4. Moore

330 22 1
                                    

  Será que foi Victor? Ou o rapaz de botas de cano alto?

  Evelyn meio sem sentidos e com leves tonturas de sua labirintite que resolveram atacar no momento errado, viu o vulto do rapaz que havia parado o seu espancamento quase-morte, ela só viu que usava botas cano alto em cor preta e que seu corpo era esguio e magro, não aguentou a forte tontura e desmaiou, diante aquelas folhas no chão.

   Acordou na enfermaria com Victor ao seu lado, o diretor, os pais de Victor e um rapaz que nem ela tinha ideia, mas havia ajudado muito porque parou a confusão.
— Evelyn, como você está? — perguntou Evelyn.
— Machucada o que acha? Mas eu tive outro daqueles desmaios. — abaixou o olhar triste e envergonhado de estar daquele jeito.
— Eu quero processar aquela menina medíocre. — falou com raiva a Sra. King.
— Se o Sr. Moore não estivesse lá a tempo, talvez até a violentaria mais. — disse o diretor. — No entanto senhora, sabe o que seus filhos fizeram?
— Espalharam fotos dela pelo colégio? — sugeriu.
— Então você sabia?
— Não senhor, só que há várias fotos do lado de fora do colégio.
  Victor lançou um olhar enciumado, e fez um leve carinho sobre o rosto de Evelyn, enquanto sua mãe resolvia o problema.
— Por causa desse rebuliço todo e termos chegado facilmente a quem causou essa desordem, Evelyn e Victor vão estar suspenso pelas próximas duas semana. — disse o diretor tirando bufadas dos demais e incômodo. — E você Victor, nunca mais codifique as portas para destranca-las.

  O diretor saiu e os pais de Victor discutiam entra si lá fora com ele, quando o rapaz que havia ajudado Evelyn, se aproximou e o barulho das botas reçoavam.
— Você deveria revidar. — ele falou com tanta tranquilidade e sua voz era baixa e suave, cabelos extremamente lisos, olhos castanhos escuros e sobrancelhas bem feitas davam um semblante simpático e até sedutor com um sorriso turvo e meigo, pele clara, era esguio e magro, mas não magro de ser magro, até aparentava fazer academia, seu estilo rockeiro, com o olhar levantando ainda, ergueu uma das sobrancelhas e com aquele sorriso, o coração de Evelyn bateu forte e ali abriu um sorriso no canto da boca.
— Eu prefiro invadir o sistema operacional do computador dela.
— Vocês dois são hackers? — ele perguntou gesticulando as mãos.
— Não, não. — respondeu Victor com o olhar cínico. — Não, profissionais.
— Victor! — falou Evelyn chamando a atenção, apertando sua mão e se sentando na maca e ficando entre os dois, viu seus braços arranhados e ficou chateada um dia teria que revidar.
  Então Moore que ainda só soubera o sobrenome, ergueu seus olhos nos olhos dela e se olharam fixamente.
— Não fique assim, vocês têm potencial. — algo nele, incomodava Victor.

  Victor puxou a mão de Moore para longe do rosto dela, e o encarou e o revidou com um sorriso sarcástico.
— Ela realmente tem potencial. — Victor falou erguendo as mãos a altura do ombros e a balançando como se fosse uma surpresa. — É a Evelyn, já viu as notas dela?
— Se quer usar ironia comigo, desista. — atentou.
  Evelyn observava com as sobrancelhas erguidas e boquiaberta, sem saber o que dizer ou fazer, cada milímetro da sua face ardia.
— Escuta aqui, Moore ou seja qual for seu nome. — aumentou a voz.
— Não vai querer me ver nervoso ou invadindo a sua cpu. — ele abriu em sua boca outro sorriso meigo e ergueu uma das sobrancelhas.
— Ninguém invade o sistema do meu computador. — Victor cerrou os pulsos e o encarou com raiva.
— Você que pensa, abrir essas portas é para qualquer um nutella, eu consigo desligar a cidade inteira. — ele foi se aproximando com as mãos dentro dos bolsos do jeans escuro.
— Vá se foder! — gritou.
— Vá você. — falou sem perdar a postura.

  Evelyn deu um pulo da maca e se virou diretamente a ele, que esboçou um sorriso e estendeu a mão.
— Então qual é o seu nome? — Evelyn estava gostando de alguma forma dele.
— Rubens, cara donzela. — ele pegou a sua mão e a beijou vagarosamente e lhe lançou um olhar de desejo e um curto sorriso.
— Que nome lindo. — ela sorriu.
— Qual é, Evelyn! — Victor bateu o pé e a sua bota de solado de ferro ressoou na enfermaria. - Sério, isso?
— O que? — ela abriu um sorriso, indicado o olhar, a ele que demonstrava carinho por ela de alguma forma.
Victor passou a língua entre o lábios, e abriu a boca para dizer algo, só que desistiu e voltou a olhar para aquela cena.
— Evelyn, você sabe que eu não sou de fazer inimigos. Mais esse aí eu vou quebrar a cara! — falou ameaçador.
— Não vai mesmo — interrompeu —, virem amigos. Ele parece entender de tecnologia, em vez de se odiarem, se unam. Ele pode ser útil. — Evelyn pegou as mãos deles e fizeram dar um aperto de mão e pegou sua bolsa e saiu pela sala.
Os dois se olharam com seriedade, ali sozinhos na sala, deixados para um conversa nada confortável.
— Ela é boa em manipulação! — afirmou Rubens, com um sorriso agradável.
— Ela é incrível demais para você. — respondeu seriedade.
— É isso que vamos ver.
Apertaram a mão um do outro com mais força.
— Amigos? — riu Victor terminando aquela pergunta.
— Amigos sim, King. — esboçou sarcasmo.

Victor saiu da sala, e acompanhou Evelyn até o carro de seus pais, que ainda pareciam estarem revoltados porque não haveria punição para Anne Mitchell.
— Querida, como você está? — disse a Sra. King, baixa estatura, pele clara, cabelos louros e era um pouco cheinha por conta da idade mesmo, sempre cuidou de mim como uma filha, assim como Sr. King, ele era um pai rígido, mais sempre foi de bem com tudo, sempre educou cada um de nós com educação e paciência.
— Vocês se odeiam a quanto tempo mesmo? — perguntou o Sr. King, Victor ficou no lado esquerdo e me concedeu seu colo para eu deitar, começou a chover muito, bem que em Seattle chove frequentemente.
— Boa pergunta, acho que desde que eu nasci. — Victor começou a acariciar meus cabelos, algo estava incomodando ele.

A partir daqui os personagens contarão a história na sua visão...

Evelyn:
Segurei sua mão e em tom baixo, não hesitei em perguntar:
— O que te incomoda?
Ele me olhou sem respostas.
— Em? Foi o Rubens que te deixou assim? — ele parou de mexer em meus cabelos, e olhou distante pela janela e fechou a cara com raiva e incredulidade.
Me levantei com dificuldade e vi que era o Rubens, dirigindo uma Harley Davidson, ergui as sobrancelhas franzindo o cenho, estava em ótimo estado, parecia que havia acabado de ganhar, voltei a me deitar e não disse mais nenhuma palavra direcionada ou que houvesse Rubens no meio.

Invasão (Hacker)Onde histórias criam vida. Descubra agora