Quinze:

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Alexandra:

Eu e Aline saímos do hospital ansiosas, eu acessei a internet pelo celular e digitei o login e a senha que o laboratório me passou, meus olhos se encheram de lágrimas ao ver o resultado, eu realmente esperava um filho de Adam. Ao perceber minha reação Aline encostou o carro no acostamento e me abraçou, ela estava evidentemente emocionada também.

-Estou tão feliz por ser tia, vou mimar tanto essa criança. – ela disse rindo e chorando. -Claro que eu estava certa, afinal, quem sai na chuva é para se molhar e vocês dois brincaram muito na chuva.

-É, a gente abusou da sorte mesmo, mas sabe, estou feliz com a notícia de que terei um filho, afinal, é uma vida, depois de ter chorado tanto pela morte da minha mãe, agora irei comemorar a vida, finalmente o destino resolveu me presentear com algo bom.

-Adam vai ficar louco de felicidade. Conhecer você foi muito bom para ele, nunca vi meu irmão tão feliz, você só trouxe coisas boas para nossas vidas.

-Aline, quero que você me deixe na cachoeira e peça para que Adam venha me encontrar, eu quero estar em um lugar cheio de paz, para dar essa notícia a ele.

-Tem certeza?

-Sim, eu preciso desse tempo sozinha para assimilar tudo isso, ainda estou surpresa.

-Vou tentar ser a mais discreta possível, se ele questionar o motivo de você querer que ele venha até a cachoeira eu invento uma desculpa.

-Obrigada Aline, obrigada mesmo, você é a melhor amiga e cunhada que eu poderia ter.

Aline ligou o carro e foi em direção da cachoeira, parou e ficamos uns instantes apenas admirando a beleza do lugar.

-Tem certeza de que ficará bem?

-Sim, tenho sim, olha só para tudo isso, essa paz, essa harmonia da natureza, é lindo!

Eu desci do carro e me aproximei do despenhadeiro, a queda d'água estava forte devido as intensas chuvas dos últimos dias. Mas aquele barulho me trazia paz.

Me sentei na grama e lembrei da tarde em que eu e Adam nos amamos alí mesmo naquele lugar, nossa primeira vez, talvez até tenha sido por esse motivo que escolhi aqui para lhe contar que íamos ter um filho. Inevitavelmente meus pensamentos foram para minha mãe, ela teria gostado da ideia de ser avó.

                                                                                                ~*~

Adam:

Entrar em meu quarto agora compartilhado com Alexandra e ver suas coisas juntas com as minhas, as roupas no closet, seus produtos em cima da bancada de mármore do banheiro, era diferente, mas um diferente bom, sempre gostei da minha liberdade, de morar sozinho, mas agora era satisfatório saber que eu tinha alguém com quem compartilhar algumas particularidades da minha vida, eu não estava mais sentimentalmente sozinho.

Meu pai sempre falava que o homem não havia sido feito para estar só, até conhecer Alexandra eu discordava dele, mas agora eu entendia perfeitamente bem o que ele quis dizer. Conhecer Alexandra mudou muitos dos meus conceitos, minha maneira de pensar, eu acreditava mesmo que ficaria solitário, sem nenhuma mulher permanente em minha vida e estava feliz com essa possibilidade, ou ao menos pensava que era feliz.

Sabíamos que teríamos muitas coisas para ajeitar ainda, muita coisa para trabalhar em nossa relação, no fato de termos que compartilhar uma vida em conjunto, dar satisfação, coisas que ao meu ver não era tão difícil já que eu sempre fiz isso com meu pai e minha irmã, nunca deixei de comunicar a eles onde estava e com quem, devido ao acidente que vitimou minha mãe, eles ficavam preocupados se eu demorava para voltar, o mesmo acontecia quando Aline saía e demorava para dar notícia, eu ficava preocupado, com medo de que algo acontecesse a ela. Agora com Alexandra eu tinha ciência de que estaria mais neurótico principalmente por causa do desequilíbrio evidente de Camilla. Eu tinha receio de que quando ela descobrisse que não era filha biológica de Frank seu ódio por Alexandra aumentasse, precisávamos ficar atentos.

Feridas da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora