Capítulo 32

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_Anahi Giovanna, que história é essa de faltar no trabalho e não avisar a gente? - Mai entrou puxando Chris pela mão.
_Juro que a idéia de atormentar vocês foi das duas cabeças aqui. - Chris apontou Mai e Dul.
_ANY!!!!!!!! - Dul gritou, chamando a atenção de todos.
_O que foi louca? - perguntou com a mão no peito.
_O que aconteceu com a sua mão?
_Caray Dul! Você assustou todo mundo... - Ucker se interrompeu - PONCHO!!!!!
Outro susto.
_Porra cara! Agora você que assustou todo mundo.
_Também com esse olho roxo queria o quê?
_Vai me falar que foi a Any que fez isso e esse é motivo da mão machucada? - Chris perguntou quase rindo.
Any gargalhou.
_Ficou maluco Chris? Jamais bateria no meu bebê. - abraçou a cintura de Poncho.
_Então o que aconteceu aqui? - Mai perguntou ansiosa.
_Velasco aconteceu.
_De novo, Poncho? - perguntou irritada.
_Tenho certeza que essa foi a última vez.
_E ele conseguiu te acertar? - Ucker perguntou a Any.
_O bebê se deixou acertar, precisava da desculpa de defesa própria depois.
_Vocês são incríveis. Um casal de pugilista. - Chris falou rindo - Mas isso não explica a sua mão.
_Longa história. - Poncho sentou no sofá.
Any pulou para o colo dele animada.
_Eu contooooooo!!!!
Todos se sentaram rindo para escutar a história de Any, lógico que ela usou os termos monstruoso dragão e príncipe azul para definir os personagens, o que fez Poncho e os outros darem boas risadas, principalmente com a trilha sonora imitando o som dos socos e batidas.

Longe de toda essa alegria, Ana Gabriel acompanhava o psiquiatra designado pelo delegado na sessão com Velasco. Foi verificado um distúrbio emocional psicótico, e o psiquiatra deixou claro a necessidade de um tratamento e acompanhamento periódico.
_Eu não acredito que me casei com um louco! - se descontrolou de volta ao quarto - Está decidido Velasco, você vai ficar escondido no sítio do meu pai. Eu não vou correr o risco de manchar a minha imagem com um surto seu por aí.
_Mas Ana, aquele lugar é abandonado, não tem uma loja sequer por perto! - respondeu nervoso.
_Melhor assim, pelo menos não corremos nenhum risco. E fique contente com isso, eu poderia muito bem pedir o divórcio depois de toda essa vergonha que me fez passar. Mas prefiro eu mesma castigá-lo por isso.
_Como? - estava assustado.
_Agora sua casa será o sítio Velasco, é sua responsabilidade cuidar de cada animal, limpar as baias e os cavalos, cuidar da alimentação de todos e vai cuidar da plantação.
_Bocê quer que eu me torne um fazendeirinho qualquer? - falou com desprezo.
Ana Gabriel sorriu.
_Não seu bobo. Você será como um caseiro, meu pai vai continuar dando as ordens por lá. Você será só mais um funcionário. Já bloqueei suas contas e cartões de crédito, nada de dinheirinho extra. Ficar no sítio em contato com a natureza vai te fazer bem, quem sabe não se acalma um pouco?
_Mas e o tratamento? - tentando achar uma desculpa.
_Vou contratar um ótimo psiquiatra para te fazer companhia lá. Você só volta quando ele disser que pode. E aí nós vamos nos mudar para bem longe daqui Velasco, e eu vou ficar de olho em você 24 horas.
Aquilo não soou como promessa, mas sim uma ameaça, ele sabia que não teria mais paz.

Alguns dias se passaram, agora sim tudo estava tranquilo e normal. O julgamento de Velasco já tinha ocorrido, como foi comprovado o distúrbio psicológico, o juiz o sentenciou há um ano de prisão a ser cumprido em uma ala psiquiátrica em um presídio. Depois disso, Ana Gabriel deixou claro que ele continuaria no sítio sob vigilância 24 horas, o que tranquilizou e muito Any e Poncho.
Poncho havia saído para almoçar num sábado com Chris e Ucker, enquanto as garotas estavam no salão de beleza se arrumando para poderem sair os seis.
_Eu quero fazer algo especial para ela.
_Any merece mesmo, depois de tudo que aconteceu. - Chris apoiou.
_E se fizéssemos isso, os três. - Ucker se empolgou com a idéia.
_Seria legal. O que você acha? - olhou para Poncho.
A idéia tinha sido dele, nada mais justo ele decidir se queria compartilhar ou não.
_Vai ser interessante. - parou por um momento, pensativo - Podemos fazer sim, só precisamos decidir o quê.
_Vamos fazer assim, cada um pensa em algo e depois vemos um jeito de juntar as idéias em uma só.
Ucker sorriu.
_Vai ser bem legal isso.
_Tem que ser inesquecível. - Poncho sorria, só ao imaginar.
_E vai ser brother, vai ser. - Chris bateu no ombro dos outros dois.
Já a noite, as garotas estavam prontas, vestidos longos para a festa de gala beneficente organizada pela revista que trabalham.
Os rapazes vestidos em seus smokings pretos e cabelos muito bem penteados aguardavam na sala, mas nada os havia preparado para algo tão lindo quanto suas namoradas.
Mai usava um longo azul, a fenda que subia até sua coxa direita. Dul estava com um longo vermelho, um tom mais escuros que seus cabelos, um decote em v deixando seu colo exposto e as finas alças cruzando nas costas. Any vestia um longo de seda marfim, frente única, o decote nas costas parando um pouco acima de sua cintura, o cabelo preso em um elegante coque com algumas mexas soltas.
_Minha deusa. - a voz baixa, rouca, as pupilas dilatadas.
_Ruivinha, desse jeito você me mata. - sorriu malicioso mirando o decote.
_Não sei de onde vem tanta perfeição. - sorriu caminhando até Mai.
Ucker e Poncho finalmente conseguiram desprender os pés do chão indo até suas namoradas.
Quando Poncho segurou nas costas de Any e deslizou a mão checando até onde ía o decote, ergueu uma sobrancelha e a encarou.
Any sorriu.
_O quê?
_Querendo se fingir de inocente é? - puxou-a para junto de si, colando seus corpos e sussurrou em seu ouvido - Vou passar a noite toda grudado em você, não posso imaginar qualquer um tentando encostar um dedo na minha mulher.
Any sorriu sentindo seu corpo corresponder com desejo ao leve toque dos dedos de Poncho deslizando em suas costas.
_Vamos logo, antes que eu desista dessa festa. - deu-lhe um selinho e o arrastou até a porta sendo seguida pelos outros.
A festa estava linda, em todas as partes haviam esculturas e quadros expostos para o leilão.
Se aproximaram da mesa em que estava seus nomes e se sentaram, foram servidos pelo garçom e conversaram por um tempo, antes de começarem a circular.
Os olhares caíam sobre Any, a famosa musa de gelo, que costumava usar vestidos sombrios e recatados já não existia mais. Agora havia uma mulher irradiando sensualidade e alegria, guiada por uma mão possessiva cobrindo a parte baixa do decote nas costas.

Poncho guiou Any até o grupo onde estava o pessoal da editora.
Cumprimentaram a todos, e como prometido, Poncho não saiu do lado dela de forma alguma.
Any estava distraída conversando com o pessoal quando sentiu uma mão tocar seu ombro livre.
Any sorriu.
_Otávio, quanto tempo! - se virou para abraçar o amigo sem perceber a cara de indagação de Poncho.
_Como você está pequena Any? - sorriu olhando-a dos pés a cabeça - Que pergunta a minha, é claro que você está ótima, linda demais!
Any sorriu tímida.
_Obrigada Otávio, você também está ótimo. - tocou o braço dele - O que faz por aqui?
_Negócios querida, negócios. - sorriu de canto - Aceita dançar comigo?
Any sorriu, mas sentiu uma mão apertar sua cintura, olhou para o lado e encontrou um Poncho nada feliz.
_Ela não pode senhor, porque ela vai dançar com o namorado dela. - falou firme.
Any sorriu nervosa
_Otávio, esse é Alfonso, meu namorado, Alfonso, Otávio é um grande amigo meu.
Poncho apenas assentiu com a cabeça.
_Fico feliz por você pequena Any. - olhou para os lados - Mai e Dul também estão aqui? - ela assentiu - Então, me dêem licença, vou ver se as encontro.
Otávio se despediu e se afastou, Any se virou para Poncho que permanecia sério.
_Poncho, você poderia ter sido mais educado amor. - o repreendeu em um sussurro.
_Eu teria sido mais educado, se a minha namorada fosse mais educada em me apresentar ao invés de esquecer que eu existo. - falou irônico.
_Eu não esqueci que você existi. - soltou exasperada.
_Se eu não tivesse apertado sua cintura você nem teria me apresentado pequena Any. - mais uma vez sendo irônico.
_Eu só estava conversando com um amigo que não vejo há tempos! Você está exagerando! - tentando manter a calma.
_Eu estava é? Então olha ali! - apontou para Mai e Chris no exato momento em que Otávio se aproximou - Vamos ver o quanto sou exagerado.
Pela distância não puderam ouvir, mas logo depois de cumprimentar Otavio, Mai apresentou Chris e depois prosseguiu com a conversa.
_Exagerado né? Quer seguir ele para ver o que a Dul vai fazer também?
Any corou envergonhada e balançou a cabeça em negativa.
_Foi o que pensei. - os braços cruzados, já não a tocava mais - Continuo exagerado?
_Não amor. - respondeu baixinho - Me desculpa vai, eu me empolguei mais do que devia.
_Que bom que sabe disso. - respondeu sério - Vou ao banheiro.
Sem esperar resposta se afastou e Any ainda envergonhada pela atitude voltou para a mesa e se sentou ao lado de Dul.
Dulce percebeu a cara dela e Any acabou contando o que aconteceu, fazendo a amiga gargalhar.
_Você esqueceu o Poncho por causa do Otávio?
_Não brinca Dul! Você sabe o quanto me apeguei àquela biba quando estava na pior, Otávio foi mais que um amigo.
_Mas você contou para o Poncho que Otávio é gay?
_Esqueci esse detalhe. - sorriu - Se eu contar ajuda?
_Claro né sua tonta!
Nesse momento Poncho se aproximou da mesa e antes que pudesse sentar, Any agarrou seu braço.
_Vamos dançar. - saiu puxando-o sem esperar resposta.
Já na pista, colocou os braços dele em volta de sua cintura e levou as mãos a nuca dele acariciando os cabelos.
_Bebê, você ainda edtá bravo?
_Estou. - respondeu seco.
_Não fica bebê, me desculpa vai. Mas é que faz um tempão que não vejo ele e o Otávio foi minha melhor amiga quando toda a bomba do Velasco estourou na minha cara.
Poncho afastou-a para olhá-la
_Que amiga Anahi?
Any sorriu divertida.
_Esqueci de contar esse detalhe, o Otávio é gay meu príncipe ciumento.
Poncho voltou a aproximá-la.
_Mas não justifica você ter me esquecido. - falou mais calmo.
_Eu sei amor, é que quando vi ele, tanta coisa passou pela minha cabeça. Otávio me apoiou tanto que tudo o que eu queria naquele momento era abraçar ele e matar a saudade. - beijou o pescoço dele - Você me perdoa?
_Precisa mais que isso para conseguir. - a voz já um tanto rouca só em sentir os carinhos dela.
_Faço o que você quiser. - sussurrou em seu ouvido.
Poncho voltou a olhá-la.
_Está perdoada. - um brilho de desejo nos olhos - E vou cobrar isso em casa.
Any sorriu e o beijou, dançaram mais um pouco antes de voltar par mesa com os amigos onde Otávio estava também.

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