3 Corações

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Otabek e eu chegamos na porta da minha casa. Eu não sabia como dizer tchau para ele. Queria ficar sozinho, mas ao mesmo tempo tudo o que meu íntimo desejava era o ter por perto.

- Você está com uma expressão estranha, Yura. Aconteceu alguma coisa?

- É que eu... Quer dizer, eu... Queria que você ficasse comigo hoje.

- Você está com vergonha de me convidar para ficar na sua casa?

- É que eu não sei, tenho medo de estar atrapalhando seu dia.

- Você não está atrapalhando nada. Eu também queria passar tempo com você.

Ele sorriu de forma tão genuína, que minhas incertezas foram embora.

- Então vamos! Se prepare para conhecer meu avô.

- Mas, Yura! Será que eu estou bem vestido para isso? Será que ele não vai me achar intrusivo?

- O nome dele é Nikolai, lembre-se disso.

Saímos do carro e demos as mãos antes de entrarmos na minha casa. Otabek parecia nervoso, pois apertava minha mão de tal forma que faltava-me sangue nas pontas dos dedos. Peguei as chaves e abri a porta. Passei primeiro pela porta, sendo saudado por meu avô:

- Yuri! Que saudades!

Antes que eu pudesse responder, Beka entrou logo depois de mim, para a supresa de meu avô.

- Olá, Sr. Nikolai. Meu nome é Otabek, eu sou... Amigo do Yura. Prazer em conhecê lo.

- Eu não sabia que amigos andavam de mãos dadas hoje em dia... Muito prazer, Otabek. Ouvi falar bastante de você.

Eles apertaram as mãos. Acho que nunca tinha visto Otabek vacilar em situação alguma que não envolvesse sua família. Porém, ele estava claramente nervoso ao conhecer meu avô.

- Sente-se, Otabek. Fique à vontade.

Meu avô disse, parecendo sondar cada movimento de Beka.

- Com licença.

Sentei ao lado de Otabek esperando meu avô começar as perguntas.

- Eu sei que você vai ficar desconfortável se eu perguntar muitas coisas sobre você. Mas vou perguntar mesmo assim, pois sou um velho deveras curioso.

- Não tem problema, senhor.

- Não me chame de senhor. Já não basta o magrinho aqui. Me chame pelo meu nome.

- Tudo bem, Nikolai.

- Quantos anos você tem?

- 25.

- Faz faculdade ainda?

- Eu faço doutorado. Sou formado em física.

- Hahahaha! Yuri sempre acaba perto de gente das matemáticas.

Rimos muito daquilo. Depois disso, a conversa prosseguiu de forma leve. Meu avô, felizmente, não foi intrusivo e o perguntou apenas coisas sobre o trabalho e os gostos de Otabek.

- E bom... Não dá para fugir da pergunta que não quer calar, não é mesmo?

Eu e Beka olhamos um para o outro, um pouco receosos pela questão a ser proferida.

- Isso vai soar extremamente clichê, mas quero saber quais são suas intenções com meu neto.

Eu congelei.

- Eu quero com o seu neto, o que ele quiser comigo. Enquanto ele quiser estarei ao lado dele. Nunca à frente.

Meu avô somente confirmou com a cabeça. Acho que ele ficou satisfeito com a resposta. E eu?

Turn On The Bright Lights (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora