Capítulo 9

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Any se levantou apressada para não se atrasar no trabalho, pretendia terminar tudo mais cedo e ir ao salão com Dulce e Maite para fazer as unhas e cuidar dos cabelos, afinal era sexta e iriam sair. Ela fez sua higiene matinal, tomou um banho, fez um rabo de cavalo, vestiu uma saia de cintura alta cinza, blusinha de botões rosa de cetim e um terninho cinza, um tom mais escuro que a saia, pegou sua bolsa e saiu do quarto. Ao passar pelo quarto de Poncho percebeu que ele ainda dormia.
Any sorriu.
_Mais que dorminhoco. - bateu a porta chamando, mas ele não respondeu.
Sem pensar duas vezes abriu a porta e entrou.
_Acorda Ponchito mi amor! - praticamente gritou enquanto atravessava o quarto.
Ele se assustou e quase caiu da cama levando-a as gargalhadas.
_Engraçado é? - a voz sonolenta e rouca - O que combinamos quando eu disse que ficaria aqui Anahi? - o tom sério fez ela parar de rir.
_É...que eu ficaria longe do quarto. - falou meio tímida agora.
_E por que Anahi? - ergueu uma sobrancelha.
_Porque, porque... - tentando se lembrar - Esqueci! - sorriu sem jeito.
_Porque eu durmo só de cueca Anahi! - olhou para baixo.
Any, que até então não tinha reparado em Poncho, desceu os olhos pelo peitoral nu, parando na boxer preta, um tanto apertada pela animação matinal.
_Céus! - soltou um gritinho sem saber o que fazer e cobriu os olhos com as mãos. Dessa vez foi Poncho que gargalhou, ela continuava a mesma garotinha tímida de sempre.
_Eu avisei Any! - se levantou ainda rindo e foi em direção a ela - Você invadiu meu espaço mocinha. - falou próximo ao ouvido dela, beijou sua bochecha e foi para o banheiro.
Any abriu os dedos sondando pelas frestinhas e abaixou os braços quando viu que Poncho não estava mais ali.
_Ai que vergonha, ai que vergonha, ai que vergonha! - pegou sua bolsa que havia caído no chão e desceu correndo para cozinha.
Dez minutos depois, Poncho apareceu sorrindo.
_Onde está a Tânia? - perguntou se sentando.
_Eu libero ela sempre as sextas, sábados e domingos, para que possa visitar a filha em Monterrey. - falou olhando para baixo sem encará-lo.
Poncho riu.
_Pode olhar para mim Any, eu já estou de roupa.
Ela levantou os olhos e sorriu.
_Desculpa, eu não devia ter entrado lá, foi o combinado né.
_Por mim você pode entrar quando quiser. - piscou um olho sorrindo enquanto pegava uma torrada.
_Engraçadinho você! - uma pontinha de cinismo na resposta - Toma seu café logo para gente ir, quero deixar tudo adiantdo porque vou sair mais cedo. - se levantou levando sua xícara a pia.
_Onde você vai?
Any sorriu.
_Que curioso você é. - voltou a mesa - Vou sair com Mai e Dul, por falar nisso você pode ficar com meu carro hoje, a Mai me traz depois.
_Tudo bem. - torceu o nariz - Vou aproveitar e ver se compro um carro para mim.
_Só o carro? - perguntou mordendo o lábio inferior.
_Sim, por que? Está querendo me mandar embora só porque me viu de cueca? - perguntou divertido ao ver as bochechas dela ficarem vermelhas.
_Não! - respondeu rápido - Claro que não.
_Que bom, porque agora eu é que não quero sair pequena. - se levantou da mesa pegando seu casaco - Vamos? - sorriu estendendo a mão.
Foram direto para revista e cada um seguiu para sua sala.

Any estava concentrada quando Lilian bateu a porta e entrou.
_Senhorita Portilla, Jaime perguntou se pode atendê-lo?
_Ele falou qual o assunto? - desviou a atenção dos papéis que analizava.
_Não senhorita, disse apenas que era importante.
Any bufou.
_Diga para ele entrar, mas avise que só disponho de cinco minutos.
_Claro. - sorriu saindo.
Menos de um minuto, outra batida a porta e Jaime entrou.
_Bom dia Anahi. - cumprimentou sorrindo.
_Bom dia. - respondeu séria e direta - Algo sobre a edição?
_Não Anahi, na verdade queria pedir desculpas. - sorriu se apoiando na cadeira a sua frente.
_Por que? - meio desconfiada.
_Pelo que aconteceu no dia do seu aniversário. Não queria que isso influenciasse no nosso trabalho.
_Sou uma profissional Jaime, não misturo vida pessoal e trabalho, seu emprego está a salvo.
_Eu sei, na verdade gostaria de saber se você aceitaria sair comigo hoje, apenas como amigo, para me redimir.
_Não. - cruzou os braços com um meio sorriso forçado.
_Só como amigos Anahi. - tentou novamente.
_Não. - se levantou apoiando as mãos na mesa - Primeiro já tenho compromisso hoje, segundo já disse que seu emprego está a salvo, teceiro você não vai ganhar uma aposta as minhas custas ou se vangloriar dizendo que conseguiu um encontro comigo. Agora volte ao trabalho antes que eu esqueça minha regra e peça sua cabeça numa bandeja.
_Certo, estou indo e me desculpe de novo.
_Evite cruzar meu caminho nas próximas semanas e eu posso até tentar desculpar.
Assim que Jaime saiu praticamente correndo, Any se jogou na cadeira rindo da cara de assustado dele, voltou ao trabalho quase finalizado pois logo Dul e Mai passariam para chamá-la.
Quase uma hora depois as garotas passaram em sua sala, levou as chaves do carro e do apartamento para Poncho e saíram.
Não demorou muito para que ele fizesse o mesmo, desceu ao estacionamento e quando desativou o alarme do carro sentiu uma mão em seu ombro.
_Olá Alfonso, tudo bem? - perguntou olhando o carro.
_Sim, é... - não conseguia lembrar o nome dela.
_É Claudia. - tentando esconder a raiva.
_Claro, Claudia. - sorriu forçado.
_É o carro da Portilla? - apontou o veículo.
_Sim.
_Não sabia que eram tão próximos assim a ponto de emprestar o carro.
_Não sabia que tinha tanta intimidade assim para um interrogatório. - abriu a porta entrando no carro - Até mais Claudia. - fechou a porta e ligou o motor.
Esperou apenas que ela se afastasse para sair.
Foi direto a concessionária e se apaixonou por um Volvo esportivo, fechou negócio e pediu que o entregassem no prédio de Any.
Seguiu para o apartamento, tomou um banho e se jogou no tapete para assistir TV, mas acabou dormindo.

Any estava distraída vendo a manicure pintar suas unhas quando Dulce soltou um gritinho.
_O que foi Dul? - curiosa.
_É Dul, por que esse escândalo? - Mai inteirou.
_Não, não é nada. - fechou a revista.
_Fala logo, senão vou tomar essa revista da sua mão e descobrir sozinha. - já se contorcendo na cadeira.
_Não é nada, já disse. - tentando esconder a revista.
_Passa logo isso para cá. - Mai tomou a revista folheando rapidamente - Uau! Justiça existe! - falou rindo.
_Que merda! Fala logo. - irritada com tanto mistério.
Mai entregou a revista, enquanto Dul arregalava os olhos.
A manchete informava "Marido de socialite é agredido e roubado no Parque Nacional", continuou lendo a matéria que dizia que Manoel Velasco, marido de Ana Gabriel, foi encontrado por um segurança do parque muito ferido, os médicos constataram nariz, maxilar e quatro costelas quebradas, escoriações pelo corpo e uma lesão na coluna.
_Any, você está bem?! - perguntou preocupada.
_Claro que está! O Testão teve o que merecia.
_Mai! Você sabe que Any não é vingativa, pelo contrário tem dó de todo mundo.
Any deu de ombros.
_Eu sim, mas a direita do Poncho não. - olhou para as amigas e caiu na gargalhada.
_Ih, pirou a coitada! - Mai a olhou sem entender.
_Any?! - Dul chamou com receio.
Any segurou o riso.
_Ladrão nada! Isso tudo foi Poncho ontem. - voltou a rir - Foi interessante ver.
Dulce tinha os olhos totalmente abertos, atônita.
_Como é?!
_Lembra que eu disse que o Poncho pediu para eu aceitar o encontro? - elas assentiram - Foi para isso.
As três se olharam e começaram a rir chamando a atenção do restante das mulheres. Mai foi a primeira a perguntar sobre o ocorrido.
_Ele fez tudo isso sozinho?
Any assentiu.
_Ele faz boxe e aprendeu capoeira com um amigo brasileiro, no começo fiquei com medo que acontecesse algo a ele, mas depois do primeiro soco, fiquei olhando só para lavar a alma! - voltou a rir.
_Vou montar um fã clube para o Poncho depois dessa.
_Ele já tem Dul, eu sou a presidente e minhã mãe e Tânia são seguidoras. - sorriu paras as amigas.
_Então inclui a gente amiga! - Mai voltou a rir observando a foto do Velasco deitado em uma maca.

Passaram a tarde no salão, Dulce realçou o vermelho de seus cabelos, Anahi fez algumas mechas para iluminar o castanho e Mai apenas cortou e escovou. Any e Dul preferiram manter os cachos soltos e abertos.
Quando chegou ao apartamento, Any ouviu a TV ligada e encontrou Poncho jogado no tapete dormindo.
Ela se sentou ao lado dele e acariciando os cabelos, ficou admirando aquele rosto tão lindo e protetor.
_Ponchito bebê, acorda. - chamou beijando sua bochecha.
Poncho sorriu.
_Coisa mais boa acordar assim pequena. - abriu os olhos para vê-la - Porra! Você está mais linda do que já é.
_Obrigada. - o rosto vermelho de vergonha - Vem, precisamos jantar e arrumar para sair.
_Estou indo minha pequena... princesa. - completou ainda admirando-a - Te quiero.
Any sorriu.
_Yo también. - por um impulso selou seus lábios aos dele e se levantou.
Poncho ficou sentado com cara de bobo sorrindo, quando finalmente conseguiu voltar ao normal correu para uma ducha rápida e fria e se arrumou. Uma calça jeans, sapato e camisa de botão preta com as mangas dobrados, ele desceu para esperar Any.
_Como você consegue? - perguntou quando ela desceu.
_Consigo o quê?! - sem entender.
_Ficar mais linda a cada vez que te vejo. - os olhos brilhavam - Vou ter um trabalho do caralho para manter os homens longe.
_Só se você me deixar sozinha, duvido que alguém seja louco de chegar perto de mim com você do meu lado.
Ela usava um vestido rosa que deixava quase toda coxa exposta, o vestido possuía pequenos cristais que davam mais movimento e brilho as suas curvas.
Poncho passou um braço possessivo pela cintura dela e a guiou até seu carro novo que tinha sido entregue.

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