VIOLETA

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              Por muito tempo ainda Violeta chorava e sofria com a morte de Cupertino, era muito ruim vê-la daquele jeito.

-Ela é tão jovem precisa viver, mande ela a França meu pai, bom que ela ajudará tia Hortênsia quando ganhar o bebê.

Dizia a meu pai.

-Estás louco?

Bartolomeu aquele tresloucado, patusqueiro!

Estragou a vosmicê e ainda vou mandar minha boneca para ele estragar também!

Violeta aqui nasceu e aqui ficará. Deixe-a! Ela está muito bem, essa tristeza passa, daqui a pouco arrumo casamento pra ela também e me dará sossego. Em sua noite de núpcias dará adeus para todo sempre a sua tristeza.

Meu pai dizia e ria.

              Eu conversava com ela, mas como médico, sabia que para sua tristeza não havia remédio, eu não poderia dar a ela a cura, nem fazer-lhe nenhuma cirurgia.

Já fazia tempo que Cupertino havia morrido, mas para ela nada havia mudado, parecia ter sido no dia de ontem.

-Romero, diga para mim, quem foi que matou Cupertino?

Eu sei que vosmicê tem essa informação.

Perguntou-me.

-Como tenho?

Não sei de nada!

Respondi.

-Se vosmicê não quer dizer é porque foi nosso pai, se não fosse ele vosmicê me diria quem foi. Vosmicê anda por essa cidade toda, pelo mercado, pelas casas em suas consultas, senhora Camélia é o noticiário da cidade em forma de gente, e vosmicê sempre a vê quase toda semana, duvido que ela ainda não descobriu quem foi e não te contou. Duvido!

-Pare de nervosismo, Violeta!

-Olhe em meus olhos e diga, não minta para mim. Eu sei do que papai é capaz!

Olhe Romero e diga!

-Violeta!

-Violeta! Esse seu tom de voz, para mim significou que sabe a verdade.

Se souber dize-me! Ou não me dirija mais a palavra, eu sei que tens a verdade Romero! Quem foi?

-O que pensas é verdade! Agora se acalme! Não enfrente nosso pai!

-Ele me paga! Vou ferir o orgulho dele, como feriu meu coração! Disse ela furiosa.

-Violeta o que diz?

Como assim?

Tenha calma!

-Vosmicê verá Romero, como meu pai sofrerá!

-Violeta, vosmicê está me assustando, falando dessa forma!

-Ele me prendeu e continua me prendendo como um bicho nessa fazenda, se eu sei ler e falar direito foi por muita insistência de minha mãe, ele me impede de fazer o que quero, ceifa meus sonhos, desejos e vontades, pode-se contar nos dedos, as vezes que fui feliz vivendo aqui, tirou de mim o que eu mais gostava, ninguém há de ser feliz tendo Barão Belizário por pai!

Imagine Romero se ele tirasse Sálvia de vosmicê?

Se vosmicê nunca mais a visse de novo? Mesmo que procurasse bastante, nunca mais a visse, se ficasse como eu aqui?

Nada posso, nada devo fazer, não minha filha, nunca ou quase nunca, é sempre assim!

-Eu sei o que passa com vosmicê! Eu sei! Agora fale baixo e fique calma, antes que ele venha aqui!

O que podes fazer contra nosso pai, Violeta?

Pense bem! Quando eu e o nosso pai caímos em desentendimentos, eu saio ou ele me coloca porta afora, vou para pousada, para o quilombo, eu sou médico, posso trabalhar e me sustentar em qualquer lugar, sou homem vivido.

Às vezes enfrento nosso pai, porque sei que tenho condições de me virar sem ele. Vosmicê é o contrário de mim, sempre viveu aqui, mal viajou acompanhada de nossa mãe, não conhece o mundo lá fora e suas crueldades...

Está louca Violeta?

Não pense em se vingar de nosso pai!

                Aconselho a vosmicê, insistir com ele e bastante em ir para a França, cuidar do bebê de tia Hortênsia, eu te ensino o francês, se ele deixar vosmicê ir posso até te acompanhar até lá. Bom que também mato a saudade de tudo que lá deixei.

Vosmicê não terá que viver aqui. Disse a ela.

Não Romero, ele tem que pagar pelo que fez!

-Violeta! Por hoje eu desisto de vosmicê! Desisto! Respondi a ela.

O FILHO DO SENHOROnde histórias criam vida. Descubra agora