Minha cabeça estava um caos.
Eu estava chorando demais. Não eram lágrimas de tristeza, eram de raiva. Puro ódio. Ódio do JJ e ódio de mim mesmo. Eu deixei acontecer de novo. Ele me jogou na fogueira e me assistiu queimar e rastejar na frente de todas aquelas pessoas.
Yuuri conseguiu me alcançar e me abraçou com força, me dizendo:
- Me desculpa, Yura! Eu não tinha ideia de que ele estaria lá. Me perdoa, do fundo do coração!
- Tudo bem, porco. Eu sei que a culpa não é sua. Eu sou o único culpado disso!
Falei com a voz embargada pelas lágrimas e senti que Yuuri também chorava. Não queria ver meu amigo daquela forma por minha causa. Já passamos por essa fase juntos e eu não queria que voltasse a se repetir.
Quando levantei a cabeça, vi Otabek andando de forma apressada na minha direção com um ar preocupado.
- Você está bem? Quer dizer, aquele cara.... Que merda será que ele tem na cabeça?
- Eu estou bem, Otabek. Eu não devia ter feito uma cena por aquilo.
- Você não fez cena alguma! Cena de verdade aconteceu quando você saiu. O professor Nikforov expulsou aquele cara da palestra dizendo que aquele comportamento não era de um ser humano.
- Sério? Ele com certeza não está acostumado a ser tratado assim.
- Eu me responsabilizei por acompanhá-lo até a saída da sala. E aproveitei para verificar como você estava.
Yuuri me soltou, olhou especulativamente para Otabek e disse:
- Yura, eu vou entrar de novo, agora que aquele embuste foi embora. Se você precisar de qualquer coisa, estarei lá dentro.
Assenti e vi Yuuri partindo. Assim que ele estava fora do meu campo de visão, senti braços quentes ao meu redor em um abraço apertado.
Era gostoso demais. Aquele calor no meu corpo era um instintivo sinal de perigo, assim como o cheiro inebriante que exalava da sua roupa e pele. Me senti um pouco tonto com a tonelada de informações que minhas sinapses estavam repassando.
Recobrei o sentido alguns segundos após e percebi que estava me sentindo um pouco ofendido, na verdade. Eu não precisava ser consolado por um desconhecido, por mais reconfortante que fosse.
- Sabe, Otabek. Eu não sou tão fraco assim. Foi apenas um momento. Já passou.
Ele assentiu, parou de me abraçar, olhou no fundo dos meus olhos e disse:
- Eu nunca disse que você era fraco, Yuri. Muito pelo contrário. Seus olhos parecem olhos de soldado.
- Não tenho certeza do que você está dizendo com isso, mas vou ficar bem. Mesmo.
- Espero verdadeiramente que sim. Eu preciso voltar para a atividade agora, mas gostaria muito de te cobrar o meu café de desculpas, se você estiver disponível depois.
Era uma proposta simples e pura, não? Não queria parecer rude, já que ele foi tão gentil comigo, mas eu não estava em muitas condições de ter uma conversa sem parecer sentimental demais.
- Eu quero ir. Mas hoje não vou poder. Tenho muitos trabalhos a ser entregues e parece que eles estão se acumulando cada vez mais.
- Você não vai voltar para a palestra?
- Vou participar, mas não hoje. Queria deixar a poeira assentar. Não sei se você me entende...
- Tudo bem, Yuri. Não é um ultimato.
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Turn On The Bright Lights (CONCLUÍDA)
FanfictionYuri Plisetsky é um universitário como qualquer outro. Exceto pelo fato de que ele deixou de ser Yuri Plisetsky há algum tempo. Agora ele precisa buscar seu verdadeiro eu, e para isso, vai precisar enfrentar seus medos e inseguranças. Yuri estava d...