Capítulo 8

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Nova York, 07/02/17 8:48 am

POV Camila

Acordei sozinha na sala que também é meu quarto. Andei pela casa e nem sinal da minha mãe ou de ninguém, mas achei um bilhete dela dizendo que foi levar Sofia no médico porque ela teve febre a noite.
Passo a mão no galo em minha cabeça que dói absurdamente. Alejandro bateu ela na parede de novo porque me atrasei pro nosso esquema de ontem.
Vou até a cozinha e tomo um copo de água.
A porta se abre violentamente e Alejandro entra cambeleante.

Alejandro: Sinuhe - ele está gritando e nunca é um bom sinal - Sinuhe, aparece.

Eu: Ela não está papa. Foi levar a Sofia no médico.

Alejandro: Mulher inútil, nunca tá em casa quando eu quero ela.

Eu: Papa, o senhor bebeu?

O soco foi tão inesperado e violento que caí no chão.

Alejandro: Não se meta na minha vida. - Levo a mão a boca que está sangrando. - Eu estou cansado de você Camila.

Eu: Papa...

Ele se joga sobre mim e segura meu pescoço, apertando.

Alejandro: Eu mandei calar a boca. - Engasgo pela força com que ele aperta minha traqueia. Ele me solta, mas ao invés do pedido de desculpa que sempre vem, um tapa me atinge no rosto. - Você vai aprender a me obedecer. Vai aprender que eu sou o homem nessa porra de casa.

Suas mãos descem até o vestido que estou usando e o rasgam. Sua mão puxa o sutiã que uso, rasgando a peça sem nenhuma cerimônia. Percebo o que ele vai fazer e choro, apenas recebendo outro tapa.

Eu: Papa não.

Ele me dá outro soco. E nos momentos que se seguem vivo a pior coisa da minha vida.

Nova York, 07/02/17 11:03 am

POV Camila

Alejandro se levanta cambeleando e sem se dar ao trabalho sequer de tirar a camisinha. Vai pro quarto, me deixando chorando e sangrando no chão. Não sei de onde tiro forças, apenas sei que levanto, ainda chorando, coloco uma roupa e saio.
Eu corro, estou correndo o mais rápido que consigo, mas ainda tô chorando e não enxergo direito.
Meu chinelo se prende em alguma rachadura de calçada e caio pra frente, arranhando o rosto já machucado por Alejandro. Levanto e continuo correndo e chorando. Não sei pra onde tô indo, só sei que preciso ficar longe daquele lugar, longe dele.
Não acredito que ele fez isso comigo, sou filha dele. Os pensamentos só me fazem chorar mais. A alma ferida é pior que qualquer marca que ele deixou no meu corpo, e sei que foram muitas.
Continuo correndo até ver a casa,  entro sem bater e grito a plenos pulmões.

Eu: ALLY. ALLY...

Minha amiga vem da cozinha e me lanço sobre ela, chorando como nunca chorei na vida. Sinto outra mão sobre minhas costas e ouço a voz de Ariana.

Ari: Mila o que foi?

Não sei como, mas consigo dizer o nome.

Eu: Alejandro.

Ari: Ele te bateu?

Faço que não com a cabeça e Ally me afasta. Ambas me olham, provavelmente as marcas dos seus dedos em meus braços e pernas visíveis, assim como no meu pescoço e rosto. Além do roxo de mordida no meu ombro e minha boca sangrando.
Allysson se abaixa e sem a menor cerimônia levanta a saia que estou usando, sei que ali tem hematomas, além do sangue que prova a brutalidade.
Ally olha pra Ariana que parece entender.

Ari: Eu vou matar ele.

Ela se adianta pra porta mas Ally a segura.

Ally: Não. A morte é pouco pra ele. Vamos a polícia.

Elas me levam até o carro ainda chorando. Vamos a delegacia e ali conto em detalhes tudo que aconteceu. Tia Jon chega um pouco depois e me acompanha em exames que me fazem sentir ainda pior.
Volto pra casa de Ally, vou ficar aqui até minha mãe chegar.
Sinu abre a porta da casa e me olha, ainda chorando. Ela vem até mim e me puxa pra si, abraço minha mãe e choro como uma criança.

Sinu: Vai ficar tudo bem. Ele foi preso Camila. Vai ficar tudo bem. Vamos pra casa.

Faço que não com a cabeça, não quero voltar nunca mais lá.

Patricia: Talvez seja melhor ela ficar aqui Sinu.

Minha mãe apenas concorda e continuo chorando.

A nerd e a marginal (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora