Quando a esmola é muita...

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Ao abrir meus olhos, vi a luz da manhã se infiltrar pelas frestas da cortina na porta de vidro. Vi pequenas partículas suspensas através da luz que entrava. Elas dançavam de forma leve. De alguma forma elas combinavam com meu corpo, que parecia ter perdido quilos e quilos. A sensação de liberdade era minha companheira agora. Meus músculos doíam, porém, a dor era bem-vinda. Eu ainda podia sentir os toques em minha pele, ardendo. Não sei quanto tempo levaria para assimilar tudo o que aconteceu na noite passada. A melhor noite da minha vida. Eu arrisquei tudo, mas valeu a pena confiar.

Bom, Yuuri tinha que levar algum crédito por isso também, pois ele me incentivou a tentar, por mais relutante que eu estivesse.

Eu estava nu deitado na cama aconchegante de Otabek, porém, não havia sinal de sua presença. Tentei me lembrar de como fui parar ali, porém, não lembrei de nada além deitar no sofá de madrugada. Levantei da cama e procurei por minhas roupas que estavam convenientemente dobradas na cama. Talvez ele estivesse na sala terminando seus trabalhos. Vesti minhas roupas de forma apressada, fui ao banheiro e tive que escovar os dentes com os dedos. Na próxima tentarei me lembrar de trazer uma escova.

Ao chegar na sala, estranhei sua falta, tanto lá, quanto na cozinha. Já que Beka não parecia estar em casa, usei de seu aval para me sentir à vontade e fui procurar algo para comer. Eu tinha muitas opções, porém resolvi fazer ovos fritos e cortar algumas frutas para nós dois. Mandei uma mensagem para Otabek, tentando localizá-lo:

Eu - Beka? Você saiu de vez ou vai voltar?

Após, mandei uma mensagem para o Porco:

Eu - Yuuri. TEMOS QUE CONVERSAR.

Esperei a resposta de Otabek, porém, nada recebi. Entretanto, Yuuri me respondeu prontamente.

YK - Yurio. QUERO SABER O QUE ACONTECEU. Só tem um motivo pelo qual a gata do Otabek está com o Vic.

Eu - Você terá detalhes, porém, só mais tarde. P.s: Obrigado, Porquinho. Eu te amo.

YK - YURA, VOCÊ NÃO BRINQUE COMIGO.

Escutei um barulho vindo da porta. Otabek entrou trazendo consigo muitas sacolas. Me apressei para ajudá-lo.

- Nossa, Otabek! Foi comprar comida ou o supermercado inteiro?

- Primeiramente, bom dia, Yura!

- Hahahaha! Desculpe!

Depois que colocamos as sacolas em cima da mesa, joguei meus braços ao redor de seu ombro e disse:

- Bom dia, Beka! Espero que tenha tido bons sonhos...

Antes que ele pudesse falar, calei seus lábios com um beijo. Não era como nossos beijos anteriores, que eram necessitados e luxuriosos. Era um beijo de ternura e de confiança. No momento, era o que eu precisava. Sentir que tudo o que aconteceu realmente significou alguma coisa importante para nós dois.

- Eu espero sonhar mais vezes.

- Podemos combinar isso...

- Se você continuar me tentando, Yura, não há autocontrole que me pare.

- Então é melhor eu colocar a água na cafeteira...

Me afastei dele rindo.

- Espera! No meu sonho, você pediu para eu fazer café para você. Então, nada mais justo do que eu fazer o café, já que você preparou todo o resto.

- É só colocar água na cafeteira. Fazer o café não é muito complicado.

- Não. Hoje você vai beber o meu café especial.

Turn On The Bright Lights (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora