O QUILOMBO

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    Enfim chegou a sexta-feira, menti para todos lá em casa dizendo que ia até ao vilarejo vizinho prestar cuidados de médico.

Levantei umas cinco da manhã e encontrei com Jawaad mais uns amigos perto da estrada, para adiantar caminho.

Seguimos o dia inteiro em cima dos cavalos, mais um pouco da noite quando chegamos ao quilombo.

Seguimos o dia inteiro em cima dos cavalos, mais um pouco da noite quando chegamos ao quilombo

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E qual não foi minha surpresa de conhecer aquele lugar.

Estava com medo de não ser bem recebido porque sou branco, mas os negros me trataram muito bem.

                  Os negros eram espertos fizeram o quilombo perto de uma cachoeira, assim tinham água para subsistência.

Havia fartura lá, plantações de milho, mandioca, couve, criação de porcos...

Tinha pequenas casinhas, choupanas que eram cobertas por folhas de coqueiro, tinha um grupo que estava aproveitando essas folhas e palhas de milho para fazer chapéus, cestos e produções de outros artigos que abasteciam a comunidade e era comercializada com mercadores, a razão dos negros do mercado e algumas pessoas serem o contato do quilombo.

Havia uma grande organização, essas choupanas abrigavam somente uma família, onde o homem era o chefe e tinha mais de uma esposa, na ausência do chefe a autoridade era da primeira esposa.

O povo do quilombo apesar de ser um povo sofrido gostava de festa.

-Sempre quando tem visita aqui, tem festa. Disse Jawaad.

Muita comida de preto, roda de capoeira e batuque a noite toda, a negrada cantava, dançava, batucava, comia como se ainda estivesse na África. Eu fiquei maravilhado com os cantos, como cantavam bem e em coro, as negras e as crianças juntas.

                Lá prestei meus cuidados de médico aos negros, que em troca me passaram alguns segredos das ervas e raízes da África, o que podia me valer na hora do sufoco em casos de doença quando eu me encontrasse inseguro.

Aprendi também capoeira, e um pouco dos dialetos Bantú-Angolensses e Gongolensses.

Na hora da capoeira passei vergonha, não conseguia equilibrar-me no chão só com os braços e pernas no ar,eu caia e as crianças riam, caia de novo e elas riam mais ainda, mas não desistia.

Na hora da capoeira passei vergonha, não conseguia equilibrar-me no chão só com os braços e pernas no ar,eu caia e as crianças riam, caia de novo e elas riam mais ainda, mas não desistia

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O avô de Jawaad dizia, faz o jogo, faz o jogo, tira os pés do chão menino. É uma dança, é a ginga,"amolece" as cadeiras (quadris) e eu ia tentando.

                  O Jogo é uma característica da capoeira que faz a movimentação constante de braços e pernas executados pelo capoeirista, em movimentos de vai e vêm, avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para desferir seus golpes.

*Kinda outro negro me ajudava nas esquivas, às vezes me segurava e ria.

Mostrou-me com Jawaad os golpes desequilibrantes.

-Quando se cair em negativa, na hora em que a perna esticada estiver por trás da perna de base do inimigo, dá-se um puxão com a mesma, procurando derrubar ele.

É uma rasteira com a perna quase dobrada. Faz isso de pé. Dizia Kinda.

-A rasteira de Meia Lua Presa é um golpe no qual o escravo agacha-se sobre uma das pernas, põe as mãos no chão e com a outra perna esticada aplica uma meia lua tradicional. O pé que faz o semicírculo da meia lua segue um caminho rasteira ao chão. Como este golpe só é usado quando o inimigo está com uma das pernas levantadas, o objetivo é alcançar a outra e com sua passagem desequilibrar o outro. Dizia Jawaad.

Enquanto falava Kinda mostrava com Jawaad o que era, e eu com medo de errar depois e eles rirem.

Mas no fim foi bem divertido, eu também ria de mim mesmo.

Comi, bebi, festejei, fiz novos amigos.

Na segunda antes de amanhecer o dia despedimos e fomos embora do quilombo da Terra Preta.

Continua...

O FILHO DO SENHOROnde histórias criam vida. Descubra agora