Inteligência

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Era realmente um bom dia.

Dormi tanto que me senti incomodado de ficar na cama por mais tempo. Olhei a hora no celular. Quase duas da tarde? Dormi mais do que um urso hibernando. A cama de Otabek era praticamente o paraíso para quem gosta de dormir, ainda mais com o cheiro das frésias que inundavam o quarto.

Acho que eu não poderia ser mais sortudo. Tudo o que Beka fez foi incrível. O jantar no observatório, a visão no telescópio, o pedido de namoro, a dança, a volta para casa. O sexo. Tudo foi tão perfeito que parecia saído de um conto. Meu membro me traía enquanto eu relembrava dos momentos vividos na noite passada. O sentimento de estar no controle era maravilhoso. Vê-lo se perder por minha causa, gemer e gemer porque eu o estava possuindo. A pressão, o calor. Beka é perfeito até quando se entrega para mim.

Me vesti e fui à sua procura na sala, entretanto, o que eu encontrei foi um cara de cabelos platinados e longos, segurando uma gata no colo, lhe fazendo carinho.

- V-Victor?

- Boa tarde, Yurio.

Não quis ser rude perguntando o que ele estava fazendo ali, sendo que supostamente, eu e Otabek passaríamos o dia juntos.

- Você viu o Otabek?

- Ele teve que resolver alguns problemas urgentes, mas deve voltar logo.

- Tudo bem, então.

- Sei que você deve estar se perguntando o motivo de eu estar aqui.

- Eu não...

- Vim deixar a gata. Mas acho que ela se apegou a mim. Fiquei com pena de deixá-la sem companhia enquanto Otabek não volta.

- Ei! Eu sou uma companhia!

- Mas não conhece LO como eu. Enfim, ficarei aqui só até que ele volte, não se preocupe, pois não atrapalharei o resto do seu dia.

- Você não atrapalha em nada, Victor. E devo dizer que estou agradecido.

- Pelo que?

- Por ter me ajudado na casa do Yuuri. Por ter preparado as coisas aqui no apartamento na noite passada.

- Não foi nada mesmo. Nunca havia visto Otabek tão feliz na vida. Você faz o faz feliz e ele merece ser feliz.

- Eu quero faze-lo feliz.

- Você também, Yuri. Eu sei que passou por maus bocados. Todo mundo merece ser feliz.

Sorri. Não era difícil me identificar com Victor. Ele era sincero e falava diretamente.

- Obrigado. Vou tomar café, você aceita algo?

- Por enquanto ficarei feliz com uma xícara de café.

- Certo. Vou fazer a receita que o Beka me ensinou, porém, aviso que eu sou novato.

- Sem problemas.

Fui até a cozinha e comecei a preparar as coisas como Beka havia me ensinado. A água estava quase fervendo, então, passei a coar o café. Cheirava tão bem quanto no dia que Otabek fez para mim. Assim que terminei tudo, guardei os utensílios e fui jogar o resíduo do pó no lixo. Para minha surpresa, encontrei um pedaço de papel colorido no chão próximo ao lixo, que destoava do resto da cozinha impecável e com tudo no lugar. Me abaixei para apanhar e jogá-lo no lixo.

Mas como qualquer coisa na minha vida, cada segundo era a iminência de um desastre. Eu poderia reconhecer aquele rabo de onça em qualquer lugar do mundo, mas precisava de uma confirmação. Abri o lixo, mesmo sabendo o que eu iria encontrar, e pela primeira vez, não fiquei desesperado. Toda a situação ficou bem clara na minha mente ao ver aqueles papéis picados dentro da lata de lixo. Claro que eram as fotos que o Jean tirou de mim, não havia dúvidas.

Turn On The Bright Lights (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora