29. Salto de fé

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"Estamos ao vivo com imagens do centro de São Paulo, onde um homem de uniforme preto e máscara de justiceiro acaba de derrubar dois policiais que tentavam apaziguar a situação em meio a essa onda de protestos – a repórter continuou a explicar o caso enquanto a câmera acompanhava a multidão de pessoas que se aglomerava na praça. A polícia atirava balas de borracha e uma fumaça branca percorria o mar de gente, que se dispersava. – Temos imagens do suspeito, no alto de um dos prédios, e ao que tudo indica, ele está cercado pelos militares. Iremos acompanhar a prisão e torcer para que ninguém se machuque nesse... MEU DEUS! Meu Deus, ele vai pular! – a câmera ameaçou sair do enquadramento, mas o cinegrafista provavelmente recebeu ordens para continuar a focar. – É impressionante! – gritou a repórter – Ele pulou e acaba de entrar no prédio vizinho, pela janela! É a primeira vez que vejo algo desse tipo. Vocês não fazem ideia da altura..."

            — Por favor, desligue isso – pedi, ainda segurando o saco de gelo no meu ombro

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— Por favor, desligue isso – pedi, ainda segurando o saco de gelo no meu ombro.

Yuri não obedeceu. Avançou a filmagem até o momento em que bombas de efeito moral assustaram o cinegrafista e enfim a câmera perdeu o justiceiro de vista.

— Vai me explicar isso ou não? – Gritou.

— Tente se acalmar. Venha cá...

— Me solta! Não acredito que fez isso! Nós éramos um time e mesmo assim resolveu agir pelas minhas costas, mentiu quando disse que machucou o braço em um acidente de carro e me fez de otário!

— Yuri...

— É a porra da roupa que fiz para você! – ele explodiu. – Não é apenas a máscara, mas a roupa e os assessórios que você nunca usou e que agia como se fosse uma bobagem ter feito comprado. Esperava que ao menos me dissesse algo e não se escondesse de mim.

As desculpas estavam entaladas na minha garganta. Não fui leal a ele quando segui para os protestos sozinho, mas como poderia imaginar o que aconteceria?

Um confronto direto com os militares estava longe dos meus planos e agora toda a atenção estava no homem que pulou de um prédio para se salvar. Se havia dúvidas de que eu era o verdadeiro justiceiro quando cheguei, agora não mais. Yuri, então, assim que viu o primeiro minuto da perseguição reconheceu a roupa e meu jeito de lutar.

— Desculpe – pedi, com a mão sobre o rosto. – Não sei o que passou pela minha cabeça, mas precisei sair daqui.

— Você é impulsivo, sempre faz o que quer e pouco importa os outros. Judith te deu um pé na bunda e resolve sair para se matar.

— Não fale assim comigo, garoto.

— Não! Tem que parar de mandar em mim. Não sou uma criança e muito menos seu filho, então pare de me dar ordens e pare de tentar controlar o que falo.

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