Capítulo 10

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Nova York, 07/09/17 7:52 am

POV Camila

Saio do carro de Ari e vasculho o pátio próximo como todos os dias. Vejo ela no mesmo lugar de sempre, mas olho apenas um instante e depois me viro pra Allysson.
Hoje não vamos assistir a aula, vamos fazer um roubo no pequeno mercado próximo.
Depois que Alejandro foi preso nossa vida ficou ainda pior, não temos mais ele pra dar o dinheiro e comecei a roubar bem mais. Porém me sinto aliviada de saber que ele não vai encostar mais em mim.
Vou pro banheiro com as meninas e ficamos por lá enrolando até meia hora depois do sinal, nos trocamos, colocamos as toucas e saimos.
Vamos de carro até uma rua pouco afastada, de onde seguimos a pé até o mercado.
Ariana arromba a porta e entramos, Ally gargalha enquanto enche a bolsa de coisas pequenas, sem muito valor. Eu por outro lado, coloco toda comida que minha bolsa aguenta, também pegando dinheiro do caixa.
Ariana se diverte pegando o quer e quebrando o que acha sem valor.
Limpamos tudo que pudemos em meia hora, mas eu quero ir embora. Alguma coisa me diz que tem algo errado.
Ari quebra mais algumas coisas, enquanto eu e Ally pegamos mais dinheiro.
É aí que ouço as sirenes. Droga! Droga! Droga!

Eu: Vamos porra, vamos.

Ally: Como sabiam que estamos aqui.

Eu: Não interessa, vamos.

Ari: O carro tá longe.

Ally: Vamos sair, a gente corre até uma rua lateral e tira as toucas. Então pod...

A porta é empurrada com força e três policiais armados entram.

Policial: Levantem as mãos.

Obedecemos porque tem três armas apontadas pra gente. Um dos policiais pega as bolsas, enquanto o outro algema Ariana. Eu e Ally somos também algemadas e nossas toucas arrancadas com força, puxando um pouco nossos cabelos.

Ally: Ai. Cuidado palhaço.

Policial: São só garotas.

Policial 2: São marginais. Vamos levá-las.

Somos colocadas em uma viatura e levadas pra delegacia, onde nos ficham e nos jogam em uma cela.
Me jogo na cama dura que tem ali.

Eu: Droga.

Ally: Desculpa, eu... Nunca devia ter sugerido que...

Ari: Para Ally. Todas decidimos juntas fazer aquilo. Ninguém tem culpa. - Ela encosta na grade e apoia um pé nela. - Minha mãe vai me matar quando me tirar daqui.

Ally: A minha também.

Eu: A minha vai ter que me matar aqui. Sinu não vai ter dinheiro pra fiança.

Ally: Não vamos te deixar aqui Mila.

Ari: Claro que não.

Eu: Vocês não podem se meter em outra encrenca.

Ari: A gente dá um jeito.

Ficamos em silêncio esperando. Minha mente gira sem parar, faço isso a anos pra manter minha família, nunca fui pressa e agora tô aqui. Sinu vai ficar com raiva e pra piorar ainda não vão ter minha ajuda. Abraço meus joelhos e enterro o rosto neles.

Policial: Alysson Brooke? - Ally levanta a cabeça - Pode sair, sua mãe veio te buscar.

Ally: Vai dar tudo certo.

Ela sai e fico ali com Ari em silêncio.

Policial: Camila Cabello? - Levanto a cabeça - Sua mãe quer te ver.

Sinu entra e me olha. Levanto e me aproximo da grade.

Sinu: Porque Camila?

Eu: Não aguento mais ver nossa família passando fome mama.

Sinu: Eu arrumei um emprego Camila.

Eu: Que mal paga as contas.

Sinu: Eu torci tanto pra você não ser igual a ele Camila. Mas você tá aí, presa, igual o Alejandro.

Eu: Não sou igual a ele. Nunca gostei de roubar e nem de fazer mal a ninguém. Só faço isso pra gente não ir dormir com fome.

Sinu: Ele falou a mesma coisa no começo Camila. Pelo amor de Deus.

Ficamos nos olhando, senti que algo se quebrava entre nós.

Sinu: Você arrastou a Ariana e a Allysson com você?

Ari: Tia, Mila não arrastou ninguém, decidimos juntas.

Sinu: Menos mal. Eu vou tentar tirar você daqui. Só não sei quando. - Ela põe a mão entre as grades e acaricia meu rosto - Eu te amo Camila, sei que com tudo que aconteceu eu nunca disse isso vezes suficientes, mas eu te amo.

Ela sai e me deixa ali, pensando. Sento novamente abraçando os joelhos e escondendo o rosto. Quando o policial chama Ari ela me abraça.

Ari: Vou dar um jeito de tirar você daqui.

Ela sai e eu fico sozinha, me remoendo em remorso e culpa.
Talvez Sinu tenha razão, mas vou fazer de tudo pra não ser igual a Alejandro.

A nerd e a marginal (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora