Dezessete:

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Alexandra:

Como se esperava, todos da família e nossos amigos ficaram felizes com a notícia da gravidez. Adam me acompanhou na ultrassonografia, a imagem daquela pequena sementinha que crescia a cada dia dentro de mim, nos emocionou até as lágrimas, Lílian também demonstrou felicidade ao contemplar o quanto estávamos felizes.

April passava os dias em nossa casa, até mesmo por causa de Matt, os dois estavam descobrindo que tinham várias coisas em comum, mesmo ele sendo bem mais velho que minha sobrinha, mas era até bom que ele fosse mais velho, pelo menos possuía mais juízo, ela ficava irritada porque ele não queria dar o próximo passo, ele a respeitava e achava que ela tinha que ter todas as experiências que uma adolescente normal tinha que ter, o que ele não sabia era que April era mais adulta que muita mulher mais velha que ela.

Camilla havia desaparecido, Adam achava que ela ainda aprontaria, na realidade eu também me preocupava, sabíamos que ela não ficaria só nas ameaças e esse era nosso medo, se fosse apenas por mim eu não ficaria preocupada, mas agora eu pensava primeiro em meu bebê e ela sabia que eu esperava um filho de Adam, por não sabermos o que ela pretendia, eu ficava mais em casa, Adam me levava para o trabalho no hospital e me buscava, Liane estava sempre comigo, todos ficavam atentos e eu ficava nervosa com toda essa atenção, não achava justo eu ter que ficar me escondendo, me policiando por conta de uma descompensada, mas esse era o trato com Adam para que ele me deixasse trabalhar.

Héctor havia se desculpado comigo e para que tivéssemos um convívio diplomático, já que ele era um dos chefes e eu precisava tratar de assuntos profissionais com ele, achei melhor colocar uma pedra em cima de tudo o que havia acontecido. April havia me confidenciado que o pai estava diferente desde que Camilla havia saído de casa, ele havia reencontrado uma ex namorada, o nome dela era Vanessa e ele a apresentou para a filha, que simpatizou com a moça, eu torcia para que ele se encontrasse e para que fosse feliz, minha sobrinha adorava o pai e todos nós sabíamos que Héctor na verdade não era má pessoa, suas escolhas é que não foram boas.

Os dias passavam e minha barriga crescia cada vez mais, já até havíamos conseguido ver o sexo do bebê, era um menino, grande como o pai, segundo Lílian. Eu adorava ver Adam tocando minha barriga e falando com o bebê, que já reconhecia a voz do pai, pois era só Adam chegar que ele já começava a pular dentro de mim e se acalmava quando ele falava. Eu amava esses momentos, eram tão íntimos e eu queria guarda-los na minha memória.

Uma tarde eu estava conferindo o caso de um paciente que havia chegado no dia anterior, estava quase no fim do plantão, Adam já havia me ligado e avisado que estava saindo de Vermont, que logo chegaria para me buscar. Ele dizia que não queria me ver dirigindo com minha enorme barriga de sete meses, eu realmente me sentia mais cansada nas últimas semanas, meus pés mais inchados, por ele eu já teria pedido licença e Lílian também já queria que eu ficasse em casa descansando, mas eu havia insistido para trabalhar mais uma semana pelo menos, pois sabia que não conseguiria trabalhar mais tempo, devido ao cansaço.

Ao virar um dos corredores em direção ao quarto do paciente para fazer minha avaliação, senti ser puxada pelo braço e um pano foi colocado na minha boca, um cheiro forte invadiu minhas narinas e um torpor tomou conta de mim, senti que meu corpo foi amolecendo e eu fui caindo, meus últimos pensamentos foram para meu filho e para Adam.

~*~

Adam:

Estacionei o carro no lugar de sempre no estacionamento do hospital, eu não deixava que Alexandra viesse e muito menos que voltasse sozinha para casa, principalmente agora com sete meses de gestação, Lílian havia dito que nosso bebê era grande, meu pai disse que havia puxado a mim, que minha mãe havia sofrido para me trazer ao mundo, já que eu nasci em casa, eu não queria que Alexandra sofresse, por isso conversamos e decidimos que o parto seria uma cesariana, já deixamos tudo marcado e acertado com Lílian que aconselhava o mesmo.

Feridas da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora