17. O flagrante

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Uma das psicólogas deve ter contado para Amélia sobre minha conversa com Diego, pois no dia seguinte fui afastado do abrigo

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Uma das psicólogas deve ter contado para Amélia sobre minha conversa com Diego, pois no dia seguinte fui afastado do abrigo. Tentei alertar a diretora sobre o perigo que a ala LGBT corria, mas ela me ignorou e falou que alguns dias em casas me ajudariam a colocar a cabeça no lugar. 

Saí de lá furioso, mas a verdade é que estava enfrentando problemas demais naquele momento. Poderia usar o tempo longe do abrigo para arrumar minha vida, colocar tudo em ordem e me concentrar nos projetos que queria realizar. No futuro, conversaria novamente com Diego e tentaria mostrar que ninguém ali era inimigo dele e todos mereciam respeito e consideração.

Na escola, resolvi passar testes físicos para os alunos. Fiquei de olho em Yuri, na forma como ele ficava próximo do Bruno — que tentou evitar contatos excessivos para os colegas não perceberem que existia algo entre eles. Aquilo me aborrecia cada vez mais e optei por acabar a aula cedo.

Foi no intervalo que decidi sair da sala dos professores e procurar pelo Yuri nos corredores. Afinal, precisava de ajuda para mais uma das minhas loucuras.

Quando avistei o garoto, ele estava sentado nas escadas da biblioteca e conversava com uma amiga. Bastou me aproximar para ele exibir um sorriso gentil e se levantar.

— O que faz aqui? – perguntou, sem graça. – Professores não costumam ficar no pátio na hora do intervalo.

— Desculpe quebrar a regra, mas quis vir te ver  – falei, como quem não quer nada. Cheguei mais perto para dizer algo no ouvido dele. – Certa vez você disse que tinha algo guardado para mim.

Ele abriu um sorriso cúmplice, deu um pulo e me pegou pela mão para me guiar em direção aos armários. Alguns olhares me deixaram constrangido, principalmente por Yuri ser do tipo que rebolava um pouco enquanto andava.

— Trabalhei nisso por muito tempo, deixei aqui porque sabia que cedo ou tarde você iria querer. Parece que o momento chegou!

— Não se entusiasme. Vou à uma boate, então não é nada do que você está pensando – menti.

Ele não caiu nessa, mas não insistiu para saber a verdade. Abriu o armário e tirou uma caixinha de papel.

— Você embrulhou?

— É um presente, nada mais lógico do que enfeitar um pouquinho.

Tentei abrir a caixa, mas ele me segurou.

— Aqui não – alertou. – Ninguém deve ver, senão podem te ligar ao Lutador Verde.

— Já disse que é apenas uma festa.

— Pois bem, coloque só quando estiver na sua "festinha" então. Até lá, deixe a caixa fechada – Antes de se afastar ele avisou. – E não se esqueça de usar luvas!

Gostei do jeito dele, era a primeira vez que o via dando ordens e achei de certo modo divertido.

Guardei a caixa e fui embora com o presente.

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