Capítulo 5

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Hill

Nuvens cinzentas se formam cada vez mais no céu, deixando para trás a bela tarde ensolarada que estava. Entre as árvores da para sentir um odor horrendo, que invade minhas narinas, é como se algo ali já tivesse morrido a muito tempo.

A  medida que o vento sopra, da para sentir o frio que está prestes à chegar.

O homem grita com sua voz trémula, me fazendo despertar de meus pensamentos.

— Você não vai falar onde está? — 054 altera sua voz.

— Mate-me se quiser, já disse que não sei de nada. — O homem diz com um olhar cortante.

— Encontrou forças, acho que não te bati o suficiente. — 054 sorri e bate no homem com um chicote cinza com cristais alaranjados.

Em poucos segundos já não havia mais pele. Suas costas eram apenas carne inchada, queimada e com muito sangue. Continuar a olhar aquilo foi um sacrifício, um tormento, um grande nojo.

— Pare de atormentá-lo e acabe logo com isso. Você não vê que esse inútil não serve para nada. — Diz 81.

— Cale a boca, você está me desconcentrando. — 054 vira-se em direção a 81 e lança um olhar mortal.

81 ignora totalmente. O homem se solta e o atinge com uma luz verde, seus olhos começam a sangrar assim como todo o seu corpo. Cortes aparecem do nada, após um tempo seu corpo começou a evaporar lentamente como se fosse um tipo de brasa ou papel queimado. O homem se levanta e o encara.

— Quando for matar alguém, mate, não brinque.

E o vento levou tudo o que sobrou do que era para ser um corpo.

O mesmo continuou vindo em minha direção e eu não sabia se corria, chorava, gritava ou atacava. Fiquei paralisada, mas, não por medo e sim por não saber o que de fato tenho que fazer.

Deixando três passos de distância entre nós, ele concertou sua postura e nos encarou com um sorriso irônico.

Pude notar que ele é um adolescente e aparenta ter a mesma idade que o 081, seus olhos possuem um azul-escuro e sua pele é negra.

O mesmo desfruta de uma beleza interessante, embora seus olhos aparentam ter muito o que esconder.

— O inútil aqui se chama Liam... Liam Thompson e vocês, tem nome ou são número?

Em silêncio, nenhum de nós respondeu o tal Liam.

— Bem. — Ele quebra o silêncio. — Agora que o amigo de vocês não está mais entre nós. O que faço para ficar no lugar que era dele? — Liam vai direto ao assunto.

{...}

Fomos para o acampamento junto com o Liam e após falar com o chefe ele concordou em manter o Liam por perto, já que ele é mais útil que o 054, foi o que ele quis dizer.

— Me chamo Carter Milchell e essa é a Crystal Hill. — Ele a ponta para mim. — Como você matou o imbecil do Marcelo, pode ficar no lugar dele.

— Isso é ótimo, não queria matar vocês. — Liam diz.

— Nos matar. — Carter solta um sorriso sarcástico. — Você não conseguiria encostar em mim e a Crystal é mais forte do que imagina. — Ele me encara.

— Hum... Então porquê vocês são chamados por números?

O Carter foca sua atenção no notebook.

- Crystal você é melhor na teoria que eu. — Ele diz sem tirar os olhos do notebook.

— Bem os números são uma maneira mais fácil de  nos comunicarmos e chamar pelo outro. O número mais alto não quer dizer que você é o melhor e o baixo não significa que é o pior. Cada grupo tem no máximo quatro integrantes, não importa se são amigos, inimigos e familiares. São separados pelas áreas que mais dominam fazendo-os ter um equilíbrio e sobreviver a qualquer custo. — Faço uma pausa para beber água. — Se sua escolha é ser o melhor e não deixar ninguém mandar e opinar em sua decisão acabará como o Marcelo.

— Um imbecil idiota?

— Sorri. — Morto, rebaixado ou expulso. Você pode falar tudo isso do Marcelo e ainda acrescentar que ele sempre quis ser melhor que o Carter mas, seus movimentos em luta corporal e tecnologia eram mais que excelentes. Vários inúteis iriam querer ter algumas de suas poucas habilidades.

— Por que ele não me matou?

— É uma ótima pergunta, infelizmente não tenho a resposta.

— Entendo se o Carter é número 81 e o Marcelo era 054, você é?

— Meu número é o 10. — Digo olhando para ele.

— M-Mas você não se moveu quando eu me aproximei.

— As aparências engana, Hill é mais do que um rostinho bonito, Liam. E por falar em números o seu é 60. Grave, essa será sua identificação perante o chefe.

— Certo 81.

Me levanto e vou para perto do Carter, onde está o mapa e algumas anotações básicas.

— Espera... — Nós nos entreolhamos e encaramos o Liam.

— Diga. — Carter me entrega um pequeno caderno ao falar.

— Cada equipe tem quantos membros?

— Depende do potencial de cada e da missão que irão fazer.

— Quantos vocês são agora sem contar comigo e o Marcelo.

— Seríamos seis ao todo, sem você quatro. — Olho para o pequeno caderno em minhas mãos.

— E onde estão as outras pessoas?

— Em uma missão. — Digo abrindo o caderno.

— Como assim Crystal? Vocês já não estão em uma também?

— É simples a nossa missão é em conjunto, mas temos que descobrir tudo o que precisamos saber e um jeito disso é nos separarmos para ser mais rápido.

— E quem são? — Ele pergunta curioso.

— Na hora certa você vai saber, meu caro. Só saiba que o chefe não aceita nada que não seja a perfeição. —Carter diz friamente.

- Sendo assim só posso dizer uma coisa meus amigos.

— O quê? — Pergunto parando a leitura.

— Bem-vindos ao outro mundo!

Carter e eu nós olhamos e sorrimos ao olhar para o Liam.

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