos os profissionais, realmente em casa seria inviável. Tanta coisa a se pensar a partir de quando ela recebesse alta.

Feridas da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora