Nas Garras do Falcão

O Herdeiro

"Seu coração batia como um soar do ponteiro do relógio no silêncio da madrugada, ao relembrar-se dela como se estivesse ao seu lado,dividindo momentos.
Ah, se seus dedos pudessem desenhar seus traços finos, cobrindo-lhe a pele morena. Sim, como uma beduína do deserto.Era assim sua amada.
Ele imaginava que a coberta peluda, que lhe cobria os pelos, era a intimidade de sua amada.Tocava nela de olhos fechados e jurava que até podia ouvir seus gemidos em algum lugar do quarto. Este era seu sonho de toda a madrugada. Pelo menos, a de muitas.
Sim, naquela noite ele parecia estar doente. Cabisbaixo e calado.De momento em momento entravam para lhe perguntar se necessitava de algo. Até que surgiu a última empregada do turno noturno.
Ela o analisou calada,apenas observando.Concluiu que ele ficaria bem,mas não falou nada. Apenas que estava de saída.

Foi a bela oportunidade.Parecia uma boa idéia naquele momento.

E foi.

Mandou falarem para sua amada,para que chegasse até seu leito e o cuidasse do cair da noite ao nascer da alva. Claro,usava isso para desfrutar da jovem presença em seu quarto,porém,acabaria desfrutanto muito mais.

Aisha entrou devagar no quarto de seu primo. Tentava pisar o mais leve possível nos tapetes enquanto ia se aproximando do fino tecido que envolvia o leito do Sheikh.

A orla de seu vestido branco de cetim ia de encontro ao seus pés,ao caminhar de seus passos.Estava tensa e preocupada em não acordar seu primo,caso ele estivesse dormindo.Ela havia decidido que ficaria por perto para lhe ajudar,já que era seu primo,um membro de sua família.

Porém ela o encontrou acordado, com sua respiração pesada e lábios pressionados um contra o outro.

"Aisha...se aproxime"

Ela o analisa mais uma vez e,novamente não encontra nenhum vestígio de alguém que precisasse ser cuidado. Porém se calou como a empregada, mas não se aproximou.

" Está se sentindo melhor primo? "

Ele balançando a cabeça negativamente à chamamando  novamente com os dedos.

" Acho que estou com febre. Venha ver."

Ela respirou fundo a cada passo que deu até sua mão tocar a testa dele para constatar o calor. Mas não sentiu nada de anormal, só que tudo estava estranho.

Quando fez menção de afastar a mão ,a do seu primo agarrou seu pulso com firmeza fazendo com que um temor caísse sobre a jovem.

" Me solte primo. Está louco? Me solte! "

Urrava em desespero.

" Eu só quero conversar Aisha. Me escute. "

Ela lutou desesperadamente para arrancar seu pulso de suas garras,mas por um momento não adiantou. Seu pavor só piorou quando ele se sentou sobre a cama e a puxou para um beijo firmando sua cintura com a outra, um beijo que ela não correspondeu.

O olhar do jovem à sua frente se tornou distante, vago e vazio. Primeiro ele liberou sua cintura e depois tornou o aperto nos pulsos dela suave. O que deu a ela a oportunidade de sair do quarto as pressas sem nem olhar para trás.

Talvez se tivesse olhado teria visto quem a perseguia. Quem a pegou por trás e pressionou algo contra seu nariz. Quem a estuprou de verdade, enquanto o primo rejeitado chorava em sua cama.

Teria descoberto tudo a tempo."

...

- Rashid - repito o nome que até então, é desconhecido para mim.