Foi uma semana que custou a passar, foi uma semana dolorosa, semana em que fiquei sofrendo em pensamentos por deixar senhorinha margarida tão moça e bela a me esperar a toa, por afrontar meu pai mais uma vez, por deixar a fazenda a qual vivi por muito tempo, meus amigos da cidade, do quilombo, o hospital, tudo.
Tudo ficaria pra trás, eu e Sálvia partiríamos em louca viagem para a França, Paris onde viveríamos uma nova vida, se seria fácil ou difícil a partida, não sabia, mas tive que arriscar.
Margarida não agradava a mim, mas outro jovem rapaz ela agradaria, podia ser feliz, ela tinha dotes a oferecer, era bela, jovem, uma nova corte que não havia de lhe de faltar, isso refrescava a minha consciência.
Apesar dela e seus pais serem, arrogantes, soberbos, chatos e prepotentes, ficava às vezes com dó pela tão grande vergonha que iriam passar perante todos convidados, por terem gastado tanto com a festa e tudo mais, minha mãe disse que senhora Petúnia encomendou tecidos a um mercador, exigiu que o vestido de noiva da filha, fosse de tecidos importados da Ásia e algumas especiarias para servir na festa também, quase que as coisas não chegaram a tempo.
Tio Bartô por carta me deu todo seu apoio e estava esperando por nós, eu e Sálvia ficaríamos lá com ele e tia Hortênsia, era até bom que eu como médico auxiliaria a tia naquele final de gravidez e Sálvia ajudaria com o bebê.
Estava tão ansioso, como foi na véspera da minha ida pra lá na primeira vez, foi tão cansativo, a partida no porto daqui, dias no navio...
Mas no final tudo ia valer a pena. Pedia a deus que sim.
XXXXXXXXXX
Era é o dia! O tão esperado e fatídico dia!
Não conseguia dormir, por mais que tentasse.
Foi uma pequena comitiva de charretes de Diamantina para fazenda, somente a família da noiva e uns fazendeiros amigos deles.
A festa seria lá mesmo na fazenda, geralmente as festas acontecem nas casas das noivas, mas lá teve de ser diferente por causa de meu pai, o que ele queria era lei. Foram convidadas muitas pessoas, dentre elas amigos de meu pai, idosos que não aguentariam a longa e desconfortável viagem por dias até Diamantina.
Outra coisa era que meu pai tinha convidado gente demais, que se fosse em Diamantina lá em Minas Gerais, não iriam e meu pai fazia questão dessas pessoas, com certeza, essa festa era também uma reunião de negócios para ele.
Eu dei graças a Deus, pois a festa sendo aqui a fuga minha e de Sálvia era bem tranquila, se fosse em Diamantina, teria que partir dias antes com minha família junto de mim e como fugiria, não sei, mas ainda sim fugiria.
O meu plano era bem simples, na noite de véspera, Fuad ficaria de prontidão na madrugada, eu e Sálvia entraríamos na charrete com nossas coisas e íamos embora.
Mas qual não foi minha surpresa!
Continua...
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O FILHO DO SENHOR
RomanceA história de um jovem abolicionista que se vê obrigado a ir contra o próprio pai escravagista para defender os direitos dos negros escravos e livrá-los do sofrimento. Inconformado, justiceiro, perfil aventureiro destemido e inconsequente. A histór...