Feridas da Alma

Nove:

Adam:

Por mais que em meus delírios loucos eu tivesse sonhado em ter Alexandra para mim, nunca poderia ter imaginado que seria tão bom, tão perfeito, não havia como negar que o que fosse que eu sentia por ela estava crescendo a cada dia, a cada minuto que eu passava ao seu lado, mas esse sentimento não me assustava mais, só agora eu queria sentir, eu queria ver até onde tudo isso poderia nos levar.

Puxei-a para cima de meu corpo e ergui seu rosto para mim, me perdi na imensidão de seu olhar.

-Alexandra...

-Não, não diga nada, não vamos nos dizer nada agora, não há necessidade, foi perfeito, apenas isso, perfeito!

-Sim, você tem razão, foi perfeito!

Ela tinha razão, mas na verdade, nem eu mesmo sabia o que iria dizer a ela, meu coração batia descompassado, o corpo dela em cima do meu, me despertava novamente, puxei sua cabeça de encontro a minha e tomei seus lábios nos meus para um último beijo, afinal, já havíamos nos demorado alí e poderia aparecer alguém, estávamos expostos.

-Eu quero você novamente, mas não aqui, já ficamos bastante tempo e pode aparecer alguém.

-Você tem razão, devemos ir embora.

Nós nos levantamos, mas não pude evitar de agarrá-la mais uma vez ao contemplar aquele corpo apetitoso e nu na minha frente.

-Adam, desse jeito fica difícil irmos embora.

Ela reclamou divertida.

-Você é muito gostosa, não posso evitar.

Ela me olhou de um jeito travessa que me deixou ainda mais encantando, eu queria despertar o lado moleca dela, que eu sabia que estava lá, guardado, eu queria vê-la rir, brincar, se divertir, esquecer toda a dor que ela trazia em seu coração. Prometi a mim mesmo naquele momento que eu conseguiria apagar todo o sofrimento daqueles olhos, ou pelo menos, fazer com que ficasse menos evidente.

Foi só terminarmos de nos vestir e ouvimos vozes, um grupo de adolescentes, filhos de colonos da fazenda subiram correndo chegando até onde estávamos, não pudemos deixar de rir da situação.

-Oi Adam, sabia que era você que estava aqui, reconhecemos seu carro lá na estrada.

Disse-me um deles.

-Vim mostrar a cachoeira para a minha namorada. Mas já estamos indo embora.

-Ah, legal! Bonita ela.

-Obrigado, mas vai tirando o olho, meu camarada, eu a encontrei primeiro.

Brinquei com ele, afinal conhecia-os desde que nasceram. Pegando na mão de Alexandra arrastei-a de lá, ela me olhava divertida.

-Nossa, ainda bem que nos vestimos, mais um pouco eles me pegariam com as calças nas mãos. – Eu disse.

Pela primeira vez pude contemplar Alexandra gargalhando, a risada dela era contagiante.

-Você ri né sua malandrinha, mas é bom ouvi-la rir assim. Quero ser o motivo de mais risos assim.

-Ai, Adam, me desculpa, mas não pude me conter, seria realmente engraçado se eles tivessem o pegado com as calças nas mãos.

-É, seria motivo de piada em toda Mount Green.

-Mas, quer dizer que sou sua namorada então?

-Bom, foi a melhor explicação que encontrei para dar a eles.