12. Discussão

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O Lutador Verde talvez não aprovasse meus métodos, mas estava me sentindo completo por trabalhar no centro de acolhimento, mesmo ainda no período de treinamento

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O Lutador Verde talvez não aprovasse meus métodos, mas estava me sentindo completo por trabalhar no centro de acolhimento, mesmo ainda no período de treinamento.

Estava disposto a desconstruir a visão dos jovens quanto aos colegas homossexuais. A melhor forma de integrar todos era através do esporte e planejar as aulas estava sendo uma tarefa gratificante. Nas horas vagas, conversava com Amélia e ajudava nos afazeres diárias do local. Vez ou outra tinha a oportunidade de conversar com os alunos e, assim, acabei criando amizades por lá. Havia pessoas tão diferentes e histórias de vida tão surpreendentes que não existia forma de não me envolver com todo aquele pessoal.

Mesmo não concordando com o fato dos LGBTs ficarem em alas separadas, tentei manter a paciência e resolvi que mudaria aquela situação unindo todos, com as aulas de futebol, vôlei, handebol e xadrez que daria em breve.

O projeto social passou a ocupar boa parte da minha vida e estar com a mente cheia me impedia de pensar em besteiras e aliviar a culpa quanto a morte de Damien.

Com o Yuri, as coisas melhoraram. O clima estranho da nossa conversa sobre o pai dele dissipou-se e em casa sempre conversávamos e descobríamos mais um sobre o outro.

O garoto gostava de festas, em algumas delas ia com roupas mais femininas – coisa que precisei me acostumar – e voltava apenas no meio da madrugada com um sorriso no rosto. Adorava a alegria que ele trazia consigo e queria mantê-lo assim, feliz.

Compartilhei meu apreço pelo centro de acolhimento e Yuri mostrou interesse em conhecer o lugar. Combinamos de, após as aulas, vez ou outra, ele ir comigo e ser uma espécie de ajudante.

— Por que não colocam uma tabela de basquete nos cantos da quadra? – Perguntou, vendo o canteiro de obras onde seria a área de lazer. – Assim teremos mais um esporte para as crianças.

— Boa sugestão, vou anotar e levar para a Amélia – entreguei para ele o saco com as bolas da aula e pedi que me ajudasse a separá-las. – A quadra deve ficar pronta daqui dois meses; terá muita obra até lá, mas tenho certeza que o lugar ficará fantástico.

— Acha mesmo que vou poder te ajudar em algo? Sabe que não sou muito fã de esportes, né?

— Isso porque ainda não te treinei – peguei uma das bolas e comecei a fazer embaixadinhas. – Diz aí, o que sabe sobre futebol?

Ele pensou um pouco antes de responder.

— Um monte de homens suados de pernas torneadas correndo atrás de uma bola. Não sei como consideram isso coisa de hétero.

— Acredite, você pode se divertir jogando – errei a embaixadinha e joguei a bola na direção dele. Yuri se atrapalhou um pouco, mas conseguiu pegá-la. – Te ensino o básico e depois você me auxilia com os garotos quando as aulas começarem, beleza? Vamos fazer um time LGBT.

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