Capítulo 25

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Nova York, 04/11/17 3:46 pm

POV Lauren

Camila foi embora depois do almoço, que foi silencioso e ao qual Taylor não compareceu.
Eu estava andando de um lado ao outro do quarto, pensando no que fazer, quando meu telefone tocou.

Eu: Alô.

Vero: Enchi o tanque do seu carro e tô deixando ele na garagem.

Eu: Vai subir?

Vero: Não, a Lucy tá bem atrás de mim no nosso carro e vamos dar uma voltinha.

Eu: Se divirta.

Vero: Falou com ela?

Eu: Ainda não. Não sei o que falar.

Vero: Fale a verdade Laur. E acima de tudo a escute. Ela precisa ser ouvida.

Eu: Tudo bem. Brigada Vero.

Vero: Por nada Laur. Agora tô indo, tchau.

Ela desligou antes de eu responder. Suspirei. Sai no corredor, a porta do quarto de Taylor estava aberta, mesmo assim bati antes de entrar. Ela levantou a cabeça.

Eu: Posso entrar?

Taylor apenas se sentou me dando espaço, eu sentei e olhei pra ela que estava de cabeça baixa.

Eu: Taylor?

Ela levantou a cabeça e me olhou.

Taylor: Vai me dar um esporro?

Eu: Como me deu mais cedo?Prefiro uma conversa racional Taylor!

Ela bufou.

Eu: Fala Tay. Você não era assim. Me conta o que foi.

Ela me encarou por um tempo, parecia estar pensando, eu continuei em silêncio.

Taylor: Você era tipo minha heroína, quando a gente era criança. Tão inteligente, bonita, legal. Sempre tentei me imaginar com seus olhos verdes, lendo com as sobrancelhas franzidas e anotando coisas naquele bloquinho de notas. Eu fiquei triste quando você foi embora pra Havard, não ia ter mais minha irmã mais velha, pra brincar, me ensinar, me fazer cafuné. Quando eu tinha dez anos pedi uma boneca pro pai, não sei se ele tava nervoso ou o que, mas ele gritou comigo. Disse que não tinha dinheiro porque tinha te mandado. Nunca mais tive coragem de pedir nada pra ele e nem pra mamãe. Você veio pra casa com quatorze anos e eu pensei que ia ter você de novo. Mas aí você ficou trancada no quarto, não brincava, não conversava, não lia pra mim. Você voltou pra Harvard e começou a mandar dinheiro, chegavam notícias, recortes de jornal... Suas pesquisas estavam dando lucro, você se mantinha, e mantinha a gente. As cobranças começaram. Cada nota baixa, cada dia de aula perdido, mesmo que sem querer e você era citada. A Lauren isso, a Lauren aquilo, a Lauren não sei o que. Doía muito sabe... Ser comparada, cobrada. A Lauren nunca se comportou assim. A Lauren nunca deu esse trabalho. A Lauren nunca tirou notas ruins... Doía pra caralho. E eles sempre falaram de você. Cada jantar a mesa, cada conversa na sala, cada aniversário, cada natal, eles sempre falavam de você. Até quando eu fazia a coisa certa. Igualzinho a Lauren. Do mesmo jeito que a Lauren. Isso foi me cansando. Eu queria que eles vissem a Taylor, que amassem a Taylor. Só isso. Mas nunca viram.  Pensei que se eu... Se eu desse problemas eles iam começar a me enxergar. Mas eles só me mandaram pra cá. Só resolveram que era melhor se livrar da filha que não é a Lauren.

Fiquei olhando minha irmã por um tempo.

Eu: Tay... Eu nunca quis que isso acontecesse. Nunca pedi que nossos pais cobrassem de vocês o que eu sou, até porque nunca fui normal. Mas Tay, nada disso vai valer a pena. Se tornar rebelde desse jeito. Isso não vai te fazer nenhum bem. Porque você não aproveita que tá aqui e mostra seu próprio valor? Não pra provar nada pros nossos pais. Mas pra você Tay. Você é uma garota doce, meiga, feliz. Não interessa o que eu sou Tay. Seja feliz. Seja você mesma. Aqui ninguém vai te cobrar. Os nossos pais acham que sou perfeita mas eu não sou, ninguém é. Só temos que ser nós mesmos Tay. Seja você mesmo.

Taylor: Não vai querer que eu seja igual você?

Eu: Não. Quero que seja você. Lógico que precisa de notas boas, mas não precisa ser igual eu. Aliás não seja igual eu. Eu sou doida.

Taylor sorri e me abraça.

Taylor: Tá bom. Brigada Laur.

Eu: Não precisa agradecer. Quer conhecer o Central Park?

Taylor: Você me leva?

Eu: Bora.

Chamamos o Chris e vamos passear um pouco.

A nerd e a marginal (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora