Por fim, gostaria de deixar claro que amo cada um de vocês. Minha mãe, mesmo com seu jeito fechado. Meu pai, essa montanha inalcançável que, apesar de tentar se aproximar de mim, ainda tem muitos preconceitos para abandonar. E Yuri, alguém se sempre foi especial para mim e que amei — uma pena não ter conseguido ser o herói que você merecia.
Vejo em vocês uma bondade que é rara na maioria dos seres humanos.
Por isso peço que cuidem um do outro. Sejam fortes e lutem por um mundo melhor. Um lugar onde pessoas como eu possam encontrar felicidade.
Com carinho,
Damien.
Um homem bondoso jamais faria tudo o que fiz ao longo da minha trajetória como Lutador Verde.
Há algo de tóxico na nossa sociedade. Alguma coisa que faz o ser humano ter ódio dele mesmo e das pessoas ao seu redor.
Trabalhei com um professor de filosofia que dizia que isso sempre existiu e que as redes sociais intensificaram os efeitos dessa doença. Afinal, nelas cada um pode publicar imediatamente aquilo que pensa, sem precisar parar para refletir. E o acúmulo de informações e pensamentos divergentes fazem com que algo desperte dentro de nós e nos intoxique.
Mesmo assim, acredito que até mesmo aqueles que se escondem e libertam seus demônios on-line sabem a diferença entre o certo e o errado. Apenas não se importam mais.
Com tanto mal ao nosso redor, é fácil dizer a si mesmo que suas ações não podem ser tão ruins se comparadas as dos demais. Assim, passam a acreditar que alguém que faz piadas sobre o suicídio de um garoto on-line ou que grita para uma pessoa se jogar de uma passarela não será julgado com a severidade de um assassino, por exemplo.
Mesmo assim, Maldade é maldade. Não importa a justificativa e não importa a quantidade de pessoas que podem ser piores do que você. No momento em que você faz algo errado e não volta atrás, está condenando a si mesmo.
— NÃO PULA!
A voz me pegou de surpresa, me fez segurar na lateral da passarela e me virar para a última pessoa que esperava encontrar ali.
— Por favor – ele pediu, a uma distância segura para que eu não me afastasse e me jogasse pelo susto de vê-lo. – Não faça isso, pai.
Os olhos dele mudavam de cor como sempre faziam a depender da luz do ambiente. Os cabelos castanhos se jogavam ao vento e por algum motivo sentia que a o brilho do sol atravessava o corpo dele e iluminava tudo ao nosso redor.
— Do que me chamou? – Perguntei, com os olhos marejados.
— De pai – ele respondeu, com um sorriso. – É isso o que você é, não estou certo?
— Yuri...
Senti o sangue escorrer pela minha nuca e soube que nada daquilo era real. Tudo não passava de uma alucinação por conta da luta que enfrentei.
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Lutador Verde
General Fiction[CONCLUÍDA] Após a morte do filho, Jonas decide ir até as últimas consequências para mudar a forma como a sociedade enxerga a homossexualidade - mesmo que para isso tenha que lutar contra cada homofóbico que apareça pelo caminho. 1° Lugar no concur...