Capítulo 12

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Nova York, 15/09/17 9:53 am

POV Lauren

Cheguei a delegacia que as perigosas tinham falado.
O lugar é na periferia, pequeno, limpo, mas com um cheiro horrível de cigarros. Me dirigi ao policial que estava numa mesa de escritório.

Eu: Oi, eu vim pagar a fiança da Camila Cabello.

Policial: Você é o que dela?

Eu: Amiga da escola.

Policial: A marginal estuda? Não importa. São mil dólares, e só um maior pode tirar ela daqui.

Eu: Eu sou maior. E estou com o dinheiro.

Ele me lança um olhar desconfiado e dou a ele minha habilitação.

Policial: Tá legal, como uma garota de dezoito anos, que ainda estuda tem esse dinheiro?

Suspiro e dou a ele alguns documentos. Ele lê e ergue as sobrancelhas.

Policial: Perdão doutora Jauregui. Vou mandar buscarem a garota.

Eu: Não precisa me chamar de doutora.

Policial: Claro. Ela já vem.

Dou a ele o dinheiro e aguardo. Camila aparece quase gritando.

Camila: Mãe você... Lauren?

Eu: Oi Camila.

Camila: O que está fazendo aqui?

Eu: Te conto tudo. Vamos.

Seguro sua mão e saio da delegacia com ela.

Eu: Quer tomar café?

Camila: Adoraria, a comida da delegacia é horrível. Só comi quando não aguentei mais de fome e ainda passei mal.

Eu: Imagino.

Entramos em uma lanchonete e peço apenas café pra mim e um belo hambúrguer pra Camila.

Camila: Como soube?

Eu: Ariana.

Camila: Ela não devia ter contado.

Eu: Ela queria te ajudar.

Camila: Mesmo assim.

Nossos pedidos chegam e Camila começa a comer.

Eu: Porque não me contou? Eu poderia ter te ajudado.

Camila: A gente nem é amiga Lauren. E o que poderia fazer? Aliás, como arrumou o dinheiro?

Eu: Não tem importância. Camila, eu gosto de você. Eu só fiquei longe porque estava preocupada com as meninas. Mas a gente pode ser amiga e eu quero te ajudar. E eu posso.

Camila: Como Lauren? Você é só uma aluna de ensino médio.

Eu: Não Camila, eu não sou. Se importa mesmo, eu tenho mais dinheiro que todos os alunos daquele escola e pais deles juntos.

Camila: Para Lauren. O dinheiro dos seus pais pode ser seu, mas eles não vão gostar se começar a tirar. E você tem que guardar pra faculdade.

Eu: Para você Camila. Não preciso de dinheiro pra faculdade, já fiz três. E dois doutorados. E o dinheiro não é dos meus pais, é meu. Ganhei com uma descoberta.

Camila: Como é?

Conto tudo a ela. Meu QI, meus estudos, minha descoberta e como fiz fortuna.

Camila: Você nem precisava tá na escola então?

Eu: Não. Só me matriculei porque queria ter uma vida de adolescente normal.

Camila: Nenhum adolescente normal tem esse dinheiro todo.

Sorrio.

Eu: Não muda em nada quem sou Camila. Mas parece que a falta dele muda quem você é.

Camila: Você não me conhece Lauren.

Eu: Então se apresente. Quero saber quem você é.

Ela me olha.

Camila: Tudo bem, afinal me tirou daquele lugar. - Ela respira fundo - Eu morava em Cuba, e lá a gente era mais feliz. Mas Alejandro já roubava. Então ele foi denunciado. E nos mudamos pra cá. Mas nossa vida é uma droga desde então, minha irmã quase morreu de inanição e eu comecei a roubar com o Alejandro, eu precisava fazer isso pra ajudar minha mãe e minha irmã. Ele era violento com a gente, mas sempre pedia desculpas e do jeito errado, mas de algum jeito colocava comida dentro de casa. Mas aí ele... Ele fez algo horrível e foi preso. Ele me... Ele... - Lágrimas rolam dos olhos dela e eu seguro sua mão por cima da mesa - Ele me estuprou. E foi preso. E aí eu tive que começar a fazer algo pra sustentar a família. O emprego da minha mãe não dá nem pra ela pagar as contas. E é culpa minha o Alejandro tá preso, então...

Eu: Ei... Não diga bobagens. Não é culpa sua.

Ficamos apenas nos olhando em silêncio.

Eu: Camila, deixa eu te ajudar. Você não vai precisar roubar mais. Se dedica a estudar e quando as coisas melhorarem você me paga.

Camila: Não posso aceitar.

Eu: Ah Camila, por favor. É melhor do que roubar. Se for presa de novo vai cuidar como da sua família?

Ela pensa e me olha.

Camila: Tudo bem, mas vou devolver cada centavo que me der. Não sei quando, mas vou.

Puxo ela pra um abraço.

Eu: Somos amigas. Vou te levar em casa, depois vamos pras aulas da tarde na escola.

Ela concorda e depois de pagar saímos da lanchonete.

A nerd e a marginal (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora