28. É o que?

49 5 0
                                    

Rubens:
O dia na escola foi cheio, Nick e Adrian para variar brigaram na escola como se fossem adolescentes imaturos e nervosinhos, esse ambiente escolar não parece trazer boas lembranças para ele.
Estava no meu quarto ouvindo Neighborhood olhando o teto, minha cabeça doía, e a briga de Nick foi com Evelyn que a provocou, massageio minhas têmporas, fecho os olhos e os abro lentamente. Odeio estar naquele colégio.
- Moore? - ouvi batidas na porta de meu quarto.
- Entre. - falei com preguiça.
- Está bravo comigo porque bati nela? - Nick se sentou virada de costas para mim. - Ela não devia ter falado o que não sabe, e ela que começou eu devia ter ignorado só que não consegui subiu a raiva.
- Sério, eu sei que ela pegou pesado. Tudo bem. - ela me olhou com um sorriso curto e se deitou na cama também.
- Foi só um soco.
- Você brigou com um jogador do time de futebol da escola.
- Ele ia bater injustamente no Adrian, quem é o babaca que ataca pelas costas? Sabe que se fosse com você eu faria o mesmo.
- É... - fechei os olhos e logo vi tudo ficar preto.

Nick:
Rubens adormeceu em meio a nossa conversa, tirei seus conturnos e joguei sua coberta sobre seu corpo.
Sai do quarto lentamente fechando a porta, desci as escadas, e fui para a sala onde peguei um cobertor e deitei no sofá para ver algo na televisão e mexer no celular.
- Então? - perguntou Kenner, nem o vi se aproximar.
— Dormiu, ele está chateado. — bloquiei meu celular e virei meu olhar para Kenner.
— Você não pensou nele quando bateu na Evelyn?
— Alguém pensou em mim quando ela me bateu? Acho que não.
— Calma só quero conversar, relaxa. É que você é mais velha que ela.
— Meu treinamento é claro, me bate e eu revido.
— Que tal a gente ir tomar sorvete?
— Boa.

Kenner:
  Apesar dos últimos ocorridos, eu me sentia bem comigo mesmo, eu e Nick caminhavamos lentamente pela rua quase que vazias, o céu estava cintilante com várias estrelas e a lua cheia, sem nenhuma nuvem que atrapalhasse.
  A avidez da noite me fazia lembrar com clareza da minha adolescência, dez anos se passaram como água que cai de cachoeira.
  O caminho foi até que silencioso, exceto pelo barulho de carros que passavam ao nosso lado e risadas de algumas casas, famílias...
  Logo avistamos um senhor em uma praça onde ele ainda vendia sorvetes, algumas crianças faziam fila, eu e Nick esperávamos a nossa vez.
— Pensativo. — ela argumentou.
— Como será ter uma família? — pensei alto.
— Deve ser bom, achei que ainda mantinha contato com a sua.
— E a sua? — tentei mudar de assunto.
— Foi exterminada como se fossem lixo, prefiro não comentar sobre isso. — ela abaixou o olhar por alguns segundos.
— O senhor Moore deve temer por Rubens e Carla, assim como o próprio Rubens. — pensei.
— Ser agente não importa a área você corre risco de morte, assim como polícias e os próprios civis, a realidade é uma infamidade de dureza. — poético demais e real também.
Chegou a nossa vez.
— Do que você vai querer?
— Chocolate.
— Dois de chocolate, por favor.
— Se você não trabalhasse no seu atual emprego do que trabalharia? — perguntou-me ela disfarçando para não ouvirem, paguei os picolés e saímos caminhando praça adentro.
— Trabalharia com música. — ela murmurou com um olhar positivo enquanto comia assim como eu. — E você?
— Faria faculdade de Letras.
— É o que? Sério?
Rimos.
— Sim. Ora qual o problema?
— Nenhum só não esperava isso.
— Ler é melhor dom que possuímos e os livros são nossa fortaleza. — "caramba tá inspirada, em", pensei comigo.
— E sobre esse lance de ter família, sabe que o que aconteceu com a sua, aconteceu com a minha. Só a minha mãe foi poupada.
— É um valor alto que pagamos.
— Quase morremos aquele dia. — falou com o olhar baixo.
Um barulho estava me incomodando, deve ter pregado algo no meu coturno, me sentei no banco em frente ao lago e Nicole parou ao meu lado.
— Que houve? Torceu o pé? — ela já tinha terminado de comer seu picolé e eu pedi para ela segurar o meu.
— Que estranho. — o barulho continuava e não tinha nada na minha bota.
— Tá ouvindo isso?
Nos entreolhamos e o barulho de "tic-tac" ficou mais incessante.
— Porra Kenner! É uma bomba! — ela gritou, fui puxado com força pela manga do meu blusão, ao correr para o lago e logo o barulho veio e fogo cobriu grande parte da minha visão isso até a água gelada e escura encubrir minha visão, foi por pouco.

Só foi falar em morte, que a gente quase morreu de novo.

Invasão (Hacker)Onde histórias criam vida. Descubra agora