Capítulo 15

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Nova York, 20/09/17 05:27 pm

POV Ally

Aproveito a carona da Lauren e da Camila, mas não passo nem cinco minutos em casa. Aviso minha mãe que cheguei e que estou saindo e corro pra casa de Ari.
Como imaginei ela está sozinha em casa, deitada no sofá e cantando baixinho.
Pra minha surpresa Camila entra logo atrás de mim.

Ari: Vocês são previsíveis. Eu tô bem.

Eu: Ari, eu não tô.

Camila: Eu também não.

Ela se senta no sofá.

Ari: Venham aqui. Vamos conversar.

Sentamos uma de cada lado dela no sofá.

Ari: Antes de tudo, acho que tá na hora da Mila saber o que aconteceu. - Ela me olha - Pode contar? Não consigo falar disso.

Eu: Claro. Mas talvez haja falhas. Não sei tudo. Bom... Eu nunca fui muito de me enturmar. Sempre fui fechada e segundo muita gente anti-social. Mas eu fazia Jiu-jitsu na mesma academia que Ari e Marie...

*Flash Back on*
Quatro anos antes

A aula acabou e fui pro vestiário, estava tomando banho quando comecei a ouvir uma conversa.

Ari: Não gosto disso Kea. Eu nunca... Nunca roubei antes.

Keana: Fala baixo droga. Vai ser molesa. Eles são velhos. Segura isso aqui...

Ari: Wow... Eu nunca usei isso. Não quero Keana. Droga, só temos treze anos.

Keana: Para de show... Você e aquela Brooke já são as perigosas.

Ari: Isso é diferente...

Keana: Não é não. Mas eu fico com isso já que tem medo.

Desliguei o chuveiro, pro meu azar Keana abriu a porta e me pegou pelos cabelos.

Keana: Brooke.

Ari: Deixa ela quieta Keana.

Keana: Tá louca? Vai saber o que ela ouviu?

Eu: Não ouvi nada.

Keana: Mentirosa. Agora você vai com a gente.

Ari: Keana.

Keana: É o melhor, assim tenho certeza que ela não vai falar nada. - Ela me solta e me encara - Coloca a roupa Allysson. Você vai com a gente.

Coloquei a roupa e com Marie me segurando pelo braço saí da academia. Andamos um pouco, eu estava apavorada com essa história de roubar e Ariana também não parecia feliz.
Chegamos em uma casa.

Keana: Ninguém vai amarelar agora. Vamos entrar, pegar tudo de valor e sair. Não tem ninguém em casa, vai ser fácil. E eu tô de olho nas duas.

Entramos na casa, e mais por medo do que por outra coisa comecei a pegar o que pudesse ter valor. Durante dez minutos fizemos a limpa, eu e Ari no andar de cima, Keana no de baixo, mas aí ouvimos a porta abrir. Houveram gritos e o som de um disparo. Alguém chorava.
Ari me pegou pelo braço e descemos devagar, entramos por um corredor e saímos pelos fundos. Corremos e ouvimos Keana vindo atrás.
Quando paramos em um campo ela nos alcançou, e estava totalmente alucinada. Tinha sangue nas suas roupas e ela gritava.

Keana: VOCÊS IAM ME DEIXAR LÁ? IAM ME DEIXAR LÁ?

Ela me alcançou primeiro e seu chute pegou minhas costelas, ela virou meu braço e eu senti ele se partindo. Ari foi pra cima dela e ela puxou uma faca. Enterrou até o cabo no peito de Ari e depois puxou. Ari caiu sangrando no chão e ela bateu mais em nós duas.
Depois simplesmente correu.
Não sei de onde tirei forças, mas me levantei e puxei Ari que tava quase desmaiada e sangrando e arrastei ela pra rua, onde nos acharam e levaram pro hospital.
E na ambulância ouvimos que uma casa nas redondezas tinha sido roubada, e que mataram um garoto de dez anos à tiro.

*Flash Back off*

Eu: Contamos aos médicos e aos nossos pais que tinha sido um assalto. Acreditaram, mas quando voltamos a escola Keana tinha espalhado que éramos violentas e que estava com medo da gente. Nunca corrigimos e passamos a ser temidas, depois começamos a intimidar e roubar. Keana não tinha coragem de mostrar o monstro que é na frente das amigas, então sempre que a gente podia dava uma dura nela. Não era bulling Mila, era justiça. Por nós e... Pelo garotinho.

Escondo o rosto nos joelhos e choro. Sinto Ari me abraçar também chorando.

Ari: É por isso Mila. Por isso somos assim. Hoje a gente rouba, faz merda e tudo mais. Só que a gente quase morreu. Foi apenas por treze milímetros que não acertou meu coração. Mas aquele garoto, de apenas dez anos não teve essa sorte. Ela paga de santa, mas ela matou um garotinho.

Mila nos abraça e chora junto com a gente.

A nerd e a marginal (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora