Capítulo 30

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Kimberly

Memórias... dizem que é importante tê-las para lembrarmos de vários acontecimentos importantes. Acho que agora entendi o porquê.

Meu cérebro está brincando comigo, quer me enlouquecer, só pode. Me levando para momentos que mal me recordava, que nem sabia que um dia já tinha vivido.

Mamãe, por que o papai dá mais atenção a Blondie e a Kimberly do que para mim.

Hadley querida, seu pai ama a todas de maneira igual.

Não parece, a Kim nem quer brincar comigo. Eu sou a esquecida. Hadley diz triste.

Ouvi toda a conversa escondida atrás da porta. Me senti mal por ter parado de brincar com ela.

Elas se afastaram por causa da minha doença, mamãe? Vou morrer? É contagioso?

De onde tira esses pensamentos? Você não vai morrer e elas não se afastaram. Logo vão te chamar para brincar.

Promete, mamãe? — Hadley senta no cólo de nossa mãe.

Prometo que vou te amar para sempre, até meu coração parar de bater. Mas se possível até assim vou amar você e sua irmãs. — Mamãe sorri.

Hadley a fita com seus pequenos olhos desconfiados e cansados. O típico olhar de medos e incertezas. 

Achei você. — Grito animada e sorridente.

O que foi? Hadley me fita curiosa.

Quer brincar comigo? Te deixo escolher. — Volto a sorrir.

Por quê?

Porque te amo, muito. E não quero me afastar da minha irmãzinha, minha copia mais fiel. — Rimos.

Posso, mãe?

Não precisava perguntar, Hadley querida. Divirtam-se meus amores. — Mamãe sorri.

E no fim daquela linda tarde fresca de outono, minha irmã morreu. O caixão ficou fechado ninguém viu seu rosto. Papai, mamãe e minha segunda mãe passaram dias convencendo Blondie e eu que foi melhor assim. 

Aos cinco anos de idade, conheci o preço da saudade. A dor de perder alguém que amamos. 

Por que me esqueci disso? Apagaram as minhas memórias?

Espera um segundo... Essas lembranças que nunca soube que existiam, lembranças de um tempo que nunca mais irá voltar. Será que significa algo?

Por que você é assim, Kim?

Assim como?  

Sempre é a âncora de alguém, mas ninguém nunca é a sua.

Cada um faz sua parte, essa é a minha. — Sorriu.

Me deixe ser sua âncora minha querida.

Carter. Não posso... — Olho para baixo.

Por quê? — Ele me faz encará-lo assim que toca meu queixo.

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