Feridas da Alma

Oito:

Alexandra:

Aceitar o convite de Adam para sair havia sido uma boa decisão afinal, não imaginei que me divertiria tanto ao seu lado, ele sabia ser engraçado, espirituoso, parecia me entender tão bem. Além é claro de ser um homem lindo, encantador, sexy e... acho melhor parar, já estou começando a fantasiar, mas eu precisava ser honesta comigo mesma, o beijo que havíamos trocado não me saía da cabeça, mais tarde pensando melhor, eu pude avaliar que ele não havia me beijado por sentir pena de mim, havia sido um gesto de carinho apenas, sem segundas intenções, uma maneira que ele havia encontrado para tirar de mim a dor que eu estava sentindo naquele momento, essa sensibilidade dele em perceber minha dor, meu sofrimento, me encantou, me fez perceber que atrás do homem sedutor e conquistador que eu sabia que ele era, havia um homem que também sabia enxergar o sofrimento de outras pessoas, um homem sensível e encantador, um homem que também havia sofrido uma humilhação, um homem que poderia fazer eu me apaixonar e é aí que eu tinha que ter cautela, não estava pronta ainda, ele havia me oferecido sua amizade e estava demonstrando ser um amigo maravilhoso, mas eu seria apenas isso para ele, afinal eu era a meia-irmã da mulher que causara o seu sofrimento, que o humilhou de uma maneira vergonhosa em frente a toda uma cidade, vergonhosa não para ele, pois Adam não havia feito nada de errado, mas vergonhosa para ela, afinal, trair o noivo e abandoná-lo em frente ao altar! Ainda grávida de outro homem, tudo por dinheiro, apenas porque Hector na época possuía mais dinheiro que Adam, que ironia do destino, hoje em dia, no entanto, talvez Adam fosse até mais rico.

Quando ele pegou em minha mão, senti um calor espalhar por todo o meu corpo, olhei para ele sem entender, mas a expressão dele estava serena, despreocupada, aquele olhar quente que me envolvia e que fazia com que eu pensasse que ele poderia enxergar minha alma, olhei nossas mãos entrelaçadas, a dele enorme cobrindo a minha, a diferença do nosso tom de pele, a dele naquela cor maravilhosa, que me fazia imaginar como seria o seu sabor, a minha mais clara, casavam com perfeição, nossa, eu já estava divagando longe, dei de ombros e deixei por isso mesmo, se ele não estava preocupado com o que os outros poderiam pensar em nos ver de mãos dadas, porque justamente eu me preocuparia?

A pequena praça principal estava cheia de gente, várias barracas ofereciam diversos produtos, desde chapéus, até vários tipos de geleias. Adam retirou um dos chapéus da barraca e colocou em minha cabeça, pegando o celular ele começou a tirar várias fotos, rindo eu fazia diversas posses, caras e bocas, há muito eu não me divertia tanto, cheguei a pensar que não voltaria mais a ser aquela garota despreocupada e risonha que eu havia sido.

No entanto minha alegria foi breve, notei Adam fechar a cara, enrijecer o corpo, ficou tenso e logo ergueu a cabeça em uma atitude de desafio, não precisei virar a cabeça para olhar, uma voz que eu já conhecia soou atrás de mim.

-É, pelo visto minha irmãzinha não perde mesmo tempo, vai querer todos os meus homens, maninha? Não se contentou em seduzir meu marido, agora vai seduzir meu ex. noivo?

Uma calma surpreendente tomou conta de mim, notei que Adam abria a boca para responde-la mas apertei sua mão.

-Primeiro, Adam não é um dos seus homens, segundo, eu não seduzi o babaca do seu marido, não tenho culpa se ele não sabe beber e com isso, acabou perdendo o senso de lógica, terceiro, se eu estiver ou não seduzindo Adam, isso definitivamente não é da sua conta.

-É da minha conta sim, a partir do momento que você não percebe que ele só está contigo por ser minha irmã, ele acha que com isso irá me atingir.

-E pelo visto está conseguindo porque me parece que você está morrendo de ciúme, sabe, admiro o seu ego, mas olha só maninha, nem tudo gira em torno do seu umbigo, sem contar que posso parecer ingênua, mas aprendi duramente a perceber quando um homem está comigo por mim mesma e não pensando em outra.