O Duelo Final

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Assim que meus pés pisam em solo brasileiro inspiro com tanta força que sinto tirar o fôlego dos outros. Inspiro deixando o peito leve para sentir todas as emoções que me rodeiam, entre elas a alegria.

  — Olá.  — digo para um senhor de cabelos grisalhos que passa ao meu lado — Com licença. — falo ao passar por um grupo de jovens e aceno para uma grávida — Oi!

A sensação de falar brasileiro novamente e de poder entender os outros tranquilamente é maravilhosa. O sentimento de que se tem um lugar no mundo que é só seu é a sua pátria. Afinal, a minha tem palmeiras onde canta o sabiá.

  — Por favor senhorita Al Maktoum?
—  viro-me para ver quem chama e encontro um homem alto com o uniforme dos trabalhadores do aeroporto. Assinto com a cabeça de leve para ele prosseguir. — O Sheikh Hamdan nos avisou da sua chegada aqui no aeroporto com o jato particular. Tem uma sala carinhosamente preparada para você aguardar o senhor que vai lhe guiar até seu destino.

Analiso o homem pela milésima vez e tento entender como tudo que faço é controlado por Hamdan. Não que eu me incomode, cuidado nunca é demais, porém ele poderia me avisar antes.

   — Como soube que era eu?  — minhas palavras saem tão rápido como o pensamento.

Ele sorri sem jeito.

  — Eu segui você desde que saiu do jato, mas você anda muito apressada.

Coro com a declaração.

Realmente eu estava muito alegre e eufórica ao mesmo tempo que nem percebi o que fazia.

  — Desculpe.  — rio de mim mesma.

  — Vamos?  — ele me mostra o caminho.

  — Vamos.

...

Transtorno é o que está acontecendo com Assad agora. Ele lê e relê a ficha tentando derrubar a informação de que o herdeiro é na verdade a herdeira mais nada muda. O que na verdade, os Al Maktoum esconderam dele?

E ainda descobre no fim da folha, um respectivo endereço, que é da família adotiva.

Com a cabeça quente de tantas especulações ele se levanta do lugar onde está sentado e caminha até seu carro com a pasta na mão.

Ativa o GPS dando ao aparelho as informações que tem e logo ele lhe dá o destino. Sem muito a perder, o homem da a partida em direção ao local. Chegando lá uns trinta minutos depois.

Ele encontra uma casa de tamanho mediano, estilo colonial, bem preservada. As grades nas portas e janelas são pelo motivo de segurança da residência. Há também jarros de flores na beira da porta, Assad observa que foram regadas há pouco tempo.

Impaciente ele estende a mão através da grade e bate na porta, mal percebendo a campainha ali na beira.

Ouve um grande murmúrio vindo de dentro, vários remungos, barulho de chaves e então, o ruído da porta ao ser aberta.

Assad se sente contrariado e envergonhado por demonstrar tanta fúria diante desse ser, tão absoluto quanto seus lábios esboçam um sorriso forçado.

  — Olá senhora.  — diz incerto se seu português está correto.

A velhinha de cabelos brancos presos num rabo de cavalo, baixinha e com um ar generoso sorri.

  — Eu estou procurando uma família.  — Assad fala e lembra do sobrenome da família com esforço. — A família Camatta.

A senhora abre um largo sorriso.

Nas Garras do FalcãoOnde histórias criam vida. Descubra agora