[CONCLUÍDA] Após a morte do filho, Jonas decide ir até as últimas consequências para mudar a forma como a sociedade enxerga a homossexualidade - mesmo que para isso tenha que lutar contra cada homofóbico que apareça pelo caminho.
1° Lugar no concur...
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Primeiro dia de volta ao trabalho e os boatos já circulavam. Metade da escola acreditava que Yuri havia fugido de casa e me pediu abrigo enquanto a outra achava que existia algum tipo de relação íntima entre nós dois. De qualquer forma, agradecia pelo fato disso abafar um pouco a história dos vídeos do suicídio de Damien.
Em casa, arrumei o quarto do meu filho para Yuri ocupá-lo e em nenhum momento paramos para conversar sobre tudo o que aconteceu com o pai dele.
Claro que tinha meus questionamentos a respeito do Adam – queria saber se ele sempre era tão violento quanto no áudio – mas tinha fé que o assunto viria quando o garoto estivesse pronto. O que mais me incomodava era o fato daquele homem ter me enganado com um sorriso gentil estampado no rosto. Me arrependia por não ter feito mais do que apenas deixá-lo inconsciente.
No trabalho, fiquei disperso durante as aulas e quando peguei a turma do Yuri evitei contato visual com ele. Sinceramente não conseguia me ver morando muito tempo com ele, mas deixá-lo voltar para o pai estava fora de cogitação. Adam nem mesmo procurou o filho durante os dias em que estiveram separados. E se tentasse, estaria pronto para afastá-lo à força.
Arrumei minhas coisas quando o sinal tocou e segui para uma breve conversa com a diretora.
Amélia Swan era uma mulher negra de olhos castanhos belíssimos, devia ser cinco anos mais velha do que eu e os óculos lhe davam um tom de seriedade que combinava com o terninho azul. Quando entrei na sala da diretoria fui recebido com um sorriso, no qual não retribuí por saber o motivo de estar ali.
— Seja bem-vindo de volta, Jonas – disse ela, gentil como sempre. – Espero que as coisas estejam melhores para você.
— Sim, elas estão.
Me sentei com a mochila no colo e transpareci pressa. Quanto mais rápido tivéssemos aquela conversa, melhor.
— Não tenho muito tempo. Yuri está me esperando lá fora – adiantei.
— Sei disso, e deve entender que é justamente por este motivo que precisamos conversar – ela suspirou. – Há boatos circulando na escola...
— Nem precisa terminar. Sei bem sobre o que vai falar e posso dizer que nenhum dos rumores é verdadeiro. Meus alunos são fofoqueiros e gostam de aumentar as histórias que ouvem.
— Então explique-se, por favor. O que faz um homem adulto que acabou de perder o filho abrigar um adolescente em casa? Um jovem de 17 anos com tendências homossexu...
— Espero que não termine essa frase, Amélia. Respeito muito você para manda-la tomar naquele lugar.
Ela uniu as mãos, respirou fundo e pensou bem nas palavras dali por diante.
— Sei que está passando por um momento difícil, mas é bom que saiba que não vejo maldade no que está fazendo, professor. Mesmo assim, quando um assunto desses chega aos pais de outros alunos, pode levar à muitas interpretações – acrescentou. – O que me preocupa é que você acaba de perder um filho. Tenho medo que esteja transferindo uma carga emocional alta para aquele garoto. Entendendo o que quero dizer?