KINDA

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                      Tudo que eu sei hoje de capoeira eu aprendi com mestre Kinda lá no quilombo da Terra Preta.

Mestre Kinda é um negro fortíssimo, alto, bem vistoso, dizem que ele enfrentou na fuga para o quilombo três capangas fortes de seu senhor, só com a capoeira, quando o resto dos capangas foi atrás para saber por que ninguém havia voltado, acharam os corpos já em decomposição na mata.

Mestre Kinda é negro vivido, sofrido, veio da África já homem formado, cheio de ginga na capoeira, aprendeu a cozinhar na casa de seu senhor, então sabe preparar as comidas de branco e de negros, sabe também a arte de fazer panelas de barro e facas de pedra.

                   O senhor que era dono de Kinda tem uma pousada na cidade, quando comprou Kinda no mercado era pra carregar e descarregar os suprimentos da pousada, contou-me um dia.

-Eu tinha que fazer de tudo naquela pousada, comida, limpeza, carregar as "compra", lavar as roupas da pousada, tomar conta "pra" ladrão não entrar...

-Eu tinha que fazer de tudo naquela pousada, comida, limpeza, carregar as "compra", lavar as roupas da pousada, tomar conta "pra" ladrão não entrar

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Parecia que eu trabalhava mais que os outros pretos de lá.

Um dia meu "sinhô" pegou sua "muié" me olhando lavando as partes dentro do bacião, ele tirou sua cinta e deu nela uma coça que nem escrava preta. Pra vingar me deixou sem comida por um dia inteiro, mas em mim não bateu.

A senhora chorou e jurou vingança contra "sinhô".

                 Deu um dia que a pousada estava sem movimento, os pretos no quintal chupando cana para matar a fome, "sinhozim" havia viajado com um pouco dos capangas pra comprar mais preto pra trabalhar, a sinhá me puxa pros aposentos dela, tira a roupa e mostra suas "vergonha", me mandou fazer *baculandê com ela até anoitecer, pra "vingá" do marido.

E eu que era bobo nada, sabia que ele ia acabar descobrindo e minha morte era certa naquele lugar, tratei logo de dar um jeito de fugir pra cá pro quilombo, combinado com uns "preto forro" que fiz amizade lá no mercado das frutas.

-Jawaad? Perguntei.

-Ajudou também. Respondeu.

No caminho quando os "capitão do mato" me "achou foi" :*boca de calça, queda de ladeira, cutila, que me "salvou".

Na hora do boca de calça, capitão do mato caiu com a cabeça na pedra e lá ficou.

O FILHO DO SENHOROnde histórias criam vida. Descubra agora