18. Cabeça à prêmio

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Há momentos na vida em que tudo muda

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Há momentos na vida em que tudo muda.

Quando Damien morreu senti a necessidade de fazer algo para honrar a memória dele e impedir que mais jovens fossem levados ao suicídio. Devia ter me contentado em ajudar apenas o Yuri, mas precisava fazer mais, por isso atropelei aqueles garotos homofóbicos, briguei com os Skinheads e dei uma surra nos homens que tentaram atacar a boate no centro da cidade. Nunca me senti tão vivo! Porém se continuasse assim, logo arcaria com as consequências dos meus atos.

O resultado da noite anterior foi sangue espalhado por todo o banco do carro. Por não poder ir ao hospital, eu mesmo enfaixei o braço, tomei analgésicos e me coloquei em repouso. Dormi praticamente o dia inteiro, não respondi as mensagens do celular, não liguei a televisão, não saí da cama e quando acordei troquei os curativos e rezei para que nenhum machucado infeccionasse.

Quando a vontade de beber chegou, coloquei vodca, frutas e leite condensado no liquidificador para fazer uma batida — que ficou horrível por sinal.

Estava distraído, pensando em tudo o que aconteceu quando o celular tocou e me escorei na bancada da cozinha antes de atender.

Yuri não me cumprimentou, indo direito ao ponto. 

— Me fala que não bancou o homem aranha e saltitou em cima de carros ontem à noite.

— Boa tarde para você também – falei, com um sorriso incriminatório – Não se preocupe, estou bem. Havia câmeras lá, então deve ter visto como bati naqueles animais. Ganhei a luta, dessa vez sem grandes danos.

— O que percebi foi que minha máscara ficou incrível, mas sua roupa quebrou todo o estilo! Por que não usa o que te deixei na caixa? Seu look de ladrão acabou com o glamour da coisa.

— Não comece, Yuri. Tenho coisas mais importantes para fazer do que mudar o guarda-roupas.

— Sim, senhor – ele respondeu, brincalhão – Só liguei mesmo para saber como você está. Amélia me contou sobre o afastamento do abrigo e fiquei preocupado que isso pudesse tirar seu foco.

A campainha do apartamento tocou e saí de perto da bancada.

— Não se preocupe, estou bem e posso te dar mais detalhes do que aconteceu quando vier aqui em casa. Acho que não tem problema assistirmos mais um filme de Velozes & Furiosos hoje.

— Sim, com certeza. Mais tarde passo aí então. Beijos, profi.

— Um abraço.

Desliguei e caminhei em direção a porta, brincando com o celular antes de devolvê-lo ao bolso.

Tenho que admitir que estava ansioso para poder compartilhar com alguém tudo o que fiz. Agora que peguei o jeito da coisa, não via a hora de bancar de novo o super-herói e fingir que sou indestrutível.

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