Riscos

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Não esperava dar de cara com meu avô na porta de casa. Mas enfim, teria que explicar uma série de coisas para ele.

- Vamos entrar. Assim posso explicar tudo isso.

- Espero mesmo que você possa me explicar.

Disse ele em um tom muito sério.

Entramos em casa e sentamos na cozinha, que era nossa espécie de sala de reuniões.

- Antes que você comece a falar, vou deixar clara uma coisa. Eu te amo, Yuri. Faria qualquer coisa por você e não quero que você se magoe novamente. Se eu te chamei para conversar é porque quero entender o que está acontecendo com você.

Eu assenti e ele continuou.

- Em um dia você chega arrasado porque encontrou com aquele traste, no outro diz que vai sair com um amigo e que não preciso te esperar acordado. No mesmo dia você chega cedo do seu encontro, visivelmente transtornado, depois sai de madrugada me deixando um bilhete dizendo que foi para a casa desse amigo, que eu nunca vi na vida, que está tudo bem e que deve chegar pela manhã. Depois te vejo chegando de carro com esse cara que incrivelmente parece com o Jean. Eu não sei o que pensar sobre tudo isso.

Eu imagino como isso deve ter preocupado meu avô.

- Deixa eu começar do início. Eu conheci o Otabek em um acidente no Café, naquele dia que eu vi o JJ. Eu dei uma cotovelada nele sem querer. Ele disse que queria que eu pagasse um café para ele. Eu não dei muita atenção. Depois nos encontramos novamente no observatório, e para resumir, ele reafirmou que queria sair comigo para um café. O resto é o que você já sabe.

- Não, eu não sei, Yuri. Por que você voltou tão cedo do encontro e por que estava com aquela cara que eu conheço muito bem?

- Depois do café fomos a uma boate. Nós dançamos e acabamos nos beijando. Eu meio que pirei pelos motivos que você já sabe e por isso saí correndo de lá sem dar uma explicação para ele.

- E você achou que a melhor opção era sair de madrugada para resolver isso, me deixando um bilhete mal explicado? Eu fiquei realmente preocupado.

- Peço desculpas por isso, vovô. Não consegui deixar as coisas do jeito que estavam. Acho que o senhor entende o porquê.

- Entendo, Yura. E apesar de achar que você poderia ter pelo menos me detalhado um pouco mais sobre o seu sumiço, fico feliz que você tenha tomado a iniciativa de resolver a questão. Foi assim que eu te ensinei.

Fiquei muito contente pelo fato do meu avô ter compreendido minhas razões de ter ido ver Otabek no meio da madrugada.

- Ele parece um bom rapaz. Espero que estejam sendo prudentes.

- Não é assim. Nós... Nós estamos nos conhecendo, e ele nunca teve nada com homens.

- Então essa madrugada foi um "resolver" literal e não figurado?

- Hahahahahaha! Não tivemos nada, vovô. Vamos sair mais vezes e ver como isso se desenrola.

Meu avô sorriu para mim.

- E por falar nisso, senhor Nikolai, como você pode dizer que ele parece um bom rapaz? Vocês nem trocaram uma palavra!

- De onde eu vim, beijar alguém na testa é um gesto de carinho e proteção. E ele parecia te olhar de uma forma quase adoradora.

- Você exagera nas conclusões, velhinho.

- Está bem, está bem! Agora vai arrumar seu quarto. Yuuri já ligou umas 2 vezes para saber se você já tinha chegado.

Turn On The Bright Lights (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora